Eleições 2020

'O coração nunca teve dúvidas, mas tinha que pensar também pela cabeça', diz José Ronaldo sobre apoio a Colbert

O democrata também foi questionado sobre arrependimento em relação ao BRT e se houve erro na concepção do Shopping Popular.

Orisa Gomes

Depois de muito tempo em silêncio, o ex-prefeito José Ronaldo (DEM) declarou publicamente apoio ao prefeito Colbert Martins, nas eleições 2020. O anúncio aconteceu durante uma live na noite da última sexta-feira e, nesta segunda (17), ele voltou a falar sobre o assunto em entrevista ao programa Acorda Cidade.

O ex-prefeito disse por que demorou tanto para anunciar o apoio, se em algum momento teve dúvida, revela que fez pesquisas eleitorais, os nomes cotados para vice, também avalia a causa da perda de apoios importantes como o de Carlos Geilson, Targino Machado e Roberto Tourinho e diz esperar por uma campanha de alto nível.

No arremate da conversa, o democrata também foi questionado sobre arrependimento em relação ao BRT e se houve erro na concepção do Shopping Popular.

Ele começa a entrevista falando sobre a rotina na pandemia e diz que saiu de casa poucas vezes nos últimos cinco meses. Leia na íntegra:

Acorda Cidade – O senhor está em confinamento?

José Ronaldo – Estou em casa. Não diria que fiquei 100%. Saí um pouco. Nesse período de março, abril, maio eu não saí para lugar nenhum, no mês de junho eu saí umas duas vezes para casa do meu filho, que foi aniversário dele e, no mês de julho, eu também saí algumas vezes para casa dele. Na casa dele tem uma área muito aberta, então os meninos ficavam dentro da casa, eu e Ivanete (esposa) ficávamos distantes, a três ou quatro metros, e eles lá no cantinho deles, respeitando as distâncias, usando máscara… A gente se via, trocava ideia, assistia ao futebol e ficava um tempinho e, na mesma hora, voltava para casa. Fora desse lugar, eu saí uma vez para ir à fazenda de um amigo e as pessoas estavam nesse local em isolamento há muito tempo, sem sair de lá. E só. O restante foi dentro de casa, a mente ocupada falando sempre ao telefone, vendo mensagens no WhatsApp e preenchendo o tempo sempre nessa natureza. O WhatsApp ajuda muito a fazer uma coisa e outra. Li uns dois livros e voltei a fazer uma coisa que me fazia muita falta, que é fazer exercícios, então estou fazendo uma hora de exercícios. Recomecei fazendo 20 minutos, aumentei para 30, 40, 50 e agora já estou em 60 minutos. Foi algo positivo voltar a fazer exercícios, porque deixa a gente mais ativo, bem mais centrado para poder pensar e raciocinar.

AC – Porque o Senhor demorou para anunciar o apoio a Colbert Martins?

JR – Veja bem, eu era prefeito, renunciei ao mandato para me candidatar a governador, eu tinha sonhos para Feira de Santana que, como prefeito, não foi possível realizá-los. A Prefeitura de Feira tem um hospital que em 2001 tinha 65 leitos, hoje tem 130, incluindo 8 leitos de UTI neonatal, que é no Hospital da Mulher. Então, esse hospital cresceu muito e hoje em número de partos é o maior da Bahia. Segundo dados do Ministério da Saúde foi onde se faz mais parto na Bahia no último ano. Mas não tinha o hospital geral, todo mundo reclamava por um hospital geral em Feira de Santana: eu, a imprensa, a sociedade. Era uma necessidade e o poder público municipal não tem a capacidade para fazer um hospital com 200 leitos, toda a infraestrutura e manter. Não é apenas construir, é manter em funcionamento, porque a despesa de manter um Hospital consome milhões e milhões de reais todos os meses. Anos? Nem se fala! Então, eu tinha um sonho de ver um Anel de Contorno todo duplicado, tanto que em duas oportunidades que eu tive com o ex-presidente da República, Lula (Luís Inácio Lula da Silva – PT) aqui em Feira de Santana na inauguração da Pirelli e da Nestlé, eu fiz as reivindicações que você divulgou muito aí no seu programa a respeito disso, o presidente mandou ir à Brasília, eu fui, eu pedi, fui ao DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), mas nunca foi realizado, nunca saiu do papel. Então, como governador da Bahia, eu teria condições de fazer essas coisas, era uma vontade política, onde eu teria determinação. Lá teria oportunidade de fazer essas grandes obras para Feira de Santana, dentre outras ampliações como do Centro Industrial do Subaé, que hoje é difícil uma indústria se implantar, tudo isso eu tinha na minha cabeça, esses sonhos, e fui candidato a governador. Então assumiu o vice-prefeito de Feira de Santana que é Colbert Martins.

Ele foi seguindo a administração, elaborando mais projetos e projetos é uma coisa que se faz em silêncio, no máximo se divulga uma nota. Se você divulgar no Acorda Cidade, você tem uma amplitude e se você divulgar nas outras empresas, essa amplitude vai aumentando cada vez mais. Mas sai uma nota e pronto sobre a elaboração daquele projeto. Ao elaborar aquele projeto, que se faz normalmente em silêncio, você demanda um tempo. Tem projetos que demora até um ano ou mais para ser feito, então isso tudo foi feito e, de repente, eu vi o Diário Oficial do Município, a imprensa local, o Folha do Estado publicando vários editais de licitação para grandes obras em Feira de Santana. Exemplo do Projeto Centro, que é uma obra grandiosa. O belíssimo Centro da Cidade vai ficar muito bonito. O prolongamento da Avenida Fraga Maia, que vai ligar até a Universidade, o prolongamento da Avenida Ayrton Senna, que vai interligar com Avenida Rubens Francisco, que é mais popularmente conhecida como Papagaio. Tudo isso está sendo executado. A região da Artêmia Pires, que teve Avenida Fernando Pinto, a rua Tobias Barreto, Avenida Silvio Matos e outras ações como no Corredor dos Araçás, ações que estão sendo projetadas e executadas, o equipamento de máquinas para a zona rural, que com esse sol eu tenho certeza que a zona rural está vibrando aí de máquinas entrando e trabalhando. O leilão que aconteceu em São Paulo, na sexta-feira, eu acho que contribuiu muito e foi um sucesso extraordinário para Feira de Santana, a melhor iluminação pública entre as cidades do Brasil. Então, todos esses pontos positivos eu fui fazendo reflexão e analisando, além de estar conversando com pessoas, e elas me diziam, pelo telefone, pelo WhatsApp, porque nesses últimos tempos o contato sempre foi assim, é porque Colbert é muito fechado, Colbert não é simpático, e isso é verdade, isso não é falta de verdade, quem convive com ele muito como eu convivi, quando ele era deputado, ele tinha uma maneira de conversar com os colegas, ele tratava muito bem os colegas lá na assembleia, mas como executivo a gente é outra pessoa, é outra maneira, as preocupações são maiores, agonia da administração é muito maior de você ter que buscar recursos, de ter que trabalhar, abrir um buraco na rua, as estradas ficam ruins e você fica desesperado, então você fica louco para fazer logo o que está fazendo agora nessa operação tapa-buraco na cidade, trabalhando até dia de domingo, então tudo isso você fica agoniado para fazer. Diante de tudo isso, a reflexão que foi feita e pesquisando e conversando com médicos que são amigos de Colbert, por exemplo o dr. João Batista (urologista) que é uma pessoa muito amiga, João Batista me disse uma vez algo interessante: “Olha, o problema de Colbert é que ele é muito tímido, aquilo tudo é timidez”. Eu fui olhando tudo isso e escutando, então realmente eu acho que uma pessoa amadurece na vida pública e eu vejo que nesses dois anos Colbert amadureceu e está crescendo muito, ele está ficando muito maduro, eu acho que ele está tendo um bom aprendizado e se não tivesse, não estaria fazendo tantas obras ou dando ordem de serviços para fazer aquelas obras lindas, que já foram iniciadas no Tênis Clube, a duplicação dos viadutos da Nóide Cerqueira e da Fraga Maia, e tudo isso são coisas concretas, não são promessas. Diante de tudo isso, fiz a opção de apoiar e dar meu apoio a uma pré-candidatura, na reeleição para prefeito de Feira de Santana.

Todas essas reflexões, tudo isso que eu estou fazendo… sempre gostei de fazer as coisas com pensamentos e com calma, para a gente tomar todas as decisões. Acho que as decisões não podem nem devem ser de forma precipitada, levada num rombo da emoção. Como hoje é difícil de fazer uma entrevista em forma de coletiva, que era o meu desejo, eu pensei que isso fosse melhorar, a gente teria uma entrevista coletiva, mas fizemos a live e conseguimos dialogar com milhares de pessoas, tanto pelo Facebook, tanto pelo Instagram, pelo YouTube. Aconteceu isso e eu acho que foi bom, acho que foi positivo a maneira que a gente procurou se comunicar com as pessoas e levar minha mensagem de apoio a uma pré-candidatura.

AC – Em algum momento o senhor teve dúvida sobre o nome, pesquisou outros possíveis pré-candidatos, como foi divulgado aí nos bastidores políticos?

JR – Eu acredito que não é procurar nome, é preciso ver as coisas com um pouco de profissionalismo. Você tem que fazer pesquisas e eu faço uma confissão: antes de sexta-feira eu fiz pesquisas. Eu estou dizendo isso no plural. Eu não fiz uma pesquisa, fiz três. Essas pesquisas eu recebi os resultados, analisei tudo com calma com tranquilidade, com respeito, sem muita agonia para poder fazer tudo isso, então uma coisa vai somando com a outra. O coração nunca teve dúvidas, o coração sempre diz isso, sempre desejou isso, mas você tinha que pensar também pela cabeça, ouvindo as pessoas; tem gente que é a favor e tem gente que não é, fazendo toda essa balança.

AC – A razão chegou aqui nome além do de Colbert?

JR – Não essa questão. Primeiro você tinha que decidir isso, porque é um direito legítimo. Uma pessoa que está no poder, seja presidente da República, seja governador, prefeito… um exemplo, Bolsonaro é presidente da República, ele vai querer ser candidato à reeleição? Vai. E ele deixa bem claro que vai querer ser candidato à reeleição. Se ele vai, eu não sei, mas ele deixa bem claro. Então, quando uma pessoa está no poder, ela tem o direito legalmente e politicamente de ser candidato à reeleição. Quando você tem no grupo político que participa uma pessoa com esse direito de ser candidato à reeleição, dificulta mais as coisas de outros pensamentos.

AC – O senhor já pode anunciar para o Acorda Cidade o nome do vice que vai integrar a chapa de Colbert?

JR – Eu ainda vou conversar hoje com Colbert, para ver uma maneira de se guardar a distância, já que a gente não se viu depois de sexta-feira. Ele me ligou no sábado pela manhã, ainda estava em São Paulo, uma conquista fantástica para Feira de Santana, ele me ligou para agradecer pela live, as palavras, me deu um telefonema muito gentil, muito emotivo de lá de São Paulo e esse fim de semana ele deve ter tido alguns compromissos e eu também tinha. No sábado eu dei algumas entrevistas, ontem também, eu tive algumas ocupações nesse sábado e domingo, mas eu vou ver se ainda hoje eu me encontro com ele para a gente poder trocar algumas ideias, bater um papo, sem prejudicar o trabalho dele como prefeito. Provavelmente será à noite. Todo mundo fica conversando, perguntando sobre nomes, mas claro, são nomes valorosos, importantes, mas isso precisa ter cuidado, de que maneira fazer as coisas, mas espero que estejamos juntos neste processo.

AC – Eu não gosto de especulação, mas está aí no tabuleiro os nomes de Justiniano França e Pablo Roberto.

JR – Tem mais nomes também, porque é o seguinte: Pablo não pode ser mais candidato, ele fez opção de ficar na secretaria. Veja bem, fala-se também em Fernando de Fabinho, Zé Chico e Justiniano. Dos quatro nomes que se falavam aí na mídia, tem três. Então, eu acho que são três nomes valorosos, nota 10 e vamos ver o que vai dar. O que não pode acontecer é demorar mais, deve ser decidido.

AC – Comparada as eleições passadas, o senhor perdeu apoio de Targino Machado, que foi o deputado mais votado em Feira de Santana, está perdendo o ex-deputado Carlos Geilson e do Vereador Roberto Tourinho (pré-candidatos a prefeito). O que contribuiu para o afastamento desses três do grupo do senhor?

JR – Acho que o desejo de ser candidato e um desejo legítimo que cada um tem. Se você deseja ser candidato, se busca ser candidato, as vezes não perde nada para o local, não quis, estava sem condição, então você deu seu espaço. Acho que é uma coisa simples que aconteceu: o desejo é ser candidato; atribuo a isso. São candidatos, é um desejo legítimo, partidário e é isso aí. É uma disputa eleitoral. Eu não sou candidato, eu apoio. Vamos ver se acontece uma campanha em alto nível, acima de tudo, Feira de Santana.

AC – Esqueci do deputado José de Arimatéia. Mas um passarinho me disse que você já está conversando com ele e com o deputado Tom, que também tá apresentando descontentamento com o governo. É verdade?

JR – Já conversamos com Tom. Tenho uma relação boa com Arimatéia, vereador Eli Ribeiro, o deputado federal Márcio Marinho do grupo e também presidente do Republicanos na Bahia. Eles fizeram a opção não de agora. Essa opção foi lá de março, fevereiro, de Arimatéia disputar a eleição de prefeito. Isso já vem de lá de trás esse desejo dele ser candidato. Realmente ele é candidato.

AC – A saída desse pessoal Nnão é um grande desfalque no time do senhor?

JR – Aprendi, ao longo da minha vida, o seguinte. Às vezes, eu já vi acontecer eleição, passar a eleição e, após o resultado, pessoas que eram amigas dar entrevistas cutucando a outra, dizendo que é por falta de apoio, etc. Eu nunca fiz isso. Eu disputei, se não me falho a memória, onze eleições, ganhamos nove, perdemos duas e ninguém nunca me viu perder a eleição de senador, governador e não agradecer. Eu nunca critiquei ninguém, seja liderança, quem quer que seja, por dizer que não teve apoio. Eu sempre agradeci a todos. Sempre agradeço a parte individual de cada um, o voto individual de cada um. Eu acho que a vida é isso: tem derrotas, tem vitórias, todo mundo só que a vitória, mas é difícil alguém que não tenha perdido nenhuma eleição. Nesse cenário da política mundial é muito difícil. A vida é assim: tem vitórias, tem derrotas. O cidadão tem virtudes, tem defeitos, você vai levando a vida, ela vai sendo feita. Vai acontecendo isso aí, acho que o que não está hoje, pode estar amanhã e se não está junto hoje, está amanhã ou vice-versa e você vai fazendo a vida acontecer.

AC – Então, na opinião do senhor, vida que segue. É isso?

JR – Com certeza.

AC – Para o senhor entrar no horário eleitoral do prefeito Colbert, quando oficializar a candidatura, o DEM vai ter que se coligar com o MDB. O senhor já está providenciando isso?

JR – Não. Veja bem. Para uma pessoa entrar no horário eleitoral não é preciso que ele esteja nesta posição. Você pode, por exemplo, dar uma declaração de apoio a algum candidato, seja lá quem for. Não era obrigado você ser filiado no partido político. Legalmente não precisa.

AC – O DEM vai coligar ou não?

JR – Vai.

AC – O senhor se arrependeu de fazer o BRT?

JR – Não. É o seguinte, o BRT é o quê? São obras simples de estrutura, que você faz numa cidade para poder permitir a melhoria do sistema de trânsito da cidade, do tráfego, e essas obras foram feitas. Foi feito o túnel da Avenida Maria Quitéria com a Getúlio Vargas, foi feito o túnel da João Durval com a Presidente Dutra e, inegavelmente, melhorou o trânsito naquele local. Outras obras precisam ser feitas? Com certeza. Mas isso foi feito. Foi feito a estação de transbordo da Pampalona, a estação da Ayrton Senna e está concluindo a estação de transbordo da Nóide Cerqueira e da Getúlio Vargas, aquelas estações pequenas, e da João Durval. A melhoria do piso da Getúlio Vargas, que já foi asfaltado, a melhoria do piso da João Durval Carneiro também já foi feita e foi feito um canal de drenagem em Feira de Santana de mais de 3 km, aproximadamente. Um canal de drenagem que está permitindo agora fazer o Projeto Centro, porque sem este canal de drenagem, você ia ter dificuldade de fazer o projeto. Diante desse Projeto Centro, hoje você está fazendo por ano o centro da cidade, para poder botar as manilhas, fazer a drenagem e jogar a água nesse canal. Ou seja, Feira de Santana, o seu centro da cidade, dentro de pouco tempo, não terá a mínima chance, por mais fortes que sejam as chuvas, de alagar qualquer rua no centro. Todos esses alagamentos, como ali na Marechal Deodoro, que é um local que enchia muita água, todos esses lugares vai acabar o alagamento e o fruto dessa obra que foi feita com recurso do BRT. Agora, ônibus rodar, vai rodar. E porque não rodou ainda? A estação de transbordo que tem na Ayrton Senna, o terreno especialmente previsto, quando se chegou lá no terreno, ele tinha um canal por dentro, então tinha que desviar o canal para fazer a obra dentro desse terreno. O desvio desse canal por outro local tinha um custo muito elevado, por isso se buscou outro terreno, até perto do atual. Mas, para se conseguir esse terreno, demorou muito com ações, com negociações, com levantamento de preços com a Caixa Econômica Federal, que faz avaliações. Então, tudo isso demora. Quando se fez, que está lá pronto, mas demorou. Por outro lado, demorou também a da Nóide Cerqueira mais ainda, que parou na justiça e por isso demorou um ano para sair a decisão judicial, saiu a decisão e proporcionou a decisão de fazer, uma obra bonita, que dá visibilidade ao lado do Shopping Avenida. Ou seja, dá visibilidade à avenida naquela região.

Antes de tudo isso, de todas essas questões, recebi um telefonema que eu disse que Colbert sábado pela manhã agradeceu a live, muito emocionado e ele me deu a notícia de que, logo que conclua essa estação da Nóide Cerqueira, vai circular alguns ônibus já em forma de BRT em Feira de Santana. Mesmo com essa crise da pandemia, que eu acredito que todas as empresas tiveram crise e até o seu programa, por mais credibilidade que tenha, por mais prestígio que tenha, acho que alguns anunciantes tiraram os anúncios e que tiraram de todo mundo. Você vê televisão quase não tem propaganda, por quê? Porque o comércio fechou, muitas coisas diminuíram o momento, etc. As empresas de ônibus também entraram em crise, não em Feira, do Brasil como um todo. Isso está se voltando aos poucos. O prefeito me disse no telefonema de sábado que já tem ônibus previsto para rodar na linha da Getúlio Vargas fazendo a ligação diariamente, ônibus convencional adaptado para a gestão do BRT. Não me arrependo coisa nenhuma, o projeto era fase inicial, o projeto principal era fazer isso aí e nós conseguimos. Não sei se você lembra que houve atraso no início com invasão do canteiro de obras, porque fizeram uma guerra em Feira danada dizendo que a gente ia acabar com as árvores da Getúlio Vargas, que ia derrubar tudo o que era árvore, que ia arrebentar com tudo, com as árvores da Maria Quitéria. Foi um barulho, uns quatro a cinco meses, mais de 60 a 90 dias com a área invadida, gente indo para Brasília para impedir no Ministério a liberação dos recursos, deu um trabalho danado isso. Tudo isso, evidentemente, causou constrangimento, causou dificuldades, mas também está chegando no finalmente e a gente vai ver, em pouco tempo, ônibus rodando e as obras de infraestrutura que a cidade precisava foram realizadas, concretizadas e pagas com dinheiro que foi do projeto de mobilidade urbana, que foi batizado e popularmente de BRT.

AC – Um outro projeto que o senhor vem recebendo muitas críticas, é o Shopping Popular. Houve erro na concepção do Shopping?

AC – Eu desconheço e agradeço com todo respeito a pergunta. O que existe no centro comercial? É uma parceria publico-privada. Não existe um lugar em Feira de Santana melhor para abrigar os comerciantes informais do que no centro da cidade. Então, existia um compromisso de fazer isso preservando o centro da cidade e que ficasse no centro. Isso não foi feito de maneira aleatória, irresponsável, foi feito de maneira madura, discutida, debatida. Eu mesmo fui à assembleias que aconteceram naquele salão da Euterpe Feirense e o menor número de pessoas que tiveram nas assembléias foram 800 pessoas. Eu lá, lado a lado, frente a frente com essas pessoas. Isso foi colocado em votação e aprovado em 99% das pessoas que estavam presentes. Discutiu-se, naquela oportunidade, tudo. Tudo foi debatido, isso tudo está registrado em atas, filmagens, os áudios estão gravados, tudo sacramentado. Entraram algumas pessoas com o objetivo meramente político, pessoas que queriam ser candidatas a vereador, prefeito ou o quer que seja, entraram com ações na justiça e no Ministério Público. O MP debateu, cobrou, exigiu, cutucou, analisou toda a documentação do processo licitatório. O processo foi amplamente debatido, discutido, tudo isso em Ministério Público, na justiça, a nível de primeira instância, na Vara da Fazenda Pública, e a nível do Tribunal de Justiça da Bahia. Tudo isso foi analisado e as decisões judiciais foram a favor da continuidade da obra. O que é que aconteceu ao longo desse tempo? Como ela é uma parceira público-privada, um investimento superior a R$ 50 milhões, parece que R$ 59 milhões, apenas R$ 13 milhões foram do município com contas que foram feitas por técnicos, por especialistas e por que o município colocou este dinheiro? Poderia não colocar o dinheiro, mas se colocou, por quê? Para o valor a ser pago, para as pessoas dos espaços, fossem com um valor menor. Dando um exemplo, se a pessoa for pagar pelo seu espaço R$ 100, com o dinheiro dado pelo município, a pessoa não pagará R$ 100 e sim R$ 60. Estou sendo claro no raciocínio? Foi por isso que o município colocou dinheiro, para baixar o valor que a pessoa do comércio informal pagará no espaço. Aí aconteceu o seguinte. Parece que a fundação, a empresa com a parceria público-privada, com o problema de economia no mundo, parece que faltou dinheiro e não tocou a obra com a velocidade que se esperava, para ser concluída no menor espaço de tempo. Assim sendo, foi concluindo com a capacidade de dinheiro do grupo empreendedor da parte privada do contrato e isso foi acontecendo e a obra, pelo o que me consta, liguei sexta-feira para (o secretário de Desenvolvimento Econômico) Borges Júnior, para perguntar à respeito desse assunto e ele me disse que esteve lá, que a obra está concluída, o prédio concluído e a única coisa que não está concluída é algo que não estava previsto na obra e que a empresa está fazendo com recursos dela.

Mesmo não estando dentro do previsto da obra é o núcleo policial, um equipamento policial grande para dar a oportunidade daquela região do Centro de Abastecimento a ter um núcleo grande, bem estruturado e que isso a empresa se responsabilizou. A prefeitura fez a base da obra, porque não tem nada a ver com o contrato isso. Borges Júnior me falou e a empresa faria o restante com colocação de equipamentos necessários para essa base policial, dentro do empreendimento e dar a segurança ao Centro de Abastecimento e ao nosso Centro Comercial Popular. Antes disso, pelo o que me consta, foi aberto ao período de assinatura de contratos e cerca de 90% das pessoas previstas assinaram o contrato para se deslocarem da rua para lá. Esse fim de semana, Borges Júnior me ligou porque alguém me disse de que tinha sido retirada três barracas da Praça do Nordestino, onde está fazendo o Projeto Centro e parece que lá existe oito ou dez barracas e que estavam tirando cinco ou seis. Alguém me ligou que estavam tirando sábado à noite e que era um absurdo, porque estavam tirando de noite e não sei o que. Mas não foi nada disso. As barracas foram iniciadas às 16h, não terminou e entrou pela noite tirando. Isso foi barracas que estavam fechadas e não tinha ninguém mais comercializando dentro delas e que os donos das barracas pediram a prefeitura que retirassem as barracas e levassem para suas próprias residências e aquele que não tinha espaço na residência, que levasse para o depósito da prefeitura até eles pegarem. Uma pessoa ia passando na hora, fez um vídeo como se tivesse uma coisa de forma violenta ou dessa natureza, mas não foi isso que aconteceu. As informações que passei foram de Borges Júnior e do Major Lima.

Colaboraram os estudantes de jornalismo Gabriel Gonçalves e Maylla Nunes.  

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