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Um baiano de 11 anos, morador da cidade de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, terá uma ilustração feita por ele publicada na versão brasileira do livro infantil "O Ickabog", da escritora J.K Rowling, autora da saga Harry Potter.
Luiz Guilherme Crusoé contou ao G1, nesta quinta-feira (24), que está muito feliz e ansioso para o lançamento da obra, previsto para 10 de novembro.
“Muito feliz, porque é algo muito grande. Eu estou muito feliz. Espero começar a carreira de artista. Por enquanto, penso em fazer faculdade de artes e continuar fazendo meus desenhos. Estou muito ansioso para que saia o livro", contou.
A conquista ocorreu após um concurso da editora que publicará a obra no Brasil ser aberto, para escolher ilustrações para compor a obra. A família do menino ficou sabendo da seleção, quando o irmão de Luiz, Leonardo Crusoé, que é estudante de Direção Teatral da Universidade Federal da Bahia (Ufba), procurava por editoras para publicar o primeiro livro.
“Guilherme é meu confidente. Apesar da diferença de idade, ele é meu melhor amigo. Durante todo processo de escrita, eu compartilhei com ele. Quando estava pronto, eu comecei a buscar por editora, então achei o concurso e mostrei a ele, chamei para ele dá uma olhada. No edital, vi que criança de até 12 anos pode participar. Eu pensei: 'Ele tem 11 anos, desenha, vamos participar'. E ele topou"', disse Leonardo.
Em seguida, ainda de acordo com o estudante, o irmão caçula começou a ler a obra, para entender sobre o que se tratava e ter inspiração para a produção das ilustrações.
“O concurso disponibilizou o livro na internet para quem fosse participar do concurso. A medida que o capítulo saía, era traduzido e disponibilizado para as crianças inscritas no concurso. São cerca 66 capítulos", disse.
“Funciona por grupo. A cada grupo, que era composto por capítulos da obra, eles sugeriam coisas. 'Ah, pode desenhar um jardim de flores'. A criança ficava livre para desenhar sobre aquele grupo ou não. Ao todo, cada criança poderia enviar até 34 ilustrações, porque foram 34 grupos", completou Leonardo.
No total, o garoto baiano enviou 12 ilustrações, no mês de julho. O desenho selecionado não pode ser divulgado, segundo a família, por questões contratuais do concurso.
O resultado saiu um mês depois. No entanto, a família foi pega de surpresa, pois esperava que a lista dos selecionados fosse divulgada por e-mail, mas acabou saindo no site da editora.
“Ele foi publicado no site da editora no dia 31 de agosto. A gente só viu depois. A gente estava esperando por e-mail. A gente não se atentou ao site da editora. Até que, por curiosidade, olhei no site e vi o resultado. Foi uma alegria. Inclusive, uma vizinha comentou depois que viu a gente comemorando e ela pensou que era uma coisa boa. A gente não comentou nas redes sociais, incialmente. Quando divulgamos, ela entendeu sobre o que se tratava a comemoração", afirmou Leonardo.
Empolgado com a seleção, o menino Luiz Guilherme diz que a expectativa é que a participação no livro ajuda ainda mais na conquista profissional.
“Eu acho que ter a participação nesse livro vai me ajudar muito, porque eu posso ter mais reconhecimento. Dá mais reconhecimento. Agora, eu sei que realmente posso. Isso vai me ajudar muito", falou.
Segundo a editora, o livro, publicado inicialmente em forma de capítulos em vários idiomas, foi escrito há mais de dez anos por JK Rowling, como uma história de ninar para seus filhos mais novos. Em junho desse ano, no entanto, ela decidiu compartilhar a história, favorita da sua família, para ajudar a entreter crianças, pais e responsáveis durante o isolamento social provocado pelo novo coronavírus.
A partir disso, foi feito o convite para que crianças de várias partes do mundo compartilhasse os desenhos criados a partir da história. Segundo Leonardo, o Brasil foi o único país da América do Sul a participar do concurso.
No total, foram 34 ilustrações escolhidas. Das 12 enviadas, Luiz Guilherme teve uma selecionada.
A família contou que os vencedores ganharão um exemplar de "O Ickabog" autografado por J.K. Rowling. Além de 20 títulos selecionados pela Editora Rocco, e mais 20 títulos para doar para uma escola ou biblioteca.
Foto: Arquivo Pessoal
Relação com o desenho
Segundo Leonardo, o irmão tomou gosto pelo desenho a partir de 2017, quando fez o primeiro, usando um pedaço de madeira que foi descartado. O garoto está no sexto ano.
“Ele começou fazendo o desenho de um cachorro em um pedaço de madeira, em 2017. Minha mãe tinha comprado um móvel, veio com um pedação de madeira extra, e foi jogado fora após a montagem do móvel, mas ele foi buscar madeira para desenhar. Minha mãe percebeu que ele era bom e a gente começou a pesquisar. Minha mãe inscreveu ele em um curso, que ele fez no ano passado, mas esse ano não deu por causa da pandemia", contou.
O garoto conta que ele se sente bem e como se não tivesse nada a sua volta quando desenha.
"As vezes a aula tá chata, e eu começo a desenhar. Quando eu desenho, eu me sinto em uma sala branca, como se nada tivesse na minha volta, sou eu e o desenho. É bem relaxante. Principalmente, desenho de aquarelas", disse.
Ele disse ao G1 também que, durante o isolamento social, ele em aproveitado para se dedicar mais às artes.
“A pandemia tem contribuído porque acabei vendo séries, vendo coisas de época, e acabou até interferindo no meu estilo. Antes, eu desenhava só mulheres. Hoje, eu já desenho mais homens, céu, paisagem. Tudo entra. Série, sonhos. Tudo vai virando uma mistura dentro do caldeirão da cabeça", finalizou.
Fonte: G1 Bahia