Feira de Santana

Sindicato dos rodoviários determina recolhimento de toda frota de ônibus de Feira de Santana

O terminal central está completamente vazio. Não há previsão de quando os veículos vão voltar a circular.

Daniela Cardoso e Ney Silva

Atualização: Motoristas de ônibus retornam ao trabalho, diz sindicato; vans do Stipac também

Toda a frota de ônibus urbano de Feira de Santana está retornando as garagens das empresas. São 115 ônibus da empresa Rosa e 110 da São João. O vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários, José Sousa, explica a razão do recolhimento dos veículos:

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Foi dado uma limitar para rodar 160 vans aqui em Feira. Já temos vans legalizadas, temos motoristas por aplicativo, temos táxi e não tem condições, por isso tivemos essa decisão de tirar os ônibus e deixar as vans rodarem. Não temos como competir com essas 160 vans e queremos garantir nossos empregos, por isso tomamos essa decisão. Agora vamos aguardar alguma posição favorável de tiver essas vans e a gente voltar a operar normalmente”, afirmou em entrevista ao Acorda Cidade.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

José Sousa disse ainda que a categoria pretende se reunir na tarde de hoje com os outros modais para debater a situação do transporte público em Feira de Santana.

No terminal central, a notícia do recolhimento da frota pegou os passageiros de surpresa. Fiscais das duas empresas colocaram veículos a disposição para levar as pessoas aos seus destinos.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A dona de casa Juscelina Alves dos Santos ficou preocupada e não sabia como voltar pra casa. “Soube agora que não está tendo ônibus. Moro no bairro Pedra Ferrada e não sei como vou pra casa, eu já paguei a passagem até aqui no terminal e agora estou sem saber o que fazer. Pegou a gente de surpresa”, disse.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A dona de casa Sintia Pereira chegou ao terminal central e pretendia ir pra casa da avó no conjunto Feira VII, sendo informada que não tinha como seguir viagem. "Eu vim do Santo Antonio dos Prazeres e fiquei surpresa com a falta de ônibus, pois não sabia dessa paralisação. Agora vou ter que voltar pra casa”, disse.

O terminal central está completamente vazio. Não há previsão de quando os veículos vão voltar a circular.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Representantes da cooperativa no Ministério Público

O advogado e o diretor da Cooperativa de Transportes Alternativo de Passageiro do Alto do Peru, Fazenda Grande do Retiro, São Caetano, Pirajá e Castelo Branco, foram até o Ministério Público Estadual nesta manhã conversar com o promotor em relação a paralisação dos ônibus. O diretor Antonio Santos destacou que existe uma decisão judicial, que até então não foi cassada e que prevalece aquilo que a justiça determinou.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“O relacionamento do transporte alternativo como um todo sempre foi como gato e rato, nunca teve uma boa união, mas nossa situação não tem nada a ver com a outra. O pessoal que foi licitado está operando em parte, pois não foi implantado todo o sistema e nós que fazíamos parte do sistema de transporte alternativo e ficamos de fora por conta da licitação, conseguimos o direito, provamos pra justiça que temos o direito de trabalhar e assim foi concedido”, afirmou. 

Sobre a paralisação dos ônibus, o diretor declarou que cada um defende o seu lado. “Estamos defendendo o nosso e eles estão defendendo o deles, cabe ao município se posicionar”. 

O advogado da cooperativa Toni Franklin informou ao Acorda Cidade que pela cooperativa, sob a determinação judicial, são 30 vans que estão circulando em Feira de Santana. 

Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

“As vans vão continuar rodando, pois é uma decisão judicial e o usuário tem o direito de escolher o meio de transporte que quiser, seja táxi, ônibus, vans. Além disso, estamos falando também da própria movimentação econômica do município. São empregos gerados e famílias sendo sustentadas”, afirmou. 

O advogado também comentou sobre a situação da paralisação dos ônibus e cobrou um posicionamento da prefeitura. “É uma total falta de responsabilidade e descumprimento de contrato público e o município deve tomar as devidas medidas, pois coloca toda a população refém da vontade de poucos. Isso é incabível e com certeza existem sanções contratuais para esse tipo de situação”. 

O que diz a prefeitura

O prefeito Colbert Martins Filho determinou que a Secretaria de Transportes do Município notifique as empresas quanto a necessidade do cumprimento de contrato que mantém com o Município para que seja retomado imediatamente o serviço. Também se reuniu com o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Alberto Nery, para alerta-lo quanto a ilegalidade da paralisação.

“A decisão judicial realmente é grave, pois autoriza que proprietários de vans não licitados estejam prestando serviço de transporte em dezenas de linhas, urbanas e rurais, causando enorme prejuízo aos que participaram e venceram o processo licitatório”, diz o prefeito.

Além da medida administrativa de notificação quanto a necessidade de garantir a prestação do serviço, o procurador geral do Município, Cleudson Almeida, está se dirigindo ao Tribunal de Justiça da Bahia, acompanhado de advogados representantes das empresas e do sindicato, para buscar uma audiência com o desembargador relator do processo. O objetivo é informa-lo sobre os fatos recentes e lhe apelar para que julgue o recurso.

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Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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