Rachel Pinto
Eustácio Lopes Oliveira Filho, presidente do Sindicato dos Policiais Civis, declarou em entrevista ao Acorda Cidade que quatro policiais que atuam em Feira de Santana, no Complexo de Delegacias do bairro Sobradinho estão sofrendo perseguição e foram transferidos para outras cidades e setores da polícia por não cumprirem as metas relacionadas à redução no número de homicídios.
Ele disse que neste ano de 2020, o percentual de homicídios na cidade aumentou em 55% e há uma pressão para que estes crimes sejam rapidamente elucidados. Ele frisou que o trabalho de investigação necessita de tempo e o serviço de inteligência trabalha de forma científica para identificar a autoria e materialidade dos crimes, identificar os responsáveis e pedir ao judiciário a prisão.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Queremos chamar a atenção da imprensa para dizer que os policiais foram perseguidos. Se recusaram a fazer diligências de madrugada sem o pagamento de horas extras. Estamos repudiando o que o gestor fez com os policiais civis de Feira de Santana. São trabalhadores e precisam ter seus direitos respeitados. Eu quero crer que não exista pressão do governador Rui Costa, da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e do representante do governo do estado, do deputado Zé Neto para que a Polícia civil produza marginais. A meta é prender criminosos a qualquer custo”, comentou.
Eustáquio frisou que não deve haver interferência política nas investigações da Polícia Civil.
O Delegado Roberto Leal, coordenador regional de Polícia Civil esclareceu que as mudanças no quadro de servidores, as transferências são feitas de acordo com as diretrizes da gestão e acontecem sempre que há necessidade. De acordo com ele, as transferências de policiais, assim como de delegados e escrivães tiveram como objetivo dar mais oxigenação à equipe.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Nós estamos enfrentando desde setembro do ano passado um grande acréscimo da violência em Feira de Santana e a Delegacia de Homicídios é uma delegacia extremamente importante. Foi necessário uma oxigenação. Nós acabamos trocando todos os delegados da unidade, justamente para isso, temos novos titulares, foi feita uma análise do que estava ocorrendo e foi necessário dar uma oxigenação e trazer pessoas com uma certa expertise em relação aos homicídios e as investigações para que a gente consiga elucidar o maior número possível de crimes e dar uma satisfação para a população”, comentou.
Roberto Leal frisou que não há nenhum tipo de interferência política na decisão de transferir policiais e todas as decisões são tomadas de forma coesa, junto com toda gestão e entendendo que a Delegacia de Homicídios faz parte da 1ª Coordenadoria de Polícia Civil (1ª Coorpin) e também é vinculada a Delegacia de Homicídios, DHPP em Salvador .
“Não há de forma nenhuma qualquer tipo de interferência política nas nossas decisões. Ademais porque eu já venho fazendo várias transferências aqui há algum tempo. Já transferi alguns delegados, investigadores e escrivães e em nenhum momento houve qualquer tipo de interferência política. Nós trabalhamos com a situação das manchas criminais e a atuação dessas manchas criminais nos dá foco para que a gente trabalhe e então é necessário que a gente as vezes traga os índices para próximo para que a gente analise e atue. Isso que a gente faz através das manchas criminais e é bom ressaltar que nós somos servidores públicos e a população cobra de nós. Se a violência está aumentando a gente tem que dar a resposta. Somos servidores da segurança pública e temos que trabalhar. Não há qualquer perseguição a qualquer policial, quer que seja investigadores, escrivães ou delegados de polícia. O que há é o trabalho da gestão”, pontuou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.