Andrea Trindade
O aumento significativo no número de casos de covid-19 em Feira de Santana tem chamado à atenção da população, e foi mencionado como algo preocupante, pelo governador Rui Costa. Apesar dos dados, quase 500 casos confirmados e dez mortes em 89 dias, parte da população ainda não se atentou aos cuidados mínimos para evitar a contaminação. A prova disso é o movimento intenso de pessoas e veículos no centro da cidade, nas feiras livres e nas aglomerações em bairros. Até mesmo festas, churrascos e jogos de futebol estão ocorrendo, como se o país não estivesse enfrentando uma pandemia.
O prefeito Colbert Martins Filho, a infectologista Melissa Falcão e a secretária de saúde Denise Mascarenhas participaram de uma entrevista coletiva online na manhã de quinta-feira, esclarecendo dados da covid-19 em Feira de Santana. Segundo Melissa Falcão, o aumento no número de casos nestas três últimas semanas já era esperado. Os estudos da curva com número de casos apontavam um pico em Feira de Santana entre o final de maio e junho (Relembre aqui).
Melissa disse também que o número de exames para detectar a doença aumentou, mas o número alto de casos está mais relacionado a falta de cuidados, do que do número de testes. A cidade tem muitos casos comunitários e respeitar as medidas de proteção, principalmente uso de máscaras, distanciamento social e lavagem das mãos, é de suma importância para evitar a doença e um colapso nas unidades de saúde da cidade.
“Nas últimas três semanas vimos um aumento muito mais considerável. Os casos aumentando agora de maneira rápida. Isso se deve aos meses de março e abril, por Feira ter conseguido manter um controle adequado e o número de casos ter um crescimento pequeno diante do trabalho que tivemos nesse controle. Maio e, provavelmente todo o mês de junho, é o mês no qual terá o aumento no número de casos, isso não é uma coisa inesperada. Já estava sendo prevista por nós e está em um quantitativo muito menor do que a gente já imaginava. Depois de 88 dias, não esperávamos apenas 441 casos (até quarta-feira, dia 27), mas sim um aumento maior com uma repercussão no nosso serviço de saúde mais intensa. Nossa maior preocupação não é um número absoluto de casos e sim como estes casos estão influenciando nos serviços de saúde, no número de internamentos e no número de mortes”, explicou.
Taxa de mortalidade
A infectologista disse que a cidade está com uma taxa de mortalidade menor do que a esperada no Brasil e no mundo, que é a taxa média de 3 a 5%. Para que a taxa mantenha-se baixa, ele reforça o pedido de colaboração da população.
“Estamos com 2% de mortalidade. É menor do que a do Brasil e queremos diminuir ainda mais essa taxa, e para a gente conseguir fazer isso, precisamos do empenho individual. As medidas que a prefeitura precisa fazer para esse controle estão sendo feitas, mas cada indivíduo deve ter um papel central nesse controle. Se eu me protejo, eu protejo consequentemente toda a minha família e ela vai ter um risco menor em está exposta ao coronavírus. Neste momento não existe um culpado, estamos lidando com o vírus altamente agressivo com a capacidade de disseminação muito rápida, então cada um é responsável juntamente conosco para efetividade desse controle. Não podemos culpar o presidente, o governador, o prefeito, mas sim o único culpado, que é o vírus é altamente contagioso e agressivo.
Taxa de hospitalização
Melissa Falcão destacou também que a taxa de internação na cidade também é baixa e orientou os pacientes a procurarem as unidades de saúde quando estiverem com os sintomas iniciais de falta de ar. Não deixar esse sintoma se agravar.
“Então nesse momento, apesar dos casos estarem subindo, não nos encontramos em uma situação crítica. Temos leitos disponíveis para os nossos pacientes e todos eles terão um atendimento adequado e continuaremos lutando para que o número de mortalidade e o número de pessoas complicadas diminuam. É esperado que a cada 100 casos, 20 pessoas precisem de internação, e a nossa taxa de internação é muito menor do que isso. Aproveito para fazer um pedido a vocês. Vamos procurar os serviços de saúde precocemente ao começar a sentir falta de ar. Tivemos pacientes que já chegaram para nós com o acometimento muito grave do pulmão, e quando já chega em um estágio desse, a chance da gente conseguir tirar essa pessoa da gravidade é muito menor. Então, quem estiver com suspeita de coronavírus, os primeiros sinais de falta de ar, procure uma unidade de saúde para que a gente possa tomar todos os cuidados precocemente”, afirmou.
Apesar da orientação de procurar as unidades de saúde, diariamente o Acorda Cidade recebe mensagens de leitores reclamando de falhas no atendimento a pessoas com casos suspeitos.
O Acorda Cidade ressalta ainda que, apesar do índice baixo de hospitalização, há casos de pacientes que são regulados para tratar a doença em Salvador, onde cerca de cinco pessoas da cidade morreram. Atualmente 10 de mortes estão oficialmente confirmadas.
Sobre essa situação, Melissa informou que há um controle destas transferências.
“As pessoas de Feira que são reguladas para Salvador e que lá se mantém internadas com o diagnóstico de coronavírus (…) conta no nosso quadro geral de internamento. Não caracteriza abandono por nós ou falta de acompanhamento. Continuamos acompanhando todos os pacientes que são transferidos de maneira integral, diariamente através de e-mail, e o óbito quando acontece, também retorna para os nossos dados da cidade”, explicou.
Aguarde outra parte da entrevista