Orisa Gomes
Empresário muito bem sucedido em Feira de Santana, atualmente com dois restaurantes no Boulevard Shopping e experiência de gestão na Ambev, Carlos Medeiros é o pré-candidato a prefeito municipal pelo partido Novo. Em entrevista ao Acorda Cidade, ele explicou por que resolveu se arriscar na política, expôs ideias defendidas pela sigla e criticou os “velho modelo” de administração.
Entre os pontos destacados por Medeiros como propostas diferenciais no Novo estão a dispensa do uso de verba partidária; eleição sem coligação; e ambiente de renovação e rejeição ao toma lá dá cá. Por razões como essas, o empresário diz que está apaixonado pelo projeto do partido. Leia na íntegra:
Acorda Cidade – O que é que faz um empresário bem sucedido como o senhor sair do segmento para política partidária?
Carlos Medeiros – Realmente foi uma mudança muito grande na minha vida, eu nunca imaginei participar de um mundo político. Quando eu olhava a questão partidária, sempre foi um ambiente para mim um pouco sombrio, eu sou executivo há muitos anos da iniciativa privada e a questão de princípios e valores para mim permeiam o meu dia a dia, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional. Coincidentemente na busca de um candidato na última eleição, eu conheci esse projeto do partido Novo e conheci as pessoas aqui de Feira de Santana que fazem parte disso e são assim como eu, professores, funcionários públicos, motoristas de aplicativo, empresários, profissionais liberais. Aos poucos, fui participando desse projeto e vendo uma nova mentalidade de fazer política, uma renovação crescente, comecei a gostar do projeto, que não é de poder individual, mas realmente coletivo.
É uma nova política, uma nova forma de pensar o estado e, aos poucos, com o crescimento do partido que eu ajudei a formar, na intenção de ter um bom candidato e eu apoiar esse candidato, chegou em um momento do processo seletivo que o partido tem e é tão rigoroso quanto o processo das grandes empresas que eu participei, tínhamos pouquíssimos candidatos para concorrer a esse pleito, com situação financeira, eu diria assim… em um patamar de tranquilidade, que pudesse abdicar temporariamente dos seus negócios, para poder se dedicar a esse projeto social. Aqui para a gente, o projeto político é um projeto social de servir a população e não de ser servido. E acabou que dentro das poucas opções. Eu não queria que esse projeto morresse, porque ele já é sucesso em vários lugares, como no governo de Minas Gerais, que você teve inclusive a oportunidade de conversar com o governador Romeu Zema por telefone, na entrevista, e Feira de Santana merecia e merece ter essa opção. Dentro desse grupo, eu acabei participando. Na Bahia, foram 19 pessoas que participaram, durante 4 meses do processo, e eu fui o único aprovado e estou agora apaixonado por esse projeto. Foi uma mudança realmente total na forma de se fazer política no que se tem atualmente em Feira de Santana e na grande maioria das cidades do Brasil.
AC – O senhor foi executivo da Ambev, não é?
CM – Exatamente. E entrei na época da Brahma, era uma empresa que estava em um projeto totalmente ousado, tão ousado quanto esse projeto que eu estou atualmente, na política. Lá, eu ajudei a construir o que hoje é a Ambev, uma das maiores empresas do mundo, a maior na área de bebidas e uma das maiores empresas no que diz respeito à gestão.
AC – Quais são as propostas do partido Novo que empolgou o senhor?
CM – O grande diferencial que temos. Nós queremos, eu sou uma pessoa que tive uma origem muito simples, então comecei de baixo, muitas vezes vendendo almoço para comprar o jantar e a grande diferença, a minha vontade de vencer era muito grande. Com muito sacrifício, principalmente de minha avó, eu consegui ter oportunidade de vencer e realizar meus sonhos, e quando eu vejo o partido Novo o nosso grande propósito, que é dá para as pessoas igualdade de oportunidade para que elas possam realmente desenvolver tudo aquilo que desejam. Esse é o papel do estado, prover as pessoas de educação, segurança e infraestrutura básica para que a medida do seu trabalho e do seu esforço se desenvolva. O grande propósito do Partido Novo é esse.
Como me apaixonei por isso, já que vários partidos, se você for olhar na sua filosofia mental, prega algo muito parecido, mas na forma de fazer, o modelo para fazer, eu acredito que os partidos que hoje estão aí, eles não tenham condições, porque já estão no círculo vicioso. Para se manter ou entrar no poder, sempre vai ser essa política do toma lá, da cá, de manter o estado de maneira totalmente inchada e você não tem recurso para investir em busca desse propósito. Você criou um ciclo vicioso tão grande na política dessa forma, esse programa está tão aberto e escancarado, que há pouco tempo mesmo teve uma reportagem de gente reclamando de manter emprego dentro da prefeitura. Então esse ciclo só vai poder ser quebrado, quando vier pessoas de bem, pessoas de fora, desse meio que vai ter a verdadeira autenticidade de propor e executar isso, porque toda vez que você chega próximo ao pleito eleitoral, aparecem 500 pessoas querendo mudar.
Ouço falar em mudança na política há muitos anos, mas a população agora está muito melhor provida de informação através da internet, das redes sociais e nós temos um ambiente na política que permita pessoas novas, novos ideais que possam vir e quebrar esse ciclo. Esse é o diferencial. O Partido Novo me deu a possibilidade, como está dando a muita gente, que nunca foi da política, como foi o nosso caso, não temos uma pessoa da política tradicional no nosso partido em Feira de Santana a vim participar desse projeto. Existe um novo ambiente de renovação.
AC – Como o senhor vai enfrentar o toma lá, dá cá e as estruturas já montadas?
CM – Esse é o nosso grande desafio. Vou dar um exemplo do nosso cabo eleitoral, o governador Romeu Zema, que tem uma situação de governo, na campanha, aliás, muito parecida com a minha. Uma pessoa que vem da área privada, com uma mensalidade de gestão total, que saiu de 0% e ganhou a eleição de Minas Gerais. Como a gente enfrenta isso? Na hora que você pega um grupo político que está no poder há mais de 20 anos, existe uma briga por outro grupo político para entrar, sempre uma polarização. Esse outro grupo político entra, com as mesmas práticas, não tem nenhuma autenticidade o que ele fala, porque vai praticar as mesmas coisas, os mesmos ciclos. Agora, quando entra e como foi em Minas Gerais, uma terceira via, um candidato que toma decisões com base em fatos e dados, onde a decisão é estar sempre buscando qual a melhor opção para o cidadão, não é o melhor para o meu grupo político ou para mim, você começa a acostumar as pessoas de bem.
Existem pessoas de bem na política, não somos os donos da virtude, muito pelo contrário, a gente quer elevar o nível das pessoas e na hora que você entra com esse pensamento, tem essa autenticidade, porque você não é de nenhum grupo político. Para ganhar a eleição de Minas Gerais não teve coligação, e é como vamos fazer em Feira de Santana. Só há uma forma de você prover a mudança, é chegar lá sem amarras. Por isso que o nosso projeto é realmente ousado e é difícil. Você fazer as coligações para chegar no poder simplesmente por chegar, pela troca de tempo eleitoral, você começa a comprar as alianças, você nunca vai conseguir mudar nada.
Esse é o grande diferencial de como fazer isso acontecer. O governador de Minas Gerais está sofrendo? Claro que está. Bastante! Não tenha dúvida. Você tem uma mudança de mentalidade total, mas as pessoas hoje tem um grande respeito pelo governador de Minas, vem tendo resultados sensacionais, mesmo no momento de crise, porque estamos abertos a conversar com todo mundo. Vamos construir no governo as pontes para continuar evoluindo. Agora, os termos de negociação são totalmente diferentes. Não vamos negociar cargos, a divisão de poder dentro do governo, vamos discutir projeto e ideais que resolvam o problema da população. Quem for contra determinado projeto, seja do partido ou grupo político “a”, “b” ou “c”, ele vai ter que dizer para a sociedade o porque ele é contra e o que ele tem de melhor. Se ele tiver um projeto melhor do que o Executivo, vamos lá implantar o projeto que ele tem melhor. Não temos que ter a vaidade de ser o pai da criança. Eu não tenho nenhum problema, nunca tive, de implementar na minha empresa, na minha vida pessoal, ideias de outras pessoas que eram melhores que as minhas, muito pelo contrário. Não existe o salvador da pátria, que conhece de tudo. A grande virtude de um líder é trabalhar com gente melhor do que ele e é isso que estamos montando para Feira de Santana. Não é um salvador da pátria, mas é um projeto sério, com competência profissional, com gente muito boa para entregar à Feira de Santana aquilo que ela merece que é o respeito pelo nosso cidadão.
AC – O senhor acredita que a sua experiência em gestão privada pode ser implantada na administração pública, com todas as amarras que existem?
CM – Eu não tenho a menor dúvida. Essa é uma pergunta que eu tenho respondido com bastante frequência. Qual é a diferença da gestão pública para a gestão privada? Eu te digo sem nenhum medo: a grande diferença são as pessoas que estão tocando esse processo. Gestão tem uma metodologia e essa metodologia é aplicada, tanto na iniciativa privada, quando na iniciativa pública. Temos várias coisas na iniciativa privada que eram da pública. Esse trabalho de gestão, as grandes empresas trabalham o tempo todo com grandes universidades, para fazer um excelente trabalho de gestão.
A segunda coisa, que é mais importante que a primeira, não é a metodologia só, a metodologia vai te dar um norte, mas as pessoas que estão por trás disso, executando, acreditando, capacitando, liderando esse processo é que é o mais difícil e isso é que é a minha expertise. Estar com pessoas, lidar com pessoas, capacitar um bom time é o que vai fazer acontecer. Estava conversando com uma pessoa de dentro da prefeitura, mas nós temos em algumas áreas, sistemas que são muito bons, mas não são utilizados da maneira que deveria, porque as pessoas não acreditam naquela gestão ou não querem dar a transparência que o sistema necessita. Então, não tem nenhum problema, nenhuma grande diferença. Fora isso, lógico, você tem os trâmites do poder público que são diferentes. Mas, para isso, eu venho me preparando há bastante tempo, inclusive eu formei tem pouco tempo no Renova BR, que é a maior escola de política que tem hoje no Brasil, um curso excelente. Estou me capacitando e te garanto que essa não vai ser a nossa dificuldade. Não tem aquela experiência que, às vezes, as pessoas falam: “Mas Carlos, como você não tem essa experiência política e vai chegar lá e vai fazer?” Eu digo: “A experiência política que está aí é da politicagem, do toma lá, dá cá, do dividir o governo, para trazer as pessoas e cada um mandar em alguma coisa. Essa eu conheço, mas não quero me aprofundar e nem aprender, porque isso nos trouxe até aqui. O que vai nos tirar daqui é uma capacidade de gestão séria, focada em servir a população dentro daquilo que é o principal, que é o básico.
AC – O Partido Novo tem um bom tempo de rádio e televisão?
CM – Eu não tenho ainda o tempo. Vai ter alguma alteração, acho que o TSE ainda não liberou 100%. Temos tempo de televisão, nosso partido atingiu a cláusula de barreira, estamos com um crescimento sensacional no país como todo. A nossa expectativa é grande para essas eleições. Vamos ter. O João Amoedo na eleição presidencial não teve, o Romeu Zema não teve lá em Minas Gerais e chegou a ganhar a eleição, como todos os nossos deputados, que são pessoas que em sua grande maioria estão em primeiro mandato, talvez no mundo político, e a gente sabe que esse é o ponto que é importante, mas mais importante do que simplesmente ter um tempo na TV.
É isso que você está fazendo, que eu parabenizo, dar a oportunidade para a gente estar falando, mostrando e os debates que vão acontecer. Porque nos debates, vai ficar claro, quem realmente tem um propósito, um projeto diferente para a cidade e que realmente é uma renovação e uma mudança. Os debates vão ser muito importantes, para que a população conheça os candidatos. Tenho rodado a cidade mais, sempre gostei disso na Ambev. Tem dia do dono de grandes redes de supermercados até o seu Zé do açougue ali. Então, para mim sempre foi um prazer lidar com pessoas de todo o tipo e natureza, sem problema nenhum.
Tenho ido nos bairros de Feira de Santana e é uma situação lamentável, uma grande maioria dos bairros mais afastados e você chega lá, a pessoa está morando num barracão, na lama, pisa na lama, não tem esgotamento sanitário, é a céu aberto, a água e a luz, é gato. Está dependendo de uma cesta básica para se alimentar, mas tem um smartphone, um pacote de internet, tem o pré-pago que dá direito a internet e as pessoas são informadas. Esse mundo digital, essa grande mudança está trazendo para a política, pessoas como a gente, do Partido Novo, que hoje é possível você fazer política fora dos trâmites tradicionais, sem ter dinheiro público. O Partido Novo não usa dinheiro público. Acabamos de devolver R$ 36 milhões do Fundão Eleitoral, que é uma grande vitória e os partidos são uma vergonha. Não consigo imaginar como um político decente vai pedir voto num lugar como esse que eu fui e vai lá, gastando a gasolina paga pelo dinheiro público. O Santinho quem pagou foi o dinheiro público, o advogado que ele usa, alimentação dele e aquela quantidade de assessores que ele leva, quem pagou foi o dinheiro público. A pessoa que ele vai pedir o voto, muitas vezes não tem um botijão de gás para fazer a comida. Acho que é esse tipo de coisa que a gente não pode achar normal. As pessoas acham isso normal e não devemos achar. Isso é fora da normalidade e a gente precisa lutar e brigar para mudarmos isso.
Colaboraram os estudantes de jornalismo Gabriel Gonçalves e Maylla Nunes.