Eleições 2020

'Esta é uma eleição que se dará em dois turnos,' diz Roberto Tourinho sobre disputa para prefeito de Feira de Santana

O vereador e pré-candidato ao comando do Executivo municipal confirmou a participação do suplente de deputado Ângelo Almeida na chapa, como vice

Orisa Gomes

Pré-candidato a prefeito de Feira de Santana pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), o vereador Roberto Tourinho está certo que a disputa será decidida no segundo turno das eleições 2020. Em entrevista ao Acorda Cidade, ele afirmou que os nomes que vão disputar o pleito estão equilibrados, diferente de eleições anteriores, e também confirmou que o suplente de deputado Ângelo Almeida aceitou o convite para fazer parte da sua chapa como pré-candidato a vice. Leia na íntegra:

Acorda Cidade – Já está confirmado Ângelo Almeida como pré-candidato a vice na chapa?

Roberto Tourinho – Está. Após sete mandatos na Câmara de Feira de Santana, este ano sou pré-candidatos a prefeito da cidade de Feira pelo PSB e teremos como companheiro de chapa o amigo, também e ex-vereador e deputado, homem público por demais, conhecedor da vida pública, o amigo Ângelo Almeida. Nós montamos um partido competitivo, nós temos condições reais de elegermos de dois a três vereadores no nosso partido, acreditamos que com o crescimento da eleição, poderemos chegar a este número de vereadores e, por este motivo, estaremos neste pleito sendo candidato a prefeito. Agora, nesta entrevista, na condição de pré-candidato, após as convenções partidárias estaremos conversando com a população de Feira de Santana e apresentando todas as nossas propostas.

AC – Quando começam as convenções partidárias?

RT – A legislação eleitoral já iniciou, houve uma reorganização em decorrência desta pandemia, já estamos no período das convenções e se encerram, no dia 15 de setembro.

AC – Vou fazer ao senhor a mesma pergunta que fiz à Deputada Dayane Pimentel. Agora, a pré-candidatura já é pra valer ou ainda pode ter desistência?

RT – Não há a menor possibilidade de desistência. Nós estamos representando um projeto de mudança e melhoria para a cidade de Feira de Santana. Eu, se desejasse continuar na Câmara de Vereadores, acredito que este mesmo povo que me elegeu durante sete mandatos para vereador, me elegeria mais uma vez. Como está escrito em Eclesiastes: “Na terra, há tempo para tudo” e há um tempo também que nós temos que ter a coragem, a ousadia de estarmos conversando com a população e apresentando propostas de melhorias para a nossa cidade. Há uma insatisfação muito grande sobre este grupo político que aí está há quase 20 anos na cidade, há uma vontade, desejo de mudança. Você sente, observa que a população de Feira de Santana deseja que um administrador possa, neste momento, apresentar essas propostas que signifiquem melhoria para a saúde, para educação. Me desculpe a franqueza, ao longo da minha vida, com tantos anos na Câmara de Vereadores, já ocupei dois importantes cargos de secretário municipal, convivi com um dos maiores líderes políticos desta terra, José Falcão, como seu sobrinho e filho de criação – pelos laços que nos ligam, fui filho, criado, registrado por ele – e isto me trouxe peso para o amadurecimento nesse momento e estou apresentando o meu nome. Esta é uma eleição que se dará em dois turnos. Você tem equilíbrio de forças, porque os nomes, as lideranças que aqui estão, têm um equilíbrio. Em outras eleições tinha um desequilíbrio, onde você começava a eleição perguntando se determinado candidato ganhava no primeiro ou no segundo turno. Hoje, todos sabem que será uma eleição em dois turnos, onde todos estão em uma situação de competitividade. O diferencial será na apresentação de propostas, naquilo que o governante pensa para a melhoria. Teremos uma eleição em que ganhará aquele que realmente melhor apresentar essas mudanças, que a população de Feira de Santana deseja.

AC – A chapa de vereadores está completa ?

RT – Sim. Temos uma chapa completa de vereadores, temos bons nomes, temos candidatos com um trabalho social na área cultural, área do entretenimento. Nós estamos confiantes. Seguramente nós elegeremos dois vereadores e, com o crescimento da campanha, há um crescimento, inclusive de números melhores. A nossa chapa é completíssima.

AC – O coeficiente de Feira deve ficar em torno de quanto?

RT – Deve existir uma diminuição, até porque, na realidade, este ano teremos também uma modificação no processo eleitoral. Anteriormente, os partidos que não atingiam coeficiente eleitoral, não poderiam eleger vereadores. Com o fim das coligações, o partido que mesmo que não atinja o coeficiente eleitoral, mas que o candidato obtenha mais do que 10% do número de votos, esse partido poderá eleger um vereador. Vamos imaginar que o coeficiente eleitoral fique em torno de 14 mil votos. Você não sabe como é, porque em decorrência da pandemia, ainda não tem a ideia de como é que a população irá se comportar no dia da eleição, mas imaginando 14 mil votos, o partido não atingiu os 14 mil, mas dentre seus candidatos, o partido teve 10 mil votos e na hora que você vai fazendo aquela edênica dos números, aquele partido não teve 14 mil votos, teve 10 mil e, dentre seus candidatos, alguém teve mais do que 1.400 votos, ou seja, 10%, aí consequentemente esse partido poderá eleger o vereador.

AC – O senhor tem outros partidos para te acompanhar além do PSB?

RT – Nós, inicialmente, começamos a construir uma frente que era a Frente Popular Democrática, onde nós começamos conversando com vários partidos de esquerda e sempre esquerda em novo município. Porém, com o caminhar das conversas, os partidos entenderam que como nós teremos dois turnos, que esta possibilidade ficaria muito mais possível no segundo turno. Em decorrência disso, esta frente não foi efetivada. Agora, nós estamos com o PSB e o Rede Sustentabilidade, que deve estar conosco compondo esta eleição já agora no primeiro turno.

AC – Quem comanda o Rede?

RT – Aqui em Feira não tem diretório municipal, é um diretório ainda nomeado e, inclusive, o Ângelo Almeida esteve recentemente conversando com o diretório estadual do partido e haverá uma modificação nos próximos dias.

AC – A frente era o quê?

RT – Estávamos conversando com o PSB, PCdoB e PV. Eu fazia parte do PV, saí e vim para o PSB e o PV recebeu um convite do atual prefeito de Feira de Santana, que foi formulado ao ex-deputado Sérgio Carneiro. Apesar de agora eles lembrarem de Sérgio, há dois anos eles tiveram um comportamento extremamente desrespeitoso com o amigo Sérgio Carneiro, quando o deixou a ver navios na rua da amargura. Agora, lembraram de Sérgio. Que bom, porque ele é um companheiro que tem capacidade profissional e pode contribuir para Feira de Santana. Na realidade, nós começamos conversando com o PCdoB, PSB e PV.

AC – E deixaram Sérgio na amargura, por quê?

RT – Há dois anos, Sérgio foi candidato a deputado federal, além de já ter sido no passado um importante deputado federal e contribuído muito. Há dois anos ele, inclusive, integrava o grupo do ex-prefeito, do atual prefeito e esperávamos de que Sérgio tivesse recebido, naquele momento, apoio, para que pudesse retornar à Câmara Federal, mas, infelizmente, os líderes preferiram fazer a opção por outras candidaturas. Ele não tinham a menor condição de competitividade e, dessa forma, Sérgio obteve uma pequena votação em Feira de Santana, diante do que poderia obter. Cada eleição é uma eleição. Eleição é como nuvem. Dois anos depois, lembraram de Sérgio e fizeram um convite para ele.

AC – O vereador, seu colega, Luís Augusto de Jesus, o Lulinha (DEM) diz que esse grupo que está aí foi, inclusive, quem deu estabilidade econômica para o senhor e te ajudou a se eleger várias vezes. Ele diz que o senhor está sendo injusto com o grupo. Lulinha parece que tá meio chateado com o senhor aqui viu.

RT – Estamos tratando de um assunto tão sério aqui em seu programa e às vezes a gente diminui a importância em nossa entrevista, mas eu respondo sem a menor cerimônia: sou vereador no meu sétimo mandato e todos sabem que nas outras vezes o ex-prefeito (José Ronaldo), quando era prefeito, eu era vereador de oposição. Esse é o primeiro fato. Então, não me elegi várias vezes, só fiz parte na última coligação. Segundo: a estabilidade econômica é um direito funcional de servidores da administração municipal, estadual e federal, que durante um determinado período exercem cargos de confiança. Eu já disse a ele na Câmara de Vereadores que se ele acha que foi um presente, ele vai lá e também peça uma estabilidade embrulhada em papel de presente. Graças a Deus, todas as vezes que eu fui candidato a minha votação foi crescente. Sempre obtivemos votos em Feira de Santana de acordo com os nossos amigos que conhecem a nossa história. Não posso aqui está entrando naturalmente em nenhuma conversa de natureza desprovida de qualquer cunho de realidade política.

AC – O ex-prefeito José Ronaldo fez um Chapão, chamou o senhor e o senhor se recusou, disse não e caiu fora, foi isso?


RT – Isso foi na eleição de 2016. Eu defendi a criação de duas chapas, como terminou acontecendo. Então, eu talvez tivesse sido um dos únicos que tivessem a coragem de dizer na cara do ex-prefeito o que não concordava, porque é muito normal naquele grupo eles manifestam a insatisfação, mas quando chegavam na frente do “reizinho do pilão” não tinha coragem de dizer. Fui um dos poucos que teve a coragem. Como eu disse, sempre me comportei, independente de gostarem ou não.

AC – Aí, na oportunidade, o senhor disse que não ia morrer abraçado com o chapão, é isso?

RT – Não, nunca teve isso. Com a votação que eu obtive eu queria também ter sido eleito com o chapão.

AC – Então o senhor se elegeria com o chapão?

RT – Sim, claro. A diferença, por exemplo, minha para Carlito do Peixe (DEM), que ficou na primeira suplência, foi menos de 200 votos.

AC – Mas não teve o chapão não?

RT – Não teve, mas, se tivesse, o número de pessoas que foram eleitas dentro, naquela época, uma chapa elegeu quatro e na outra parece que elegeu 8, se não me recordo então seria suficiente.

AC – O senhor vai enfrentar, por exemplo, Colbert com apoio de José Ronaldo e Zé Neto e com o de Rui Costa, que são considerados os caciques dos partidos. O que é que fez o senhor ir para uma aposta dessa e deixar a Câmara Municipal? Por que o Senhor não quer mais ser vereador, cansou foi?

RT – Primeiro que em Feira de Santana há a vontade e o desejo de uma melhoria da cidade. Nós temos os piores indicadores que podemos observar. Na educação, Feira de Santana embora tenha um orçamento de R$ 1,5 bilhão e mais de R$ 300 milhões para aplicar na educação, desde 2011 que o município não consegue chegar a média nacional do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Temos, em Feira de Santana, uma educação caótica. É só visitar as escolas e você ver, embora Feira de Santana seja um pólo de educação, nós temos quase 20 instituições particulares que ensinam presencialmente ou à distância, embora tenhamos uma universidade estadual, embora tenhamos as melhores escolas particulares, nós somos os piores indicadores da educação em Feira de Santana. Por quê? Porque o poder público, ao longo desses 20 anos, não interage, não conversa, não dialoga. Então você vai ver a grande quantidade de crianças que estão fora de sala de aula. Hoje, no ano de 2020, nós temos 8 mil alunos a menos matriculado na rede pública municipal. Há uma deficiência na educação. Você vai para a saúde, é um caos. As pessoas esperam meses e meses para conseguir uma consulta médica. Pessoas que fazem o uso de medicamentos contínuos muitas vezes não recebem esses medicamentos. Para se conseguir um simples exame laboratorial, não conseguem. Somado a tudo isso, há dois anos 10 pessoas foram presas aqui em Feira de Santana em uma operação criminosa entre o poder público municipal e cooperativas médicas, que levaram 10 pessoas a prisão. Elas desviaram cerca de R$ 100 milhões. Se você for ver o Centro de Abastecimento, o maior entreposto comercial do interior Norte/Nordeste, está mais de 40 anos completamente destruído, acabado a lama. O Centro de Abastecimento já chegou a ter cinco agências bancárias, hoje não tem uma. Então, você observa que há necessidade da mudança. Eu disse a você no início da nossa entrevista que nós vamos apresentar propostas para Feira de Santana. Estamos construindo um plano e estamos fazendo um levantamento de todos os cargos de confiança da Prefeitura de Feira de Santana. Pela primeira vez nós vamos aplicar no município a metodologia do profissionalismo. Vamos pegar boa parte desses cargos de confiança e vamos ver e selecionar boa parte de funcionários do quadro capacitado. Temos funcionários com mestrados, doutorados, nós temos áreas técnicas da Prefeitura de Feira de Santana que necessitam ser ocupados por estas pessoas. Vamos fazer um convênio com universidades e instituições de ensino e vamos determinar o percentual. Vamos capacitar e essas pessoas irão ocupar esses cargos por competência, não será simplesmente por indicação política. Quero aproveitar oportunidade para dizer que, pela primeira vez, os moradores dos distritos de Feira de Santana vão eleger os seus administradores. Vamos acabar com essa história de que o administrador nomeado pelo prefeito é aquele que foi indicado pelo vereador mais votado do distrito. É por isso que os distritos estão hoje abandonados, porque os vereadores obtêm a maior votação e aí indica um administrador e esse administrador mora em Feira de Santana para administrar o distrito. Então, nós vamos assumir a Prefeitura em janeiro e três ou quatro meses depois vamos fazer uma eleição onde na sede do distrito ou nas principais escolas as pessoas irão eleger o seu administrador, que irá atender durante a semana lá no local em uma subprefeitura e todas as segundas-feiras esse administrador será recebido pelo prefeito ao lado dos principais secretários: Saúde, Educação, Serviços Públicos, Desenvolvimento Urbano, que são as áreas com os maiores problemas dos distritos. Foi assim por muitos anos. O administrador trazia para o prefeito os problemas do distrito e, juntamente com os secretários, os problemas seriam resolvidos. Então, pela primeira vez, nós vamos acabar com esta ideia de que é o vereador que indica um administrador para o distrito, porque o vereador foi o mais votado. Nessa área da saúde em Feira de Santana, uma pessoa que tem um filho, seja enfermeiro ou enfermeira, um filho ou uma filha que seja fonoaudióloga, fisioterapeuta, essas pessoas não conseguem um trabalho se não for amigo do prefeito, do vereador. Temos que dar oportunidade a todas essas pessoas, mas de que forma? Fazendo seleção. Essas pessoas serão selecionadas por instituições capacitadas e irão ocupar esses cargos na administração pública municipal. Nós vamos ter a oportunidade durante o nosso período de construção de plano de governo, através do horário eleitoral gratuito, através das redes sociais, para que as pessoas conheçam as nossas propostas e é isso que eu acredito. Estou tendo a coragem de acreditar que nós poderemos juntos escrevermos uma nova história para o município de Feira de Santana. Vamos fazer apresentando essas melhores propostas na saúde, na educação, no preenchimento de cargos, buscando pessoas capacitadas para que possam contribuir para uma cidade de Feira de Santana.


AC – O pessoal aqui não perdoa viu, vereador. Estão comentando que tudo isso aí é lindo, maravilhoso, mas o presidente Jair Bolsonaro também prometeu isso nas campanhas e nada foi cumprido.

RT – Eu entendo e concordo com o sentimento que a população tem do descrédito. As pessoas não estão acreditando na classe política, na sua grande maioria. Eu concordo com esse sentimento, mas (…) nós vamos chegar na prefeitura, com fé em Deus pela vontade do povo, e temos os exemplos de pessoas que começam os processos eleitorais com 4, 5 ou até mesmo 10% e ganham a eleição. João Durval mesmo em 1992, quando ganhou eleição em Feira de Santana, ele começou com o número pequeno, elegeu apenas cinco vereadores e governou Feira de Santana. Ou seja, ele não fez a maioria, mas não deixou de ganhar a eleição. Temos o exemplo de Lídice da Mata, em Salvador, quando foi candidata a prefeita, começou ali nas pesquisas com percentual menor e quantos e quantos exemplo nós temos. O que eu tenho a certeza de que nós vamos ter a coragem de implantar isso. Ouvi no seu programa, que foi fruto de uma denúncia nossa, como é que a prefeitura tem engenheiros e arquitetos com até doutorado e para fazer um projeto de requalificação do Centro comercial ou de ampliação de viadutos, contrata uma empresa ganhando R$ 3 milhões? Nós vamos permitir que esses funcionários do quadro sejam valorizados, como também nós vamos buscar nessas universidades jovens profissionais capacitados, para que essas pessoas ocuparem cargos de importância no município. Por esse motivo que estou confiante de que nós possamos fazer uma história diferente em Feira de Santana.

AC – O senhor se arrependeu em algum momento de fazer parte do grupo de José Ronaldo? Lembrando que todo mundo tem o direito de se arrepender.


RT – Como eu já informei, estou no meu sétimo mandato de vereador. Me elegi na eleição de 1988, 1992, 1996, 2000, 2004, 2008, 2012 eu não fui candidato e nós tínhamos na época o ex-prefeito Tarcízio Pimenta. Fui autor de várias representações contra o ex-prefeito, muitas das quais ele responde até hoje. Então naquela eleição de 2012, que eu não fui candidato, eu fui procurado pelo então José Ronaldo, que havia sido Prefeito para que eu o apoiasse e eu o apoiei. Apoiei para ser prefeito naquela eleição. Ele ganhou, me convidou para ser secretário de Meio Ambiente, eu fui e me desculpe aqui a falta de modéstia, fui inúmeras vezes escolhido entre os melhores secretários naquela época e cumpri com meu papel. Depois veio a eleição de 2016 e o partido que eu fazia parte, o PV, o apoiou para prefeito de Feira de Santana. Aconteceu, nesse período, em dois anos, dois episódios. Um foi sabido por todos, aquela eleição do presidente da Câmara e nós alí, naquele momento, nos afastamos e esfriamos a nossa relação. Mas o que motivou o meu afastamento daquele grupo que fazia parte, foi quando nós propusemos na Câmara de Vereadores a criação de uma CPI e uma comissão parlamentar de inquérito, para apurar o desvio de R$ 100 milhões da saúde, você deve se recordar que eu fui autor de uma CPI, que obteve quatro assinaturas, e em uma entrevista no seu programa. O atual prefeito de Feira de Santana disse que vereador de governo não propõe CPI e quem propõe CPI é vereadores de oposição. Ele ainda chegou a contextualizar que ele tinha sido deputado e que deputado do governo não faz CPI e que o Vereador Roberto Tourinho estava propondo uma CPI, era porque a partir daquele momento ele estava se considerando oposição. Sim, claro, eu me considerei oposição, porque eu não ia ficar quieto, calado tendo visto que 10 pessoas foram presas, porque teve um desvio de R$ 100 milhões na saúde e o que o prefeito fez foi dar uma nota de solidariedade a secretária de Saúde (Denise Mascarenhas), que, inclusive, até hoje responde a processos na justiça e tem a sua indisponibilidade de bens. Então, a partir desse momento, nos afastamos completamente. Se você me perguntar se eu me arrependo ou não, para mim é um passado. Eu fiz parte eu contribuí naquele momento, agora devo ter sido muito importante para eles, porque eu nem sequer me lembro mais ou não tenho nenhum saudosismo sobre o período que ali estive. Mas a cada 5 minutos que eu acho que é uma saudade que eles sentem, que constantemente me lembram de que eu fiz parte como secretário. Fiz um bom trabalho. Aliás, eu fico muito feliz, porque depois de sete mandatos, em 28 anos, o que talvez alguém possa tentar dizer ou para diminuir: “olha, ele foi secretário”. Eu fui secretário e respeito, fui pelos méritos e fui convidado e fiz um bom trabalho. Acredito que se não tivesse capacidade, não teria sido convidado. Por fim, quero dizer que Feira de Santana é a segunda cidade maior do Estado da Bahia, a 34ª cidade do Brasil. Não canso em dizer isso, nós temos uma população superior a oito capitais brasileiras e nós precisamos mudar essa estrutura política de Feira de Santana. O povo terá oportunidade de dizer se deseja continuar com esse processo que aí está, onde nós estamos vendo nossa cidade completamente destruída, acabada, ou se quer mudar, fazer com que a administração de Feira de Santana experimente uma maneira de se governar, principalmente buscando pessoas capacitadas, quebrando essas amarras políticas. Nós vamos acabar com essa relação promíscua que hoje você tem na administração municipal. É sabido por todos que têm 200, 300 cargos na administração municipal. Aí você tem a cidade destruída. Essas pessoas tendo cargos eleitorais pagos com dinheiro do povo de Feira de Santana, isso não pode continuar. Em Feira de Santana, você destruiu o funcionalismo, criou cooperativas e boa parte dessas pessoas que entraram nessas cooperativas ou é só simplesmente para arranjar votos para os candidatos e a Prefeitura de Feira de Santana, pagando milhões de reais e nós temos aditivos de cooperativas de R$ 25 milhões nos contratos de cooperativas. Isso onde muitos estão trabalhando, mas muitos já estão apenas para fazer política. Eu sei que muitos irão se colocar contrários a isso, mas eu gosto muito daquela música que diz que “amanhã será um novo dia”, um novo dia mesmo. Será para aqueles que desejam o dia brilhar. Então nós estamos muito confiantes de que o sol irá brilhar novamente para Feira de Santana. 

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