Bom exemplo

Menino emociona caminhoneiro enquanto vende geladinho

O fato aconteceu na cidade de Bom Jesus das Selvas no Maranhão.

Rachel Pinto

No último fim de semana viralizou nas redes sociais o vídeo de um menino vendendo geladinhos a um grupo de caminhoneiros. O objetivo dele era juntar o dinheiro das vendas do seu produto para comprar uma passagem para visitar sua sobrinha recém-nascida e prematura. O grupo de caminhoneiros então se comoveu com a história do menino e pagou por todos os seus geladinhos que estavam no isopor e lhe ajudaram com o dinheiro da passagem. Os caminhoneiros ajudaram o garoto, mas não tinham intenção de ficar com todos os geladinhos. No entanto, o ato chamou ainda mais atenção, quando ao fim do vídeo, o menino agradece a doação diz preocupado para os homens peguem todos os geladinhos, pois se voltasse para casa com os geladinhos e com o dinheiro que ganhou, sua mãe poderia achar que tivesse roubado. A fala da criança tocou o coração de muitas pessoas, ao expressar a sua realidade de pobreza e de exclusão social, que também é refletida em outras tantas crianças do Brasil.

O Acorda Cidade encontrou um dos caminhoneiros que aparece no vídeo e que ajuda o garoto com a doação do dinheiro da passagem. Ele é o feirense Odirley Oliveira Santos, de 36 anos, que há 15 anos trabalha como motorista carreteiro.

Ele contou que o fato aconteceu na cidade de Bom Jesus das Selvas no Maranhão e foi tão rápido que ele nem perguntou o nome do garoto, apenas onde ele morava e ele respondeu que residia em um assentamento sem terra, próximo a Bom Jesus das Selvas.

Odirley também relatou que não esperava que o vídeo viralizasse e apenas gravou o momento para mostrar para alguns amigos e familiares a simplicidade e o exemplo de vida do garoto.

“Gravei o vídeo só porque achei emocionante e lindo a lição de vida que esse garoto nos deu. Vejo muita gente reclamando da vida por tão pouco, sem olhar pra trás nem para os lados pra ver que tem muita gente passando por situações difíceis e que não perde o amor e a esperança. Nunca imaginei que o vídeo chegaria a tanto, mas acredito que foi coisa de Deus e teve um propósito. A história dele serviu de exemplo para muitas pessoas”, afirmou.

O caminhoneiro frisou que no momento que encontrou com o garoto estava em companhia de mais dois colegas que também colaboraram com a doação. Foram eles: Paulo e Almeida conhecido como “Estepe” e Rodrigo que é conhecido como “Chapolin”.

Odirley que é chamado pelos colegas de profissão de Gamela, relatou que é muito comum encontrar pelas estradas do Brasil outras crianças na mesma situação que o menino que vendia geladinho. Crianças trabalhando e também pedindo ajuda.

“Infelizmente é muito comum sim. Muitos só pedindo ajuda e outros pedindo trabalho, ou comida. É constante e esse nem foi o primeiro que ajudei e nem será o último que vou ajudar. Infelizmente tem muita gente sofrendo nesse país, eu rodo por muitos lugares e é o que mais a gente vê”, lamentou.

Na opinião de Odirley, o gesto que ele teve com os amigos de ajudar o menino, é o tipo de ação que qualquer pessoa pode fazer, sem nenhum tipo de vaidade ou interesse e se todos adotarem uma postura de solidariedade o mundo pode ser melhor. Para ele, ser solidário com o próximo é uma forma de valorizar a vida, acabar com a maldade e olhar sempre para o caminho do bem.

Carga Pesada

O caminhoneiro observou ainda que fica muito comovido quando vê crianças em situação de vulnerabilidade social nas estradas do Brasil, porque imediatamente lembra dos seus filhos Ana Victória de 10 anos e João Lucas de 7 anos. Pensa que é preciso que todas as crianças precisam ser assistidas e cuidadas, pois são elas o futuro do país.

Foto: Arquivo Pessoal

Há mais de 30 dias longe de casa, trabalhando para garantir o sustento da família, Odirley, declara que a saudade de casa é um dos grandes desafios da estrada. Ele tenta ameninar a falta que sente da família através de ligações e chamadas de vídeo.


“A saudade e a solidão são terríveis. Mas, temos nossos sonhos, nossas obrigações e eu busco realizá-los com amor ao que faço. Amo a minha família e o meu trabalho também”, destacou.

Na direção certa

Odirley salienta que em 15 anos de estrada já teve muitas experiências boas e ruins. Desde passar por alguns perigos como roubos e riscos de acidentes. Mas, o livramento de Deus sempre esteve lhe protegendo e fazendo seguir em frente, no caminho do trabalho e do bem. Além de atitude, muita atenção ao volante, a fé em Deus é o maior combustível para seguir na estrada. O encontro com o menino que vendia geladinho foi na opinião dele, mais uma mensagem de Deus e uma oportunidade de aprendizado e de acreditar em dias melhores.

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