Rachel Pinto
O mês de julho é o mês de conscientização e prevenção às hepatites virais e a Organização Mundial da Saúde instituiu o 28 de julho, que é hoje, como o Dia Mundial de Luta Contra essas enfermidades. No Brasil, uma lei federal estabeleceu, o “Julho Amarelo”, para reforçar ações de vigilância, precaução e controle das referidas doenças. Em apoio à campanha, o Acorda Cidade conversou com o médico gastroendoscopista Fábio Teixeira e ele abordou sobre os tipos de hepatites virais, formas, tratamento e como é possível preveni-las.
De acordo com ele, a hepatite é uma doença muito perigosa e pode ficar adormecida em muitos pacientes. O objetivo com o Julho Amarelo e chamar atenção para esta realidade e combater a doença que pode apresentar complicações graves.
“O lema é: “Não vamos amarelar”. Para se ter uma ideia, estima-se que pelo menos 3% da população possa estar contaminada de forma assintomática com a hepatite B ou C. Quando a gente coloca esse dado para Feira de Santana, por exemplo, nós podemos ter até 30 mil pessoas contaminadas e temos que alertar a todos que precisamos prevenir. Hepatite pode ser dividida por letras, as hepatites virais podem ser A, B, C, D e E. A hepatite é feita por um vírus. As letras não querem dizer gravidade, mas sim para dividir a doença por vírus”, afirmou.
O médico explicou que o vírus da hepatite A é o vírus que acontece de forma mais lenta, as pessoas sentem um pouco de cansaço, ficam com o corpo dolorido e às vezes têm uma febrícola. Podem apresentar também os olhos amarelos, a chamada icterícia, dores no abdômen e vômitos. Pode acometer crianças e adolescentes, mas pode acontecer em adultos e por isso a importância do diagnóstico viral.
Segundo ele, a hepatite A é rápida e geralmente não cronifica, não traz nenhuma doença mais grave. Mas, alguns casos podem até apresentar gravidade. Por isso, precisa ser acompanhada para poder inicialmente definir se terá ou não algum sinal de gravidade. É uma doença que muitas vezes o paciente precisa de repouso e pequenos cuidados.
Já hepatite B, de acordo com Fábio Teixeira, é causada pelo vírus da hepatite B, que pode ter a transmissão sexual, por derivados de sangue, por ocasiões especiais, algumas exposições que podem acontecer, da mãe para o filho, transplantes e também em ambientes hospitalares ou clinicas que não seguem uma linha de conduta tão adequada de controle de materiais. A doença passa na maioria das vezes sem apresentar nada, o paciente não tem sintomas e ela pode passar despercebida e até ir embora e não causar nada.
“Mas, pode se cornificar e quando cronifica ela traz a chamada hepatite crônica, e isso acontece ao longo de anos e anos e aí vem a lesão no fígado de forma gradual e progressiva, pode chegar até mesmo a levar ao câncer. É importante usar preservativos, cuidar dos materiais pessoais como cortadores de unhas para evitar outros tipos de contaminação”, observou.
O médico alertou sobre a hepatite C que é uma doença mais perigosa e pode evoluir de forma mais intensa para uma cronicidade. Pode levar a hepatite crônica e ao câncer. Por isso também é necessário o cuidado com aparador de unhas, salões e não dividir nenhum tipo de objeto pessoal que tenha lâminas. Se prevenir nas relações sexuais e não utilizar seringas e nem drogas.
Foto: Arquivo Pessoal | O médico Fábio Teixeira realizando exame de endoscopia digestiva que pode diagnosticar complicações da hepatite
“Elas são conhecidas como enfermidades silenciosas. O vírus pode passar de 20 a 30 anos escondido no corpo causando uma inflamação gradual e o fígado tem a capacidade de resiliência, e o grande detalhe é quando desencadeia a inflamação e chega a cirrose, o fígado fica fibrótico e aí é complicado e ai não tem mais o que fazer. O paciente pode ter um câncer e complicações mais graves e quando não consegue fazer um transplante, ele tem sérias complicações de vida”, declarou.
Campanha Julho Amarelo
Em virtude da pandemia da covid-19, este ano a campanha Julho Amarelo não realizará exames e nem testes durante ações comunitárias e sociais. Fábio Teixeira afirmou que apesar disso, as pessoas não podem esquecer da prevenção e o ideal é que compareçam até os postos de saúde caso queiram fazer o teste de hepatite C. Segundo ele, pessoas com mais de 40 anos devem fazer o teste e solicitar dos médicos exames sorológicos dos vírus.Ele frisou que para as hepatites A e B existem as vacinas que são disponibilizadas pelo Serviço Único de Saúde (Sus). Para a hepatite C, ainda não existe a vacina e a prevenção é de suma importância.
Fábio Teixeira salientou que Feira de Santana conta com um centro de tratamento para Hepatites Virais e nesta unidade o paciente pode passar pela triagem e já iniciar o seu tratamento.