Daniela Cardoso
Atualizada às 15h30
O aumento no número de casos de covid-19 em Feira de Santana preocupa médicos e profissionais de saúde que estão na linha de frente de enfrentamento a essa doença. O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), que possui 10 leitos exclusivos para pacientes com confirmação ou suspeita de coronavírus, atualmente está com lotação total, sendo sete pacientes confirmados e três suspeitos.
A informação é do médico Lúcio Couto, que é coordenador das UTIs do HGCA, em entrevista ao Acorda Cidade na manhã desta terça-feira (2). Ele não especificou as cidades de residência dos pacientes e lembrou que o Clériston atende não apenas ao município de Feira de Santana, mas a uma macrorregião que passa de um milhão de habitantes.
“Abrimos a unidade no começo do mês de maio e com seis dias já tínhamos ocupação completa. De lá pra cá a unidade oscila entre oito e 10 pacientes, então a lotação é constante, sai um paciente e já tem outro pra ocupar a vaga”, disse.
Além dos 10 leitos exclusivos, o médico afirmou que o Clériston dispõe de mais dois leitos de isolamento na UTI dois e ainda tem o setor chamado de sala vermelha, que foi convertido em uma unidade para receber pacientes com síndrome respiratória aguda grave.
“Então ao chegar, esses pacientes ficam na sala vermelha com seis leitos para depois serem transferidos para a UTI. O Clériston tem três UTIs. Há um com 10 leitos, a dois com oito leitos, sendo dois para covid, e a UTI três com 10 leitos exclusivos para covid”, destacou.
Além disso, o médico Lúcio Couto lembra que nenhuma doença pediu licença ao covid-19 e existem internamentos de vítimas de traumas, meningite e várias outras doenças. Segundo ele, para atendimento de doentes graves, o Clériston possui a unidade de estabilização, que tem 16 leitos.
Leitos para pacientes que já saíram da fase crítica
O coordenador das UTIs do Clériston explica que quando o paciente melhora e consegue sair do aparelho de ventilação mecânica, ele precisa ir para uma unidade de menor complexidade. Segundo o médico, essas unidades estão sendo construídas no Clériston e vai oferecer mais 15 leitos para o paciente que já saiu da fase crítica e ainda necessita ficar em setor específico devido ao risco de contágio com outros pacientes.
Aumento de casos preocupa
Somente neste fim de semana cinco pacientes estavam em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da cidade necessitando de vagas em UTIs, em decorrência da covid-19. Segundo o médico, alguns conseguiram vagas em Salvador, mas ele não tem a informação de todos os casos.
“A impressão que temos é que em Feira de Santana a realidade é de crescimento de casos. Nesse fim de semana ficamos apreensivos com as UPAs cheias de pacientes nos pedindo vagas e nós sem termos como atender aos pedidos e os pacientes precisando ser regulados para outros hospitais. A preocupação é grande”, ressaltou.
Rede privada
Nos hospitais particulares da cidade, os leitos de UTIs também estão lotadas e, segundo o médico Lúcio Couto, também na crescente do número de casos de covid-19. Segundo ele, o volume de atendimento de pacientes na emergência tem aumentado progressivamente e a internação nas UTIs privadas também aumentou consideravelmente. Ele lembra ainda que a cidade enfrenta uma situação complicada em meio a um surto de dengue, Zika e Chikungunya.
“Como também são doenças virais, às vezes se misturam e se confundem. Tanto a dengue, Zika e Chikungunya, como o coronavírus, podem apresentar febre, dor no corpo e isso tem confundido bastante os pacientes que procuram as unidades de saúde”, afirmou o médico, que ainda fez um apelo e pediu que a população fique em casa.
“Só saía quem realmente precisa, temos que respeitar essa doença, pois não é só uma gripezinha, não é simples, é desafiadora, está lotando os hospitais e as equipes de saúde estão se desdobrando com muito esforço para salvar vidas”.
Clériston II
Com o funcionamento do Clériston dois, que tem previsão para entrar em funcionamento ainda neste mês de junho, mais 40 leitos de UTI e 24 leitos clínicos estarão disponíveis para pacientes com coronavírus. De acordo com o médico Lúcio Couto, em função da pandemia, onde será o centro cirúrgico do Clériston dois, no primeiro momento vai abrir como uma unidade de retaguarda para dar vazão aos doentes que melhorarem.
“A importância dos leitos clínicos é muito grande para receber os pacientes que estão melhores e dar vazão para atendimento de outros pacientes nos leitos de UTI. Hoje em Feira há uma deficiência grande nisso também, pois não tem nenhum hospital do município que possa atender a essa demanda”, afirmou.
Hospital Estadual da Criança
No Hospital Estadual da Criança (HEC) em Feira de Santana, estão disponíveis 10 leitos de coronavírus para mulheres que pariram há pouco tempo e gestantes. Além dos 10 leitos gerais e os leitos pediátricos.
Unidades municipais
O município também tem leitos de covid-19 em duas Unidades de Pronto Atendimento do município (UPAs) e quatro no Hospital da Mulher.