Andrea Trindade
Com o aumento do número de casos confirmados de covid-19 em Feira de Santana na última semana, o prefeito Colbert Martins Filho voltou a afirmar, em entrevista coletiva online nesta segunda-feira (11), que todas as medidas adotadas são sempre avaliadas em reuniões com os secretários, para caso necessário fazer ajustes. Ele destacou que os casos aumentaram não só em Feira, mas em todo o estado, e que no momento, pela situação em que a cidade se encontra, não há nenhuma previsão de bloqueio total dos serviços, o chamado lockdown (confinamento), mas que o número de restrições certamente pode aumentar.
O prefeito disse também que a cidade já tem casos comunitários diagnosticados nos últimos 15 dias, o que equivale a cerca de 7% do total de casos, e apontou filas de pagamento do auxílio emergencial e de vale-alimentação como prováveis focos de contaminação.
“No dia 20 de abril foi o dia em que o governo do estado começou a distribuir o vale estudantil, [centenas] de estudantes foram para as filas da Cesta do Povo em Feira de Santana. Nosso decreto de abertura do comércio foi dia 21. O vale foi liberado para 60 mil famílias e foi até semana passada. No dia 14 de abril o governo federal começa a pagar o auxílio emergencial de 600 reais. Onde mais teve filas em Feira de Santana foi na Caixa Econômica Federal. A maior aglomeração que aconteceu não foi no comércio não. Foi exatamente esse tipo de fila. Neste período para cá tivemos transmissão comunitária”, afirmou.
Colbert disse também que “o número do aumento de casos estava previsto”.
“A Universidade Estadual de Feira de Santana, que tem grupos estudando o avanço da doença, projetaram para essa semana 200 casos e nós estamos com 129 (até amanhã desta segunda-feira, dia 11)", declarou.
Ele criticou os dados de uma pesquisa feita por duas instituições federais (Confira aqui). “A quantidade de pessoas atrás do computador em suas casas fazendo projeções de dados sem se ater às realidades pode estar cometendo, do ponto de vista de pesquisa, uma informação que não é exatamente uma informação mais precisa”, disse.
Pressão no comércio
Sobre o funcionamento do comércio, o prefeito destacou que o último decreto tem validade até o dia 18 de maio e que vai definir quais novos ajustes precisarão ser feitos tanto para os bairros quanto para o centro da cidade com a finalidade de controlar o aumento dos casos.
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“É uma pressão. Abre o comércio, depois abre setor de autopeça e vai abrindo tudo. A questão econômica vem o tempo inteiro. Por que não abre, por que que não abre? A pergunta é: por que que não fecha? Existe um grupo grande de respeitáveis interesses econômicos, eu não tenho a menor dúvida disso, mas é preciso que a gente coloque a balança nos dois lados”, declarou.
“A flexibilização do comércio está sendo feita há um bom tempo, não começou do dia 21 pra cá. Tá subindo sim, mas está subindo na Bahia inteira. Qual a opção? fechar a Caixa Econômica? Proibir que os familiares dos mais de 60 alunos estivessem ali na Cesta do Povo? Precisamos nos organizar. O final de semana foi comercialmente muito forte também (Dia das Mães). Não é simplesmente dizer que está aumentando. Está aumentando sim, mas abaixo do nível que era possível de se aumentar. Estamos fazendo o que é possível e adequado”, disse se ainda se referindo a pesquisa dos institutos federais da Bahia sobre Feira de Santana.
Verbas
Sobre as verbas recebidas para o enfrentamento ao coronavírus, Colbert informou que será publicado tudo o que for gasto. “Vamos publicar tudo o que for gasto. Nada ficará sem transparência. Mostrando o que foi recebido, doado, e será mostrando o que foi feito e como foi feito”, declarou.
Casos comunitários.
Sobre as formas de contaminação, o prefeito informou que a prefeitura acompanha a maioria da origem dos casos, mas que há casos de contaminação comunitária, principalmente entre profissionais de saúde.
“Já tem transmissão comunitária em Feira e, eu acho que deve ter sido neste últimos 15 dias. Nestes casos destas duas últimas semanas, temos acompanhado a maioria das formas de contágios, quase em sua totalidade dos contatos. Uma parte destes contatos ainda se deve a médicos e outros profissionais de saúde. Estamos acompanhando as formas de contágio sim”, respondeu o prefeito lamentando a morte do médio Ramon Barbosa, de 43 anos, que trabalhava na linha de frente da sala de emergência do Hospital Prado Valadares, em Jequié, vítima de Covid-19. Ele também trabalhou em Feira de Santana.
Coletas de amostras
O prefeito explicou que os casos divulgados não são de testes realizados nos mesmos dias em que foram divulgados. Os resultados saem quatro ou cinco dias depois. Além disso, há um tempo até o paciente apresentar os sintomas e realizar os testes.
De acordo com a nota técnica n° 54 (disponível em saude.ba.gov.br/coronavírus), as unidades de saúde devem realizar a coleta de amostras somente quando o caso suspeito de Covid-19 se enquadrar nos critérios abaixo:
1. Pacientes internados com suspeita de COVID-19;
2. Pacientes com síndrome respiratória aguda grave (SRAG);
3. Profissionais de saúde com síndrome gripal suspeitos de COVID-19, ou contactantes de casos confirmados de COVID-19 mesmo assintomáticos;
4. Pacientes que foram a óbito com suspeita de COVID-19 cuja coleta não pôde ter sido realizada em vida;
5. Pessoas com febre, suspeitas de infecção, triadas nos aeroportos, portos e nas estradas.
Observação: pacientes que não se enquadrem nas situações acima não têm indicação para coleta de amostras. (Fonte: Sesab)
Definição de caso suspeito de coronavírus (Covid-19):
Definição 1 – Síndrome Gripal (SG): indivíduo com quadro respiratório agudo, caracterizado por sensação febril ou febre, mesmo que relatada, acompanhada de tosse ou dor de garganta ou coriza ou dificuldade respiratória.
– Em crianças (menos de 2 anos de idade): considera-se também obstrução nasal, na ausência de outro diagnóstico específico.
– Em idosos: a febre pode estar ausente. Deve-se considerar também critérios específicos de agravamento como sincope, confusão mental, sonolência excessiva, irritabilidade e inapetência.
Definição 2 – Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG): Síndrome Gripal que apresente dispneia/desconforto respiratório ou pressão persistente no tórax ou saturação de O2 menor que 95% em ar ambiente ou coloração azulada dos lábios ou rosto.
– Em crianças: além dos itens anteriores, observar os batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência. (Fonte: Sesab)