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De janeiro a novembro de 2019 nasceram, no Hospital Inácia Pinto dos Santos (Hospital da Mulher), sete bebês com cardiopatia congênita, deste total dois foram a óbito.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), de cada mil crianças nascidas vivas pelo menos oito têm problemas no coração (cardiopatia congênita). Das seis milhões de crianças que nascem por ano no Brasil, em torno de 45 mil tem o problema, mas cerca de 25 mil não são operadas. O mais grave é que em 80% dos casos a operação precisa ser realizada até o sexto mês de vida.
As cardiopatias congênitas dividem-se em três grupos. O primeiro é formado por doenças altamente complexas e atinge 20% dos bebês. Se as crianças não forem operadas, 90% morrem antes de completar o primeiro mês de vida. O segundo grupo atinge a maior parte das crianças, 60%, e são consideradas doenças graves. As estatísticas apontam que se elas não forem operadas, 90% morrem durante o primeiro ano de vida. O terceiro grupo se refere às cardiopatias mais simples, e atinge os 20% restantes. Se a criança não for operada, nunca vai levar uma vida normal.
Para melhorar a assistência na área de cardiologia pediátrica na região, a Prefeitura Municipal, por meio da Fundação Hospitalar de Feira de Santana (FHFS), oferta o serviço de atendimento com médico cardiologista e disponibiliza o exame Ecocardiograma para crianças nascidas no Hospital da Mulher.
Fator hereditário, doenças e uso de drogas na gestação
O cardiologista pediátrico Carlos Inácio é o responsável por prevenir, diagnosticar e tratar doenças e disfunções relacionadas ao bom funcionamento do coração das crianças, atuando no acompanhamento do coração e sistema circulatório desde o período gestacional, até o início da fase adulta. O atendimento é realizado no ambulatório do Hospital da Mulher e Hospital Municipal da Criança para pacientes encaminhados pelo serviço de cardiologia implantado no HIPIS, que presta assistência inclusive para crianças de outros municípios pactuados.
“Este é um ambulatório que presta assistência à um grande número de pacientes de Feira e região, além de outras cidades onde não há uma assistência especializada em cardiologia. As cardiopatias congênitas compreendem a má formação do coração em recém-nascidos e é a terceira causa de morte em bebês. Em cerca de 60% das crianças atendidas são realizados os exames necessários para detecção de doenças no coração”, Carlos.
Segundo o especialista além do fator hereditário, as causas podem ser outras. "As cardiopatias podem vir a se desenvolver por alguma medicação que a mãe esteja usando, por determinados antibióticos ou anti-inflamatórios ou também por infecções que a mulher sofra durante a gravidez. Neste caso são mais comuns as infecções virais, como a rubéola, toxoplasmose, sífilis e herpes", cita. “Diabetes descontrolado e uso de drogas também aumentam o risco”. acrescenta o médico.
Demora na transferência é aspecto mais preocupante
De acordo a Gilberte Lucas, presidente da FHFS, o aumento no número de bêbes nascidos com cardiopatia congênita é preocupante, principalmente pelo fato de que o Hospital da Mulher é uma unidade de saúde de médio risco. “O maior impasse é a demora para transferência e temos a consciência da urgência, porque os bebês que nascem com cardiopatia congênita precisam de uma assistência de alta complexidade e em todos os casos são cirúrgicos, sendo necessário a transferência através da Central de Regulação”, informa.
A gestora ressalta a apreensão que envolve toda a equipe do hospital quando se deparam com um caso como esse, quando se depende da regulação. ”As estatísticas não escondem a nossa preocupação. Hoje nós temos uma criança que aguarda na fila de espera da Central de Regulação para um hospital especializado em cirurgias do coração, ela nasceu com cardiopatia congênita e se não houver celeridade e prioridade na transferência, poderá vir a óbito. Para nós do HIPS é uma tristeza imensurável”, desabafa.
Ecocardiograma é realizado no Hospital da Mulher
O Hospital da Mulher realiza o Ecocardiograma, exame que detecta a cardiopatia congênita. “A medida é uma iniciativa do Governo Municipal e traz maior efetividade aos serviços de saúde e a atenção ao paciente, levando em consideração que o exame de Ecocardiograma está disponível no Hospital da Mulher fazendo que pacientes do nosso município que necessitavam fazer o exame em outras cidades possam realizá-lo na comodidade de sua localidade de origem e trazendo maior resolutividade e efetividade à saúde dos nossos pacientes, visto que a cardiopatia congênita é detectado no recém nascido através dos exames”, explica Gilberte.
Segundo os dados apresentados pela gestora, de janeiro à novembro de 2019 foram realizados 1.110 atendimentos cardiológicos e 1.700 exames Ecocardiogramas. ”Com a implantação do serviço, a estimativa é atender uma média de 100 pacientes por mês, vindos do ambulatório de cardiologia que foi instalado no HIPS e já vem resultando em impactos positivos para a saúde da população infantil do Hospital da Mulher”, afirma a gestora.