Ney Silva e Daniela Cardoso
Uma entrevista do governador da Bahia, Rui Costa, sobre questões que envolvem as quatro universidades do estado vem sendo bastante contestada. O governador fez referências a salários de professores, verbas e gastos. O diretor da Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Feira de Santana (Adufs), Jucélio Dantas, garante que foram ditas inverdades.
“Ele falou sobre a precipitação da deflagração de uma greve nas quatro universidades estaduais, mas é bom lembrar que nós docentes estamos desde 2015 protocolando ofícios e mais ofícios junto ao governo do estado solicitando audiência para discutir a situação das universidades. Infelizmente o governador não recebeu o movimento docente durante esses quatro anos. Então o movimento passou pelo indicativo de greve de 2017 até 2019. Perto da deflagração da greve, saímos do indicativo de greve para o estado de greve e quando as assembleias estavam marcadas para deliberar sobre a deflagração, é que o governo convocou para negociação. Porém na assembleia a categoria decidiu pela greve e ele suspendeu as negociações”, relatou.
Segundo o diretor da Adufs, após a suspensão da negociação, o governador apresentou o quadro de promoção dos docentes, informando que são cerca de 900 ao todo, que atende a quatro universidades. Jucélio Dantas destacou que o docente que sai para fazer mestrado ou doutorado, se aperfeiçoa e por isso tem direito a receber um incentivo, porém, de acordo com ele, o governador já havia quatro anos sem dá esse direito.
“Os docentes, quando progridem passam de uma classe para outra. Passa de auxiliar para assistente, para adjunto, para titular e depois pleno. Essa é a carreira docente. Quando passa de uma situação dessa para outra tem um incentivo no salário base”, explicou.
Salário de R$ 20 mil
Sobre o valor do salário dos professores, o diretor negou que existam profissionais na Uefs ganhando 20 mil reais. Segundo ele, se existe algum professor nessa situação, é uma exceção e disse que atualmente a maioria dos professores ganha um salário menor que 10 mil reais.
“Sou professor adjunto, tenho 22 anos de casa e não ganho nem a metade de 20 mil reais. Essa é uma situação que o governador coloca e coloca de forma mentirosa. Pode ser que exista um ou outro professor em alguma universidade da Bahia que o salário chegue perto disso. Mas é uma situação quando o professor já está no fim de carreira, se aposentando. Não é uma situação normal dentro das universidades estaduais”, declarou.
Mensalidades em universidade
Outro assunto da entrevista que o diretor da Adufs pontuou foi a declaração do governador Rui Costa afirmando que estudantes de universidades públicas deveriam pagar mensalidade. Ele definiu essa declaração como afrontosa e absurda.
“Se pensarmos hoje na situação brasileira, como os estudantes se sacrificam muitas vezes para vir estudar dentro de uma universidade, que não tem o número de vagas adequado para atender a demanda e mesmo assim pensar em cobrar mensalidade dentro de universidade pública, isso é uma afronta, um absurdo, é coisa de governo de direita, que vê a educação como um negócio. Universidade não é negócio, na educação não se faz um gasto e sim um investimento”, afirmou, acrescentando que outras declarações do governador não são verdadeiras.
“O governador afirma que destinou 36 milhões de reais para as universidades estaduais da Bahia. Realmente ele está destinando esse valor, mas a população tem que entender que somente nos dois anos de 2017 e 2018 o governo contingenciou 110 milhões de reais. Outra coisa que o governador falou e não é verdade, é a questão do regime de Dedicação Exclusiva (DE). Ele colocou na entrevista como se o professor que tem uma essa dedicação, diminuiu a carga horária em sala de aula para ficar de braços cruzados, o que não é verdade”, finalizou.
Reitor explica gasto com vigilância na Uefs
O governador afirmou que a Uefs gasta com vigilância o dobro do que é gasto em outras universidades estaduais da Bahia (relembre aqui). Sobre esta declamação, o reitor Evandro Nascimento, respondeu em entrevista ao Acorda Cidade que vigilância não é só para o campus, mas também para outras instituições que fazem parte dela como o Observatório Astronômico Antares, o Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), o Horto Florestal entre outros. Ele informou também que a estrutura do campus da Uefs é horizontal e diferente das demais universidades. Por ter mais portarias, precisa aumentar a segurança na entrada e saídas de pessoas nesses locais. Além disse o sistema de segurança segue normas do estado há sete anos.
“Há sempre uma comparação da Uefs com outras universidades, mas, por exemplo, a Universidade Estadual de Santa Cruz tem um campus de 40 hectares, o da Uefs tem 101, uma vez e meia a área da Uefs. A área construída da Uefs também é maior do que o da própria Uesc, com menos área física construída com menos prédios e aqui na Uefs também nós temos, os prédios nossos mais horizontalizados, prédios de um pavimento, enquanto que, por exemplo, na Uesc, o prédio tem dois, três pavimentos, isso implica o quê? O único ponto de entrada no prédio precisou de um posto de vigilância. Como o projeto arquitetônico da Uefs é mais horizontal, com prédios de um pavimento, a cada vez que nós temos um prédio novo, um laboratório, um prédio administrativo, é uma entrada, é uma portaria, é um local onde tem um posto. Essas são as razões pelas quais nós temos um dimensionamento maior dos postos de segurança do que outras universidades. Nós temos várias unidades externas ao campus, o Centro Universitário de Cultura e Arte, a Biblioteca Monteiro Lobato, Horto Florestal, a estação experimental Rio Seco em Amélia Rodrigues que é uma área de 25 hectares, temos também a Chácara Xavantes e tudo isso requer que tenham os postos externos, a clínica também da Mangabeira, então é por isso que o contingente de vigilância da Uefs tem esse dimensionamento”, explicou.
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