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O historiador, escritor e professor Jaime Santana Sodré Pereira, doutor em História da Cultura Negra, morreu em Salvador nesta quinta-feira (6), aos 73 anos. A informação foi confirmada ao G1 por familiares do educador.
Ainda não há detalhes sobre o que causou a morte de Sodré. O corpo dele será sepultado no Cemitério do Campo Santo, na sexta-feira (7). Ele era viúvo e deixa dois filhos. Sodré era professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba), antigo Cefet.
Jaime Sodré era graduado em Licenciatura e Desenho pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (Ufba). O educador também possuía mestrado em Teoria e História da Arte, e desenvolveu um trabalho sobre a influência da religião afro-brasileira na obra do artista plástico e também escritor Mestre Didi.
Entre 1995 e 2011, Sodré publicou diversos artigos sobre a Cultura Negra, como a antologia "Literatura e afrodescendência no Brasil", além do livro "Da diabolização à divinização: a criação do senso comum", publicado pela editora Edufba.
Durante toda a sua carreira acadêmica, Sofré ganhou diversos prêmios, como o troféu Caboclo da Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu (2005) e o 2º lugar no Prêmio Funarte (2003), além de homenagens como a medalha Zumbi dos Palmares, da Câmara Municipal de Salvador.
Sodré também fez parte do Conselho do Olodum, entre o final da década de 1990 e o ano 2000. Em 2012 ele participou da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), na mesa "A diáspora e seu avesso", mediada pelo também educador Jorge Portugal, que morreu em Salvador na segunda-feira (3).
Homenagens
Autoridades e personalidades prestaram homenagens a Jaime Sodré e falaram sobre a importância da referência dele para a cultura da Bahia.
Rui Costa, governador da Bahia: "É com profundo pesar que recebo a notícia do falecimento do historiador, escritor e professor Jaime Sodré. Doutor e grande referência em História da Cultura Negra, Sodré foi professor da Uneb e do Ifba. Nossos sentimentos aos familiares, amigos e alunos por essa grande perda".
Antônio Carlos, o “Vovô do Ilê”, fundador e presidente do Ilê Aiyê: “Foi um susto, semana passada ele participou de uma live, sábado ele ia participar de um programa. Teve um mal-estar, quando cheguei foi essa notícia, foi uma perda muito grande, estou muito triste. A Bahia perdeu mais um grande educador, pensador, o movimento dele antirracista, contra discriminação, a favor da religião afro. Sempre foi muito alegre, brincalhão, competente”.
Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Mattos: "“Como cidadão, temos uma relação de décadas, sempre foi um grande mestre quase que um pai, foi a primeira pessoa que me produziu nesse universo, me relvou para religião e sempre foi próximo. É uma perda cultural para salvador, uma pessoa múltipla e, principalmente, generoso, sempre estava disponível para conversar, uma perda muito grande".
Fonte: G1