Rachel Pinto
A polêmica sobre a transferência do casal de presos que está infectado pela covid-19 e que está custodiado no Complexo de Delegacias do bairro Sobradinho em Feira de Santana, ganhou mais um capítulo. O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindpoc), Eustácio Lopes, declarou ao Acorda Cidade que os presos não podem ser transferidos para o Conjunto Penal de Feira de Santana porque os detentos do presídio que pertencem a facções criminosas que atuam na cidade não aceitam recebê-los.
Segundo o coordenador regional de Polícia Civil, delegado Roberto Leal, os presos serão transferidos na tarde desta quinta-feira (4). Eustácio denunciou que diante dessa situação, o estado assume a falência da segurança pública e se curva às vontades dos presos.
“O estado assume a falência da segurança pública ao dizer que não pode transferir os presos porque os presos do Complexo de Delegacias do bairro Sobradinho disseram que vão ‘virar’ o presídio se levarem dois presos infectados com covid-19. As facções criminosas estão mandando em Feira de Santana e não é mais o poder público não que está mandando, são as facções Bonde do Maluco (BDM) e Catiara. As facções criminosas mandam em Feira de Santana e o poder judiciário, o Ministério Público, a Polícia Civil, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) se curvam aos presos. Essa é a denúncia do Sindipoc. Essa é a denúncia do Sindicato dos Servidores Penais (Sinpesb)”, afirmou.
Ele disse ainda sobre o excedente de presos que está no presídio de Feira de Santana. De acordo com ele, a unidade prisional tem capacidade para 1.200 presos e hoje há um total de 1.700 internos. Ele pontuou que essa realidade põe em risco a vida dos policiais penais e que eles não são mortos e feitos reféns porque os presos não querem.
“São 1.700 presos e entra só um policial penal para abrir as celas. O problema da transferência dos presos do Complexo de Delegacias do Sobradinho não resolve porque quem manda em Feira de Santana é o crime. São as facções criminosas. Comandam o presídio e disseram que não vão receber os presos. A conta fica para os policiais civis e policiais penais que aqui podem perder a sua vida e se infectarem. Por isso determinamos aqui o lockdown (fechamento total) da delegacia para preservar o cidadão feirense porque ele está vindo aqui se contaminar. Tem covid aqui no chão e nas paredes. Para também preservar a vida dos policiais civis, dos seus familiares e da população de feira de Santana. Estamos paralisação, interdição total até remover os presos e fazer a desinfecção da unidade de Feira de Santana”, informou em entrevista ao Acorda Cidade.
O presidente do Sindipoc relatou que conversou sobre o fato com o coordenador regional de Polícia Civil, o delegado Roberto Leal e ele embora manifeste também o desejo da transferência dos presos, cumpre os protocolos determinados pelo estado da Bahia. Ele salientou que o estado está se curvando à criminalidade e a gestão da Polícia Civil e da Seap estão omissas.
“A Polícia Civil e a Seap não podem dar solução a esse problema porque os presos não aceitam. Os dois presos estão aqui e são seres humanos. Foram flagranteados por tráfico de drogas e têm nome e família. Não passaram por equipe médica e nem tratamento de saúde. Podem morrer e o estado vai dizer que eram lixo, estrume. Mas, não é isso. Erraram e têm que pagar pelo erro. Pagar com dignidade e é isso que nós estamos cobrando aqui, dignidade para o preso e para os policiais civis. O estado não pode ser omisso e ficar refém das facções criminosas que dominam Feira de Santana e estão matando a população da cidade”, encerrou.
Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade.
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