Ney Silva e Daniela Cardoso
O 1º Beic – Batalhão de Ensino, Instrução e Capacitação – vai incluir as terapias integrativas em suas atividades de atendimento aos policiais militares. O anúncio foi feito pelo tenente coronel Carlos Humberto, comandante da Unidade. Este mês, desde o último dia 10 de setembro, o batalhão vem promovendo palestras com objetivo de prevenção ao suicídio. O projeto é denominado Sentinela e já foi implantado em duas companhias de Salvador.
O tenente coronel Carlos Humberto explica a necessidade desse projeto que, segundo ele, poderá se entender a outras unidades de capacitação da PM. “A Polícia Militar pela sua extenuante missão está propensa a todas as espécies de transtornos mentais. Precisamos ter um olhar diferenciado para o público interno e estaremos apresentando esse projeto como proposta ao nosso diretor de ensino, pois queremos transformar em um plano piloto para as escolas, para que possamos atender todas as unidades da Bahia, que passam pelos cursos de formação pelas nossas escolas”, afirmou.
Segundo ele, a intenção é diagnosticar, assegurar o primeiro atendimento ao perceber o sofrimento do policial militar e, em seguida, passar as informações para os comandantes para que tenha continuidade no tratamento e os policias possam cada vez menos estar envolvidos com transtornos mentais e suicídios.
O tenente coronel disse ainda que esse trabalho envolve e exige a participação de toda a sociedade e que uma equipe multidisciplinar será formada para que o corpo de profissionais esteja envolvido no processo de identificação do grau de sofrimento do policial e para que seja aplicada adequadamente a medida terapêutica no processo de tratamento. “Estamos buscando diversos profissionais. Os profissionais que trabalham com terapias ocupacionais, que aplicam reiki, massoterapeutas, para compor nosso quadro de profissionais de saúde e propiciar um tratamento completo para nosso efetivo”, destacou.
Policiais morrem mais por suicídio do que em confrontos
Dados do Anuário Brasileiro de 2018 referentes a mortes de policiais indicam que o número de militares que se suicidaram superou o número dos que morreram no desempenho da atividade policial. A informação foi dada pelo médico Lucio Neves, que coordena a unidade de saúde do 1º Beic. Ele proferiu uma palestra na programação do Setembro Amarelo promovido pelo Beic como forma de prevenção ao suicídio.
“Os dados são alarmantes. Nós tivemos no ano de 2018, 87 policiais que foram a óbito em combate, contra 104 policiais que foram a óbito por conta de suicídio. Isso é um dado que nos preocupa e neste mês de setembro estamos falando sobre essas doenças que podem ser prevenidas. Quando o policial procura ajuda, 90% desse índice é diminuído. Ele tem um suporte, uma ajuda que faz com que esse ato não seja praticado”, ressaltou.