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O álcool em gel, uma das principais armas no combate à pandemia do novo coronavírus, se tornou tão cobiçado que mal para nas prateleiras do mercado. Lupe Hernandez talvez nem soubesse, mas estava criando, ainda em 1966, um produto acessível que ajudaria a evitar diversas doenças e zelar pela saúde de milhares de pessoas em todo o mundo.
O produto, que deveria ter seu acesso facilitado a todos, vem sofrendo aumento de preços por conta da grande procura. Em algumas cidades do Brasil, seu valor subiu em 161%, de acordo com o site JáCotei. Em países da Europa, como a França, o produto chegou a ficar 700% mais caro. Apesar de o item atualmente ter preços altos e ser quase considerado de luxo por muitos, sua descoberta surgiu de uma necessidade simples: higienizar as mãos sem precisar de água.
A jovem Lupe, descendente de latinos, que estava na faculdade de enfermagem da cidade de Baskerfield, na Califórnia, nos EUA, passou a perceber que, em algumas ocasiões, a água e o sabão poderiam não estar disponíveis para os profissionais de saúde, podendo atrapalhar atendimentos de emergência, por exemplo. Foi assim que a ideia de um produto potente contra vírus e bactérias e que pudesse ser portátil e de rápida evaporação surgiu.
Já imaginando o grande potencial da invenção, Hernandez patenteou a ideia. Quando o produto passou a ser produzido, era utilizado apenas por profissionais da área da saúde como opção secundária para a limpeza antes e depois do manuseio de objetos utilizados em exames ou do contato com pacientes.
Atualmente, a substância pode ser encontrada em diversas concentrações, principalmente a 70%, capaz de destruir a camada externa do vírus causador da Covid-19 e evitar a contaminação por essa e outras muitas doenças. Apesar de eficaz, o uso do álcool em gel não deve substituir a limpeza tradicional das mãos com
água e sabão. Isso por que o uso excessivo desse item de higiene pode fazê-lo faltar para quem realmente necessita, como os profissionais de saúde, além de poder causar danos à pele das mãos quando aplicados exageradamente.
A médica dermatologista Claudia Marçal, em entrevista à revista Veja, explica o perigo do uso incorreto do produto. “Nosso organismo possui um filme que protege a pele chamado de manto hidrolipídico. Quando você usa o álcool em gel, desidrata a pele e perde esse manto. Vai restar só o álcool, mesmo que seco, que é extremamente inflamável e irritativo.” A recomendação é utilizar o gel apenas fora de casa, em situações onde não é possível lavar as mãos e em quantidade suficiente para que a substância tenha contato com todos os dedos – entre eles, com a palma, o dorso das mãos e os punhos.