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Com o temor de contaminação pelo coronavírus, consumidores promoveram uma corrida ao comércio em busca de máscaras para proteção contra uma possível infecção. Farmácias e empresas especializadas na venda de artigos médicos no Rio de Janeiro já registram um aumento expressivo na procura.
O país ainda não tem nenhum caso confirmado e a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro descartou o último caso suspeito da doença na última quinta-feira (30).
O G1 percorreu seis farmácias das zonas Sul e Norte do Rio na manhã desta sexta (31) e em nenhuma delas havia máscaras nas prateleiras. Em todas elas, os funcionários confirmaram o aumento das vendas. Em uma delas, um dos vendedores relatou que um único cliente chegou a levar oito caixas com cinquenta máscaras em cada uma delas.
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Em outro estabelecimento, um carregamento para reposição estava chegando, mas os funcionários asseguraram que o material seria vendido provavelmente no mesmo dia. Um aumento na procura por máscaras também foi identificado na cidade de São Paulo.
De 150 para 1.000 unidades
A loja MedShop, especializada em produtos médico-hospitalares, que possui quatro lojas físicas e uma virtual no Rio, reconhece o aumento na procura. Um dos modelos, que tinha uma média de venda de 150 unidades por mês, registrou a venda de mil unidades pela loja até o dia 29 deste mês.
Por causa do aumento da procura, o número de unidades vendidas para cada cliente teve que ser limitado.
Segundo Walace Rodrigues, responsável pela área de compras, até para as lojas especializadas é difícil comprar as máscaras.
“Vale a pena ressaltar que estamos com muitas dificuldades de encontrar essa máscara nos distribuidores, que estão priorizando os hospitais. Conseguimos mais mil unidades com previsão de chegar na próxima terça-feira (4). Infelizmente o valor de custo já subiu 50% em um de nossos distribuidores”, destacou.
A 3M, que fabrica máscaras, afirma que identificou um aumento de 40% em relação à semana passada nos pedidos de respiradores (nome técnico dado às máscaras) em todo o país, não apenas no Rio de Janeiro. A empresa destaca que não vende para os consumidores finais, mas somente para as redes de distribuição.
Outros estados
O aumento na busca por máscaras em farmácias também acontece em regiões do país.
São Paulo – o estoque de máscaras já está zerado em algumas farmácias e distribuidoras da capital paulista. Além disso, membros da comunidade chinesa na cidade estão se organizando para enviar máscaras a familiares na China. Funcionários de farmácias, de distribuidoras de equipamentos médicos e dos Correios também relataram ao G1 que chineses e descendentes estão comprando caixas de máscaras descartáveis para enviar a familiares. Em farmácias do Alto Tietê, os estoques estão esgotados.
Alagoas – ao menos três lojas de Maceió especializadas em produtos hospitalares relataram, nesta sexta-feira (31), que estão sem estoque de máscaras cirúrgicas. Mas somente uma percebeu aumento na procura pelo produto. Duas lojas informaram que não houve alteração nas vendas e atribuem a falta de estoque aos fornecedores, que são de São Paulo. Já as farmácias de Maceió continuam vendendo máscaras cirúrgicas normalmente e não perceberam qualquer aumento na procura pelo produto – o G1 contatou ao menos 10 farmácias na cidade.
Pernambuco – duas distribuidoras de máscaras cirúrgicas em Recife, a Fertek Ferramentas e a Descartex, registram aumento de encomendas.
Minas Gerais – uma empresa de Uberlândia que fabrica álcool em gel registrou neste mês demanda maior que em janeiro de 2019. Farmácias da cidade mineira também registraram aumento na busca pelo produto e por máscaras.
Santa Catarina – a demanda por máscaras de proteção descartáveis aumentou em Santa Catarina após o registro de casos suspeitos de coronavírus. Nesta sexta, representante comercial, revendedor e importadora do produto nas regiões do Vale do Itajaí e do Norte relataram ao G1 que a procura cresceu tanto em pedidos feitos por estabelecimentos comerciais quanto em lojas virtuais.
Médico diz que população não precisa de máscaras
O médico Alexandre Chieppe, da Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, destaca que não é motivo para correr em busca das máscaras. Segundo ele, esta não é a recomendação.
“Não existe recomendação da Organização Mundial de Saúde, do Ministério da Saúde e nem da Secretaria Estadual de Saúde para o uso de máscaras pela população. Não há evidências de circulação do vírus no país”, destacou Chieppe.
Na quinta, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recebeu um fragmento do coronavírus para ser usada em comparações para determinar possíveis resultados positivos de exames realizados no país. Os fragmentos virais foram trazidos ao país pela Organização Pan Americana de Saúde (Opas).
A Fiocruz está recebendo as amostras de casos suspeitos de todo o país e as analisando no laboratório da instituição. Porém, a expectativa é que seja formada uma rede entre todos os estados e o Distrito Federal para que estes casos sejam vistos em cada local.
Balanços oficiais
Os balanços do governo federal e das secretarias estaduais ou municipais podem ter números diferentes. Eventuais divergências ocorrem porque os boletins diários, que passarão a ser informados diariamente às 16h, se baseiam em informações coletadas até o meio-dia. Segundo o ministério, notificações enviadas após o meio-dia constarão no boletim do dia seguinte.
Fonte: G1