Ney Silva e Rachel Pinto
Atualizada às 15:21
A unidade da Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba) em Feira de Santana completou dois anos funcionando em situação precária.
A unidade, que antes da reforma e ampliação do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) funcionava em um imóvel ao lado da entrada de acesso ao pronto socorro, está com o setor de coleta de sangue funcionando dentro de uma unidade móvel, na área do HGCA.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
O local de atendimento aos doadores dentro do ônibus além de ser ruim e desconfortável vem gerando reclamações. A unidade móvel geralmente é usada para campanhas de doação. O estudante Victor Sousa disse que várias pessoas estão deixando de doar sangue devido a falta de um médico para acompanhar o atendimento, por exemplo. Na última segunda-feira (18), várias pessoas desistiram de doar sangue devido a falta do profissional.
Victor considerou a situação como muito desestimulante.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“O pessoal chegou aqui bem cedo para poder doar e aí a situação é que não tinha médico. Um completo descaso. Muitas pessoas tiveram que ir embora. Elas queriam doar, mas não puderam esperar. Gente de outra cidade, pessoas das cidades do interior que vieram doar sangue para poder ajudar parentes e amigos não tiveram condições de doar. Voltaram para casa. Gastaram dinheiro com alimentação, transporte e muitas deixaram um dia de trabalho para poder vir aqui doar sangue, mas não conseguiram”, lamentou.
O estudante também declarou que a as condições do ônibus para doação de sangue são horríveis. As pessoas ficam em cadeiras desconfortáveis, embaixo de um toldo aguardando serem chamadas para entrar em um ônibus, segundo ele um veículo velho e que fica balançando, inclusive dificultando que os profissionais fixem a agulha no braço das pessoas para a coleta de sangue.
A técnica de enfermagem Vaneuza de Jesus também foi fazer uma doação e reclamou da situação precária da unidade móvel de coleta.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“Aqui é horrível. O estofado está todo rasgado. A gente fica na espera em uma cadeira no meio brita. Um calor, poeira, não teve médico para acompanhar a doação de sangue e muita gente desistiu”, afirmou.
A presidente da ONG Doadores por Amor, Cecilia Pires também criticou a falta de estrutura do local. Ela relatou que há situação existe há dois anos e lamentou também pela falta de estrutura para o trabalho dos profissionais.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“Uma situação surreal. Eu não falo nem por mim enquanto doadora, porque eu venho aqui faço a minha doação e em meia hora e vou embora. Também pelos funcionários que estão aqui há dois anos trabalhando dentro de um ônibus. O ônibus balança e dificulta até pegar a veia das pessoas com o veículo balançando. É uma agulha bem grossa. Não tem um banheiro que a gente possa utilizar. O banheiro é o do ambulatório. Em tempo de chuva não tem condições da gente fazer uma doação de sangue, como é que Feira de Santana não tem hoje uma sede do Hemoba, uma sala que seja para isso aqui funcionar? Eu sou ativista em doação de sangue e cadastro de medula, mas não me sinto a vontade para fazer uma campanha, um café da manhã, algo diferente para o doador nessas condições. A gente fica no sol, no tempo e queríamos uma sede, uma sala que seja”, comentou em entrevista ao Acorda Cidade.
O que diz o Hemoba
O diretor-geral da Fundação Hemoba, o médico Fernando Araújo, reconhece algumas dificuldades da unidade de Feira de Santana. Ele garante que em três meses a unidade terá um espaço provisório até a construção de uma nova sede.
“Eu quero tranquilizar a população de Feira de Santana com relação a transfusão de hemocomponentes na cidade. Há uma situação de informação estrutural de Hemocentro de Feira de Santana e enquanto isso nós estamos utilizando uma unidade móvel que nós costumamos chamar de Hemóvel e nesse intervalo estaremos estruturando uma unidade temporária até a unidade fixa que será o Hemocentro de Feira de Santana ficar pronto. Esse período, provavelmente de unidade temporária, não mais do que menos de três meses. A unidade fixa, já estará pronta no período do ano que vem e então a unidade temporária se faz necessário. Mas, o mais importante para a população de Feira de Santana é que nós não estamos permitindo nenhum desabastecimento de hemocomponente nem para nenhum hospital e nem para a macrorregião de Feira de Santana”, disse.
O local temporário referido pelo médico Fenando Araújo será uma parte do Núcleo Regional de Saúde, Centro Leste antiga 2ª Dires.