Feira de Santana

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais diz que moradores dos distritos não têm tido assistência necessária durante pandemia

Trabalhadores rurais de Feira de Santana enfrentam dificuldades em decorrência da pandemia de covid-19. Outro problema enfrentado pelos moradores da zona rural é referente a situação das estradas.

Rachel Pinto

Atualizada às 16h45

Os trabalhadores rurais de Feira de Santana estão enfrentando muitas dificuldades diante da pandemia do novo coronavírus (covid-19). A presidente do sindicato que representa a categoria, Conceição Borges, em entrevista ao Acorda Cidade listou as principais dificuldades e contou como está a situação de muitas famílias que vivem da produção de alimentos na zona rural. Segundo ela, os trabalhadores encontram dificuldades desde o acesso aos transportes, como a falta de apoio do poder público.

Sobre a colheita de alimentos de produtos como milho, feijão e amendoim, ela disse que muitas pessoas já estão colhendo, mas a maioria está no momento de limpeza do plantio.

“Nosso período se encerra em 13 de junho e agora estamos naquela fase de limpeza do plantio. Nós temos um momento muito bom que é o período chuvoso, que tem chovido bastante. Também temos tido sol e isso para a nossa produção é muito importante. Em relação a pandemia, o medo para a gente é muito grande, já que na zona rural a gente vive uma situação extrema que é a de imobilidade para o meio rural. Hoje com essa questão da pandemia em algumas comunidades houve restrição nos transportes o que cria um transtorno muito grande porque reduz o transporte, mas as pessoas continuam indo resolver as suas coisas na cidade. Vivemos um tempo de transporte cheio, superlotado e com risco de contaminação pela doença”, comentou.

Estradas

Conceição Borges afirmou que outro problema enfrentado pelos moradores da zona rural é referente a situação das estradas. Além dos problemas com a falta de transporte, ela declara que em muitos locais as estradas estão inacessíveis e é impossível sair ou chegar de carro em casa.

Falta de estrutura dos equipamentos de saúde da zona rural

A sindicalista chamou atenção também sobre o problema da falta de estrutura de equipamentos de saúde na zona rural de Feira de Santana. De acordo com ela, muitos postos de saúde não estão preparados para atender a nenhuma demanda relacionada a covid-19 e há uma preocupação sobre o acesso a outras unidades de saúde da cidade como Unidades de Pronto Atendimento(UPAs) e policlínicas pela própria falta de transporte e situação das estradas.

“Temos a preocupação de haver neste momento um alto índice de contaminação na zona rural de Feira de Santana. Entendendo que para a gente é muito mais difícil. Pelo deslocamento, pelas condições da estrada e pela superlotação das unidades de saúde. Os postos de saúde dos distritos não têm estrutura. Vivemos um momento de muita ansiedade, de muita preocupação exatamente porque o meio rural, não tem nada que diga assim: ‘Isso aqui é voltado para atender a demanda da zona rural’. É um período emergencial que para a zona rural não tem nada. Não há nada específico de apoio ao campo. A gente tinha uma grande geração de renda durante as festas juninas com a participação no Arraiá do Comércio, na sede dos distritos e em cidades vizinhas. Não acontecendo nada disso a gente fica com a nossa produção sem ter muito o que fazer”, explicou.

Campanha de fortalecimento da agricultura familiar

Conceição Borges informou ao Acorda Cidade também que os agricultores familiares precisaram se reinventar durante a pandemia e criaram uma campanha para venda de produtos através da internet. Ela destacou sobre a importância da campanha, mas disse que há também a dificuldade de acesso a internet em muitos distritos e isso impede que mais pessoas possam aderir a campanha de comercialização virtual.

Drive-thru no Parque de Exposições

Sobre o drive-thru de produtos juninos no Parque de Exposição João Martins da Silva que inicia nesta quarta-feira (17) e vai até o dia (29), Conceição Borges, pontuou que achou válida a ideia, mas na sua opinião não atende as necessidades da zona rural de Feira de Santana por vários motivos. Tanto pela distância do local, como a dificuldade de acesso e transporte dos trabalhadores rurais.

“O parque é um lugar que fica fora do centro da cidade e para qualquer agricultor de qualquer distrito levar qualquer produto e ter que arcar o transporte não é fácil e é caro. Qualquer frete que se paga, talvez não seja nem o valor comercializado no parque e não compensa. Acho a ideia muito importante, mas não contempla todos da zona rural”, observou.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.
 

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