Laiane Cruz
O número de apreensões envolvendo adolescentes em Feira de Santana aumentou em 50% no primeiro semestre de 2019, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Delegacia para o Adolescente Infrator (DAI). Tráfico de drogas, homicídios, tentativas de homicídio, e roubo, estão entre os principais atos infracionais graves cometidos por menores.
De acordo com a delegada titular da DAI, Danielle Matias, no ano passado, de janeiro a junho, foram cumpridos cerca de 20 mandados de busca e apreensão. Este ano, esse número aumentou para 30.
“É um número considerável e reflete na questão da criminalidade da cidade, pois a gente está percebendo um envolvimento grande de adolescentes, levando em consideração também que quando eles são apreendidos são por atos infracionais graves, ou seja, tráfico de drogas, homicídio, tentativa de homicídio, roubo. Esses adolescentes foram apreendidos e encaminhados para o Melo Matos, para o Zilda Arns ou até para Salvador, a depender da situação”, informou a delegada.
Falta de estrutura
A falta de estrutura familiar, segundo a delegada Danielle Matias, é na opinião dela o principal fator que leva esses jovens à criminalidade.
“Muitas vezes os pais ou não estão presentes ou quando moram com o adolescente saem cedo para o trabalho e muitos desses adolescentes acabam sendo criados na rua, com os amigos, os vizinhos, são aliciados para o tráfico de drogas e começam a usar desde cedo, crianças, aos 9 ou 10 anos, iniciam uma vida criminosa, e o tráfico de drogas acaba levando a outros atos”, avaliou.
Outra questão que estaria levando esses adolescentes a uma vida criminosa seria o desejo por coisas materiais que estão além do seu poder aquisitivo.
“Muitas vezes não é a necessidade financeira, mas a própria natureza do adolescente de ver que o outro tem algo que ele não tem, um celular, um tênis melhor, e a família não tem condição de dar naquele momento ou daquela marca que se deseja, então vai roubar, praticar um furto, vender drogas, pra poder ter esse dinheiro, que a gente percebe que são para coisas supérfluas”, disse.
Danielle Matias ressaltou ainda o aumento no número de prisões relacionadas a abuso sexual de crianças e adolescentes, através da Derca (Delegacia Especializada de Repressão ao Crime contra a Criança e o Adolescente).
“Esse ano, no primeiro semestre, a gente cumpriu seis mandados de prisão preventiva por crimes de estupro de vulneráveis, sempre a vítima sendo menor de idade. No ano passado, nesse mesmo período foram cumpridos dois mandados, então é um aumento grande, e a gente imagina que seja por conta das denúncias, pois hoje em dia as pessoas estão denunciando mais, tem um conhecimento maior do que fazer nessas situações, apesar de que não todas as ocorrências que chegam à delegacia”, informou.
Bahia
Segundo dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP), no primeiro semestre de 2019, 2.401 adolescentes foram encaminhados para delegacias da capital e outras unidades da Polícia Civil do estado. Destes, 300 foram encaminhados para Comunidades de Atendimento Socioeducativas. Adolescentes de 16 e 17 anos são os mais reincidentes.
Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade.