Saúde

Transplantes renais tiveram aumento de 300% no HDPA em agosto

Foram realizados 14 transplantes, sendo que a média mensal é de 5.

Rachel Pinto

Referência na área de transplante renal, o Hospital Dom Pedro de Alcântara (HDPA), Santa Casa de Misericórdia, teve queda no número de cirurgias, no início da pandemia. Mas, no mês de agosto houve um aumento de quase 300%. Foram realizados 14 transplantes, sendo que a média mensal é de 5.

O médico urologista e cirurgião, Rodrigo Serapião explicou sobre esse comportamento e disse que ele se deu a partir de causas multifatoriais. De acordo com ele, alguns desses fatores são o aumento da oferta de leitos de UTI que aconteceu com a pandemia da covid-19, mais pacientes foram diagnosticados com morte cerebral e houve mais pacientes para a doação de órgãos.

O médico frisou ainda que os transplantes aumentaram porque o número de negativas familiares diminuiu bastante e que em nenhum momento da pandemia o serviço de transplante da Santa Casa esteve fechado. Todos os cuidados foram tomados, de forma a oferecer o máximo de segurança aos pacientes.

Foto: Divulgação/HDPA

“No início da pandemia nós tivemos uma queda brutal no número de doações de órgãos, mesmo porque não se entendia corretamente a doença, não se tinha claramente qual era o risco que nós poderíamos estar levando ao paciente que por ventura viesse a receber órgãos e quando isso não estava muito estabelecido, o normal era que realmente se freasse esse processo de doação para que a gente pudesse entender isso de maneira adequada para depois iniciar. Isso caiu em torno de 80% o número de doação de órgãos no estado e no Brasil como um todo, inclusive a nível internacional foi uma queda brutal. Já no mês de agosto, tivemos um aumento que se deu por vários fatores”, comentou.

Rodrigo Serapião informou que a Santa Casa de Misericórdia em agosto de 2015 reiniciou as suas atividades de transplante renal e desde então, mais de 250 transplantes já foram realizados, com o aumento anual de mais de 30% por ano.

“Nós aumentamos o nosso número, e é claro que isso tende a uma estabilidade porque nós estamos chegando perto da nossa capacidade. Mas, são números bem robustos, o que nos coloca em uma situação de protagonismo. Hoje nós somos o segundo hospital do estado em número de transplantas e que a gente cresça para ser os primeiros. Isso é uma competição saudável e só quem tem a ganhar com isso é a população”, observou.

O médico destacou que a escassez de órgãos e o fato de mais de 800 pessoas aguardarem na fila de transplantes da Bahia, não é um problema apenas do estado, na opinião dele, este é um problema mundial e o que existia na Bahia era uma dificuldade muito grande de inscrever pacientes em lista porque, segundo ele, a inscrição era uma coisa que andava na de forma muito lenta.

“Porque nós não tínhamos serviços potentes que davam essa alternativa ao paciente, de transplante renal e as pessoas ficavam fazendo apenas hemodiálise e não tinham a alternativa de fazer transplante renal. O número de transplantes renais da Bahia era muito baixo, o que nos colocava em uma situação bastante desconfortável em relação ao resto Brasil e com essa mudança nos últimos cinco anos, realmente a Bahia hoje apresenta uma crescente importante e como é um estado muito populoso, com certeza os números da Bahia vão impactar nos números nacionais e isso é muito gratificante para todo o serviço”, salientou.

O urologista e cirurgião informou que quando uma pessoa perde a capacidade da função renal, deve ser colocada em uma terapia de substituição e há, três alternativas para essa realidade: a hemodiálise, a diálise peritoneal e o transplante renal. Ele ressaltou que dentre essas três opções, o transplante renal permite que a pessoa consiga uma vida muito parecida com uma vida de um paciente que tem uma doença crônica, que toma as suas medicações em horários pré-estabelecidos e que faz seus acompanhamentos ambulatoriais de maneira bem regrada. Esses pacientes conseguem voltar a rotina de trabalho, conseguem fazer viagens, conseguem desfrutar o tempo com suas famílias, ter com bastante clareza uma vida muito parecida com a normalidade.

“O tempo que esse rim vai durar no ser humano depende não só na compatibilidade que nós buscamos quando fazemos os exames pré- operatórios, como também depende da adesão ao tratamento, um paciente que cuida, que cuida do transplante, terá uma vida plena, tranquila e com certeza esse rim vai durar muitos anos. O transplante renal é a melhor opção para que está precisando de uma terapia de substituição desses órgãos”, concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.
 

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