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Há 148 anos, em setembro de 1871, um vereador de Feira de Santana pediu a palavra para fazer um pronunciamento na Câmara Municipal. Ele comunicaria ali a vigência de uma nova regra que mudaria os rumos da história local: a Lei do Ventre Livre. A partir dali, toda criança feirense que nascesse de uma mulher escrava seria considerada livre, segundo a nova legislação. A lei não enquadrava aqueles já que fossem escravos.
A ata da Câmara de Vereadores que comunica e oficializa a vigência da norma está disponível no Arquivo Público Municipal de Feira de Santana e esteve nas mãos de Daniela Nascimento, professora de História das escolas municipais Jonathas Telles de Carvalho e Ana Brandoa, na última terça-feira, 17. Isso por que ela e outros 47 professores da disciplina visitaram o local para coletar informações sobre o período de escravatura em Feira de Santana no século XIX.
A visita ao Arquivo Público integra a programação das atividades complementares formativas de História, cujo objetivo é implementar de maneira prática a Proposta Curricular do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Educação – que prevê o tratamento dos conteúdos de forma relacionada à realidade das escolas – e o levantamento de informações para posterior disponibilização virtual aos demais docentes.
Simone Dias, coordenadora geral do Grupo de Currículo do Ensino Fundamental da Secretaria de Educação, GCEF, diz que a busca e produção própria de materiais didáticos a partir de fontes primárias e secundárias são as partes mais fundamentais desta atividade. “A ideia é produzir material didático para as aulas da disciplina e construir um acervo de história local que estará disponível para todos”, complementa.
Os próprios professores escolheram a temática para tratar neste primeiro momento. Eles elaboraram questões que fariam às fontes e foram ao Arquivo. Um grupo ainda irá ao Museu Casa do Sertão, da Universidade Estadual de Feira de Santana, para pesquisar o acervo do Jornal Folha do Norte.
Simone pontua que, geralmente, estuda-se a escravidão no Brasil como um fato histórico distante, ocorrido no Rio de Janeiro, São Paulo, etc. "'E em Feira, houve escravidão também? Já existia Feira, a cidade, no Brasil Colonial e Imperial?' Essa relação entre o local e o nacional pode contribuir para o estudante entender a simultaneidade da história e se perceber como parte dela", explica.
Outro motivo para escolha foi o próprio perfil da comunidade feirense, em especial dos estudantes da Rede Municipal de Educação: maioria negra ou descendente. "Esse é um tema que eles se autoidentificam, querem conhecer mais e gostam. Os professores têm pouco material disponível para elaborarem as aulas. A produção desse material didático será de suma importância", finaliza Simone.
As informações são da Secretaria Municipal de Comunicação