Acorda Cidade
Pioneiro entre os museus da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), da sua idealização aos dias atuais, o Museu Casa do Sertão e Centro de Estudos Feirenses completa, na terça-feira (30), 42 anos de um devir de ações e estratégias a fim de promover a conservação, investigação e comunicação do patrimônio cultural sertanejo. Para comemorar, o público é convidado a conhecer a mais recente produção audiovisual, disponível na internet, endereço: https://www.youtube.com/watch?v=GAV9COFw39k
A proposta aborda a sugestiva narrativa do cordel ‘Casa do Sertão’, de João Crispim Ramos, criado na campanha de arrecadação de fundos para a construção do espaço que hoje abriga o Museu, inaugurado em 1978. A genuína composição, com a devida licença poética, alude um inventário material de potenciais acervos de couro, ferro, barro, madeira, fibra e peculiaridades que deveriam fazer-se presentes na eminente instituição.
Neste resgate, a icônica escrita de Ramos é perpassada por imagens dos espaços e parte do acervo, e registram os resultados materiais da exitosa campanha que tinha por objetivo abrigar do esquecimento, reminiscências de um tempo e de sujeitos históricos. E dessa forma:
“O turista vai então
Dizer pelo mundo inteiro
Que Feira de Santana
Tem algo belo, altaneiro
E que numa casa viu
O Nordeste brasileiro.”
A iniciativa atende à vivência com o atual cenário e a necessidade do distanciamento social que projetam ao aniversariante novos desafios para o cumprimento de sua missão museológica, ou seja, fruir e estimular a apropriação de memórias e dos bens culturais sob sua guarda. E segue as recomendações do Instituto Brasileiro de Museus para que instituições de todo o país se façam presentes através do engajamento digital e da ampliação de conteúdo online disponibilizados à população.
Cultura e Diversidade
A implantação da instituição museológica no Campus Universitário foi resultado do desejo e empenho de membros da comunidade, em especial do Lions Clube de Feira de Santana. A gênese desse aprazível recanto cultural remete a diversificadas fontes de inspiração, como as ‘Cartas da Serra’ em que o jurista e poeta Eurico Alves Boaventura pontuou a importância da institucionalização de aparatos de memórias que proporcionem características e origens da cidade.
Aliado a isso, a militância intelectual de abnegados apoiadores que fomentaram a preocupação em salvaguardar vestígios materiais da cultura popular. Foi considerado um resgate do que se encontrava em franco processo de desuso ou silenciamento, face a dinâmica social.
A heterogeneidade e inventividade do seu acervo, com coleções relacionadas aos artefatos de usos e costumes, de criações artísticas populares e de itens documentais e bibliográficos, fundamentaram uma sistemática interatividade com variados públicos. Ao longo desses anos, o Museu Casa do Sertão tem promovido atividades reflexivas sobre memória e estética sertaneja por meio das exposições permanentes, temporárias e itinerantes, das ações culturais e educativas e apoio às pesquisas relacionadas ao seu acervo.