Laiane Cruz e Ney Silva
Um grupo de mães de crianças com microcefalia compareceu ontem (18) na Defensoria Pública da União, em Feira de Santana, para pleitear uma ação judicial por danos morais, contra a prefeitura, o governo do estado e o governo federal. O objetivo delas é conseguir uma assistência financeira maior, além de mais apoio psicológico e social.
A dona de casa Érica Macedo Silva, mãe de Artur, de 4 anos, falou sobre essa busca de direitos. “Hoje algumas mães recebem o auxílio BPC e outras não. Então a gente precisa de um suporte financeiro melhor, a exemplo de inclusão social nas escolas, que não têm essa adaptação aqui em Feira de Santana e provavelmente no nordeste todo. A gente precisa de um ganho financeiro melhor, porque um salário mínimo não dá pra nada. Nós precisamos de assistência material, social, moral e psicológica e física também, porque foi um dano físico ao nosso filho. A gente precisa que o nosso filho esteja bem pra gente conseguir sair, comprar comida, pagar uma conta, pois tudo dificulta e a gente fica presa. Nossos filhos não vão ter cura, mas se a gente tiver um ganho financeiro melhor vai ter qualidade de vida pra essas crianças”, afirmou.
Ela afirmou ainda que depois que Artur nasceu ainda demorou um tempo para a secretaria de saúde colher o sangue dela e do garoto. O exame foi feito para comprovar a infecção por zika, mas, segundo ela, até hoje o resultado não saiu. “Mas o que se sabe é que o governo afirma que foi por causa da zika, e muitas mães fizeram o exame, mas não se comprovou”.
Mãe de Davi Henrique, Mayane Souza falou sobre as dificuldades que enfrenta no dia a dia com o filho. Ela relatou ainda que descobrir que o filho tinha microcefalia foi um choque.
“Foi meu segundo filho. Tive o Davi e vim descobrir depois de um mês de nascido no Clériston. Eu tive que deixar minha vida de trabalho, meu filho mais velho com minha mãe, pois tive que correr contra o tempo para descobrir o que era a microcefalia, se existia tratamento e uma cura, mas eu vi que não existia. Existiria um cuidado, amor e carinho que teria que dar a ele e a minha atenção. Então pra mim foi um choque, pois eu não esperava meu filho vir com esse problema, fora que ele ainda tem uma alergia à proteína do leite de vaca (APLV), em que ele toma uma fórmula que pra mim é muito cara. Hoje a gente vê o que a gente passa, só a gente sabe. Ele não anda, não fala, reage brincando, tem baixa visão, afetou muito a parte motora dele, e a gente vive pra ele”, contou.
A Defensoria Pública informou através da sua assessoria que vai analisar o pedido das mães e verificar a possibilidade de acionar ou não os três entes federativos.