Andrea Trindade
No dia 25 de dezembro, Natal, vai fazer uma semana que a estudante Rebeca Almeida de Oliveira, de 19 anos, foi assassinada com um tiro na testa durante uma tentativa de assalto na Rua Marechal Deodoro, no centro de Feira de Santana. A rua estava bastante movimentada, numa manhã de quarta-feira, e o bandido fugiu em uma bicicleta, sem levar o objeto cobiçado. Um celular. A mãe estava com ela e presenciou tudo.
Com profunda tristeza, a família e os amigos pedem a prisão do assaltante. Para chamar a atenção das autoridades policiais e pedir uma resposta mais rápida, para identificar quem matou Rebeca, foi realizada uma manifestação na manhã desta segunda-feira (23), que começou na mesma rua onde o crime aconteceu.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
“Queremos a prisão dele, queremos que ele pague, queremos apenas justiça. Rebeca não tinha uma vida promiscua, não era envolvida com coisas ilícitas e nada justifica uma pessoa tirar a vida de outra. Ela era uma pessoa do bem, muito divertida, alegre, amável, não guardava rancor, uma pessoa amiga de todos. Ele destruiu a nossa família, destruiu a vida da minha tia principalmente”, declarou a prima de Rebeca informando que estavam preparando uma comemoração para o Natal, que não terá mais. “Não temos motivos. Acabou”, disse.
Notícias faltas nas redes sociais
Bruna Kevilin, amiga e uma das idealizadoras da manifestação, chamou a atenção das pessoas para o desrespeito e irresponsabilidade de compartilhar notícias falsas nas redes sociais e lamentou o fato de que no local do crime, com tantas testemunhas, as pessoas se calam sobre o que viram.
“Não é possível que aqui com tantas câmeras, com tantas pessoas, e as pessoas fazem silêncio. As pessoas viram o assassino, mas têm medo, e ficam compartilhando notícias falsas. Estão dizendo que foi por causa da sexualidade dela, que foi o ex-marido, ela nunca teve ex-marido. As pessoas não têm comprometimento nenhum com a verdade. Não tem amor nenhum a mais nada. Esse monstro tentou roubar o celular dela, poderia acontecer com qualquer um, pediu e quando ela colocou a mão na bolsa deflagrou um tiro na testa dela e desistiu de levar o celular. As pessoas ficam mentindo, tentando criar justificativas para uma vítima, que poderia ser a filha, a mãe ou irmã de qualquer um”, declarou Bruna em entrevista ao Acorda Cidade.
Ana Carla Silva, também é prima de Rebeca e foi criada com ela como irmã. Ela reforçou que são boatos as informações que estão compartilhando em redes sociais de que o autor foi alguém com quem ela já teve algum relacionamento e disse que tudo isso só faz aumentar a dor da família.
“É muita dor, principalmente para nossa mãe que presenciou aquilo tudo, e até o momento nenhuma resposta da polícia. Como acontece um crime daquele, num local daquele? Um cara chega assim de bicicleta, assalta, dá um tiro em uma pessoa, tira sua vida e fica por isso mesmo? Está ocorrendo vários boatos que só fazem aumentar a dor da família. Ela nunca tinha visto o bandido, realmente foi uma tentativa de assalto. Ela estava solicitando um transporte por aplicativo, já estava retornando para casa com minha mãe, e quando ele a viu com o celular deu voz de assalto. No momento do susto ela abaixou a mão e ele não pensou duas vezes. Deflagrou o tiro. Ninguém teve coragem de gritar, de fazer nada, e ele fugiu de bicicleta”, lamentou.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
Daiana, tia da vítima, estava muito emocionada e também pediu justiça: “Ele acabou com a gente. Queremos justiça, Rebeca era uma criança, só tinha 19 anos. Isso não pode ficar assim. Todos que estão aqui amavam Rebeca. A gente quer ver a cara deste miserável. Ele destruiu a gente”, disse.
A namorada de Rebeca, Caroline Teles destacou que ela lutava muito pelas causas sociais, contra a impunidade e que escrevia sobre isso. Rebeca era chamada pelos amigos de poetisa.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
“Ela morreu por uma causa que ela defendia. Sempre defendeu a justiça por morte de mulheres negras, que morreram e nunca tiveram suas vozes ouvidas. Ela sempre lutou por todas as pessoas que morreram como ela, e escrevia sobre isso. Mesmo quando as pessoas já tinham desistido, já não ligavam mais, não suportavam mais, ela fazia questão de lutar e dizer que essa era a luta dela, e que não iria deixar ninguém ser esquecido. Por isso estou aqui hoje, eu disse que eu sempre estaria com ela até o final, independente do que acontecesse. Essas mortes acontecem o tempo inteiro, ela não foi a única, e ninguém faz nada”.
Com informações dos repórteres Paulo José e Ney Silva do Acorda Cidade
Leia também: Jovem de 19 anos é assassinada em tentativa de assalto na Rua Marechal Deodoro
Foto: Reprodução/Facebook/Arquivo pessoal
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Fotos: Paulo José/Acorda Cidade