Acorda Cidade
A igreja católica não vai participar esse ano do Grito dos Excluídos, movimento que ocorre há 25 anos durante o Desfile Cívico do 7 de Setembro. O Arcebispo metropolitano de Feira de Santana, Dom Zanoni, explicou que o grito vai continuar acontecendo, porém sem a participação da igreja católica.
“Fizemos essa avaliação e comunicamos que esse ano nós precisamos avaliar a modalidade da nossa articulação. Mas do que nunca o grito dos excluídos precisa ser escutado. Vivemos numa situação de crise, com direitos diminuídos e nosso apelo é que precisamos colocar todas as forças em defesa do nosso país, da vida. O grito dos excluídos não deve ser somente no 7 de setembro, mas em todos os momentos. Talvez a gente possa nos reunir para pensar como fazer para que o interesse do povo não seja diminuído. A igreja tem se empenhado em todos os ambientes ouvindo as pessoas e toda a sociedade precisa participar do grito dos excluídos e não apenas a igreja. O grito dos excluídos não é da igreja. É da sociedade. Há uma força grande que quer falar a voz e nós precisamos assumir esse grito”, afirmou.
Reginaldo Miranda, que é Presidente da Cáritas Arquidiocesana, informou que no ano passado foi realizado um seminário para ouvir as pessoas da igreja. Segundo ele, naquele momento começava a se questionar o formato do grito e quais são os ecos da igreja, o que levou a uma reflexão.
“Esse ano, em contato com o bispo e em consulta com outras pastorais, a gente começou a refletir qual era nosso grito. Em diálogo com Dom Zanoni e outras pessoas, resolvemos não sair no grito esse ano. Ele é permanente e deve sair, mas nós, enquanto igreja, não sairemos. Não vamos nas ruas esse ano, mas faremos outros gritos permanentes”, reiterou.
A Cáritas Arquidiocesana enviou um comunicado sobre a decisão:
Comunicamos as Lideranças das Pastorais, Igrejas em suas diversas Denominações Religiosas, Movimentos Sociais, Sindicatos comprometidas em construir o Grito dos Excluídos em nossa Arquidiocese, que este ano não iremos as ruas no desfile de 7 de Setembro.
A decisão não parte apenas da Cáritas como uma entidade da Igreja Católica, mas parte da necessidade de repensar a nossa caminhada e refletir sobre a atuação da Igreja no Grito dos Excluídos nos últimos anos.
O lema do grito faz uma chamada que nos ajuda refletir o caminho percorrido até aqui, e ao mesmo tempo, o que temos feito enquanto Cristãos Batizados/as. Reiteramos que não deixaremos de lutar, faremos uma reflexão interna. O cenário político atual nos impulsiona a seguir na luta por um projeto popular capaz de propor as mudanças que o país precisa e unificar a luta em torno do respeito à democracia e a justiça social.
A Cáritas assume seu compromisso com os excluídos/as, acreditamos que o grito é uma ação permanente e não pontual, nos comprometemos em realizar ações com a participação do conjunto das Pastorais, Movimento Sociais, Trabalhadores/as e os Empobrecidos/as da sociedade.