Rachel Pinto
O promotor de justiça Ariomar José Figueiredo da Silva em entrevista exclusiva ao Acorda Cidade afirmou que não teve a intenção de ofender a defensora pública Fernanda Morais, durante o júri em que ambos participavam e que a defensora alegou ter sofrido assédio do promotor, no instante em que ele, conforme relato da defensora, usou um tom de conotação sexual ao saudá-la e pedir para que ela ficasse calma, pois “a primeira vez com um negão nunca dói”.
Após o episódio do júri, Fernanda divulgou o fato nas redes sociais e afirmou que não iria admitir tal situação. Várias instituições como o Coletivo de Mulheres Defensoras Públicas do Brasil, Ministério Público (MP), Associações nacional e estadual de Defensoras e Defensores Públicos e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se pronunciaram e repudiaram a atitude do promotor Ariomar.
Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade
O promotor relatou que não lançou palavras ofensivas à defensora e que usou no momento de saudação uma expressão que costuma usar com todos os colegas independente de serem homens ou mulheres. Ele declarou que pediu desculpas a promotora Fernanda e que respeita o posicionamento da OAB em relação ao caso.
“Não foi uma expressão que eu usei de forma ofensiva, mas no mesmo plenário do júri, uma vez que ela se manifestou sentir-se ofendida eu pedi perdão e pedirei perdão dez vezes a Dra. Fernanda. Ela é uma defensora pública brilhante, jovem, tem um trabalho proveitoso um trabalho constitucional, exerce uma missão importantíssima, tem que ser respeitada e eu não a desrespeitei. Pedi perdão naquela oportunidade e dez vezes que eu faça júri com ela, eu vou perdi. Sou cristão, não tinha e tenho a mínima intenção de ofendê-la, ela é uma pessoa digna, correta e está fazendo o papel dela. Papel constitucional legítimo da defensoria pública e cabe a mim como cristão como fiz, pedi perdão a ela. Dez vezes que eu retorne ao Tribunal do Júri em Feira de Santana ou em qualquer outra comarca que eu encontre Dra. Fernanda ou qualquer pessoa que se sinta ofendida por essa palavra pedirei perdão, esse é o meu papel de cristão”, enfatizou.
Para o promotor, a OAB tem toda legitimidade para fazer esclarecimentos sobre o fato e emitir seus pontos de vista diante da análise de todos os fatos.
“Eu no plenário do júri deixei bem claro que não tive a intenção de ofendê-la. Fui para réplica e inclusive na primeira oportunidade , da réplica se a Dra. Fernanda tivesse no momento em que eu falei, tivesse manifestado qualquer oposição ou irresignação , eu já teria pedido desculpa e esclarecido logo com ela. Mas, ela deixou para dizer qualquer coisa na fala da defesa e a primeira oportunidade que eu tive que foi a réplica. Eu apresentei o meu pedido de desculpas e expliquei de novo que não houve ali nenhuma intenção de ofensa. Eu disse e repito o que eu disse a Dra. Fernanda É o que eu digo a todo jovem advogado, homem ou mulher que faz júri comigo pela primeira vez. Eu disse exatamente essa expressão: ‘Drª. é o primeiro de vossa excelência comigo e a primeira vez no júri aqui com o negão não doí’. Ou seja, vou na prova, não sou de fazer ataques pessoais e sempre procuro atuar da forma melhor e legítima possível. Se ela entendeu mal e realmente entendeu eu pedi perdão, pedi naquele júri e vou pedir cem vezes, o quanto necessário, ela é uma profissional que merece o máximo de respeito, jovem defensora pública, brilhante, tem seus méritos e a vida é assim”, concluiu o promotor.
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Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade.