Dia do Estudante

Estudantes de escolas públicas de Feira de Santana relatam desafios para manter estudos durante a pandemia

Neste Dia do Estudante, o Acorda Cidade mostra um pouco da realidade do ensino público de Feira de Santana ao longo desses últimos cinco meses.

Daniela Cardoso e Ney Silva

Atulizada às 11:35

Uma pesquisa com mais de mil pais de alunos de escolas públicas de todo o Brasil, divulgada este mês pelo Jornal Nacional, concluiu que o ensino remoto está crescendo, mas 21% dos estudantes continuam sem nenhuma atividade pedagógica em casa. Um terço dos pais teme que os filhos abandonem a escola por não conseguirem acompanhar o ensino remoto. Segundo a pesquisa, a maioria dos alunos não se sente motivada estudando em casa: 64% estão ansiosos, 45% irritados e 37% tristes com a rotina da pandemia.

Neste Dia do Estudante, o Acorda Cidade mostra um pouco da realidade do ensino público de Feira de Santana ao longo desses últimos cinco meses. Nós ouvimos as autoridades responsáveis pela rede municipal e estadual e os próprios alunos.

Segundo o diretor do Núcleo Territorial de Educação, Arivaldo Vieira, apesar das ferramentas disponíveis não alcançar todos os estudantes, foi criada uma plataforma de ensino, para que as atividades não fossem totalmente paralisadas.

“A Secretaria da Educação criou roteiros de estudos com conteúdo para os ensinos fundamental, médio, para educação quilombola, indígena e de jovens e adultos e também para educação especial. Para isso a secretaria disponibilizou material no Portal da Educação. Com esse material, os estudantes podem seguir um calendário especial com cronogramas sugeridos pela unidade escolar, essas atividades são explicativas buscando contemplar tanto estudantes que tem acesso à internet quanto os que não tem. Cada semana é destinado a uma área de conhecimento diferente e já são mais de 400 roteiros no qual consta no portal da educação. A ferramenta tem mais de 10 mil conteúdos digitais como vídeos, áudios, jogos”, afirmou.

Segundo ele, as aulas do ensino médio têm a intermediação tecnológica que serve também para que os alunos que vão fazer o Enem tenham acesso. O diretor do NTE afirmou que universidades da Bahia também produziram conteúdo para que este material chegue na mão dos alunos.

Com relação ao protocolo de retorno as aulas, Arivaldo Vieira afirmou que quem determina é o Governo do Estado, então ele ainda não tem uma previsão de quando isso vai ocorrer. Porém, conforme disse, a Secretaria de Educação já está passando protocolos de segurança para que as escolas já estejam preparadas para receber os alunos.

“Já está sendo disponibilizada a internet nas escolas, já estão sendo instaladas pias, preparado o distanciamento nas salas, as escolas estão recebendo máscaras, termômetro digital, álcool gel. Além disso, todos esses alunos vão passar por um processo de testagem que já começou em alguns municípios para que a gente possa ter um cronograma e saber como está nossa clientela”, destacou.

O estudante Éverton Dantas, do terceiro ano do Colégio Luiz Eduardo Magalhães, afirmou que está sendo difícil a questão do estudo, ainda mais pra quem está no terceiro ano. Ele disse que ficou com muito medo de não ter mais o ano letivo, mas que a plataforma digital tem ajudado bastante.

“Tem professor que faz videoconferência e mesmo com a pandemia a gente está estudando, mas espero logo o retorno das aulas, pois o momento em sala de aula é muito bom”, declarou.

Jonatas Oliveira, estudante do quarto ano da escola Regina Vital, vem se esforçando para manter os estudos em casa e diz que a professora sempre tem mandando atividades, ainda assim ele não ver a hora de voltar para a escola.

“Pra mim tá sendo bom, pois a professora nunca deixou de mandar as atividades, mas estou ansioso para voltar para a escola para rever meus amigos e professores. A única dificuldade que tenho é que com a pró do nosso lado a gente se sente mais seguro”, disse.

O secretário municipal de Educação, Marcelo Neves, afirmou que o ano de 2020 vai ficar marcado como o pior ano para educação. Segundo ele, somente na rede municipal de ensino são quase 52 mil alunos sem aula em Feira de Santana.

“Desde o início da paralisação das aulas, a Secretaria de Educação criou um programa chamado ‘Em Casa Também Se Aprende’, que é um portal interativo no qual apresentamos um conteúdo muito mais lúdico e criativo para que as crianças possam acompanhar as atividades de segunda a sexta, de acordo com a idade. Isso tem amenizado a saudade que os alunos sentem dos professores, dos colegas, do convívio do dia a dia.”

De acordo com Marcelo Neves, em nenhum momento a secretaria parou de trabalhar internamente e já está sendo feito um trabalho para uma possível volta às aulas.

“Sabemos das dificuldades, das diferenças que são impostas a nossos alunos de acesso à tecnologia e a própria internet. Isso nos deixa preocupados, sabemos que o município tem muitas escolas na zona rural, mas não tenho dúvida que vamos conseguir vencer esse período. Estamos preparando também o protocolo para retorno das aulas, ele foi feito com a participação da área pedagógica, trocamos informações com o Conselho Municipal de Educação, utilizamos os protocolos do Ministério da Educação e principalmente com a Secretaria de Saúde, que está nos informando as medidas eficazes para proteger nossas crianças da pandemia”, destacou.
 

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