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O empresário Gilmar Rinaldi perdeu o seu mais problemático "filho", conforme ele se referia ao atacante Adriano. Quando percebeu um boneco com a imagem do novo reforço do Corinthians sobre a mesa de seu escritório, na manhã desta segunda-feira (28), o ex-goleiro logo deixou transparecer a mágoa com o agora ex-cliente ao colocar a caricatura do atleta de lado e explicar o motivo da ausência do pequeno boneco.
Gilmar Rinaldi falava com a voz bastante rouca – segundo ele, por causa do estresse que Adriano lhe causava. O empresário agenciava a turbulenta carreira do atacante de 29 anos há mais de uma década. Nos últimos meses, contudo, já não tinha a mesma importância nas negociações do hoje corintiano. Não foi informado sobre a rescisão contratual com a Roma, por exemplo. Enquanto tentava entrar em contato com o atleta nas últimas semanas, em vão, Ronaldo já havia assumido a missão de levar o amigo para o Corinthians.
Rinaldi chegou a negociar a transferência de Adriano ao Parque São Jorge (por sugestão de Ronaldo) no final do ano passado.
– O Andrés [Sanchez, presidente corintiano] me perguntou se a Roma aceitaria vendê-lo por 2 milhões ou 3 milhões de euros. Eu disse que não seria necessário, pois eu conseguiria a liberação sem custo algum. Eu estava na Disney quando o Duílio [Monteiro Alves, diretor adjunto de futebol corintiano] me avisou que faria uma proposta oficial. Ninguém me falou mais nada depois disso.
O Corinthians não era o único interessado na repatriação de Adriano. Rinaldi revelou que também foi procurado por dirigentes de Botafogo, Vasco, Flamengo, Atlético-MG e Cruzeiro, pela patrocinadora do Fluminense, por Zico, que queria colocar o jogador no Sporting, de Portugal, por representantes de um clube dos Estados Unidos e pelo Palmeiras. Era justamente o maior rival corintiano o favorito a se reforçar com o centroavante.
– Estive com o Felipão há algum tempo e torci muito para que a conversa pudesse evoluir. Sabe por quê? Passei a exigir que os clubes fizessem um plano de recuperação para o Adriano, pois ele precisa. E o Felipão pensava nisso. Ele já tinha tentado levar o Adriano para o Chelsea e conversou bem com o jogador, com a mãe dele (Rosilda). Eu não estava preocupado com marketing.
Ronaldo, ao contrário, pretende explorar a imagem de seu amigo e também cliente da recém-criada empresa 9ine.
Os problemas psiquiátricos de Adriano, de acordo com Gilmar Rinaldi, começaram a partir da morte do pai Almir, em 2004. A mãe Rosilda declarou até que o filho havia pensado em suicídio e em abandonar a carreira de jogador na época.
– Não é algo grave, mas o Adriano tem problemas de depressão e bebida. Por isso, eu não estava mais pedindo que os clubes colocassem um psiquiatra ao lado dele. Passou a ser uma imposição.
Rinaldi notou a importância do trabalho de um psiquiatra para Adriano vingar durante a passagem do centroavante pelo São Paulo, quando ele se consultava com o médico Adriano Segal.
– A Internazionale só aceitou que ele jogasse no Brasil, por empréstimo, se tivesse esse acompanhamento. O Adriano estava depressivo. Com a ajuda do doutor, ele melhorou. Estava muito bem. Parou até de beber.
Apesar de chateado com Adriano, Gilmar Rinaldi ainda não perdeu o hábito de defender os deslizes do centroavante com a bebida.
– Alcoólatra? Não que eu saiba. Essa pergunta foi feita para o psiquiatra Adriano Segal, que me garantiu que o Adriano não era alcoólatra. O problema dele é a dificuldade de lidar com algumas coisas da vida, depressão. Todo mundo tem alguém assim na família.
O empresário deu até um exemplo do autocontrole do jogador.
– Na noite em que saímos para assinar contrato com a Roma, fomos a uma churrascaria do Rio de Janeiro com um dirigente italiano. Ele queria fazer brindes com vinho e chope para comemorar. O Adriano disse que não beberia, por causa da Lei Seca. O diretor insistiu, mas ele não bebeu. E, por incrível que pareça, fomos parados duas vezes por policiais no trânsito.
Rinaldi também assegurou que Adriano não é usuário de drogas ilícitas e não condenou seu envolvimento com moradores da favela da Vila Cruzeiro nem com a polêmica ex-namorada Joana Machado.
– O Adriano não teve problemas com drogas em lugar nenhum. Uma vez perguntei a ele sobre isso, para sacanear. A Inter fez exames e não pegou nada. Ele tem amizade com o pessoal da Vila Cruzeiro desde a infância. Isso é normal. Sobre os relacionamentos dele, não tenho o que falar.
Ainda assim, Gilmar Rinaldi duvida que Adriano possa fazer sucesso no Corinthians sem auxílio de terapia. O agente não acreditou nas promessas de bom comportamento que o jogador fez em entrevista à TV Globo, no último domingo (27).
– Já vi essa cena um monte de vezes. Depois disso, resolvi me manifestar. Conto com o Corinthians agora. Estou tentando chamar a atenção dos dirigentes. Como não estou mais por perto, alguém precisa cuidar do Adriano.
As informações são do Gazeta Press