Rachel Pinto
O Sindicombustíveis da Bahia realizou o encontro de revendedores de combustíveis da Bahia na última sexta-feira (17), no Centro de Convenções Cajueiro em Feira de Santana. O encontro teve a Feira de Negócios com distribuidores e fornecedores e contou com a participação do jornalista William Waack que palestrou sobre conjuntura econômica brasileira.
O presidente do Sindicombustíveis da Bahia, Walter Tannus Freitas frisou a importância do evento para Feira de Santana e segundo ele, a cidade como a representação do maior entroncamento rodoviário do Norte-Nordeste do Brasil, merecia receber esse evento com a participação de autoridades e e vários órgãos do segmento de combustíveis.
Em relação a verticalização que é a política, que permite que as distribuidoras passem a atender também no varejo, disse que considera essa decisão um mal que alguns empresários e que alguns segmentos do atual governo estão querendo implantar.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Nós somos radicalmente contra e a verticalização e vai simplesmente acabar com 60 mil empresários de postos de revendedores que temos no Brasil. Temos certeza que o preço do combustível vai subir assustadoramente .Estamos trabalhando para que isso não aconteça de uma maneira aberta procurando os deputados federais, os senadores, inclusive temos aqui a grata surpresa de estarmos com o senador Angêlo Coronel presente, para poder ouvir as nossas demandas e concluir o seu raciocínio, ter uma formação de juízo, balizada em posições divergentes e não ouvindo apenas um segmento ou os empresários que querem que isso aconteça”, disse.
Walter Tannus Freitas, comentou que as reclamações da população sobre o preço elevado dos combustíveis são plausíveis, mas o preço é elevado porque é formado por mais de 50% do custo do produto e impostos. Há apenas 20% distribuídos em distribuidoras, revendedoras e transportadores. De acordo com ele, as transportadores fazem parte de um segmento que entrou em greve e provavelmente se continuar com essa subida do combustível causada por uma paridade entre o dólar e a variação do barril de petróleo, em pouco tempo haverá problemas.
Ele salientou que não há existência de cartéis, mas acontece uma adulteração e uma sonegação muito grande no estado.
“Hoje para vocês terem uma ideia, 50% do etanol comercializado no estado é sonegado e então é normal que um revendedor que sonega tenha condição competitiva melhor do que quem não sonega”, acrescentou.
O empresário Carlos Neto salientou a respeito dos desafios da atividade e também ressaltou que a verticalização pode ocasionar uma quebra da cadeia. Aumenta a concentração, reduz a competitividade e a concorrência.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“O nosso objetivo é barrar e não permitir que aconteça essa verticalização. Estamos trabalhado para apresentar propostas. Nessa verticalização pode ocorrer, o revendedor saindo da cadeia, demissão da função de frentista que tem uma representatividade muito grande. Além de que, nós vamos tirar do mercado empresas que historicamente já estão em terceira e quarta geração. Em Feira de Santana nós temos aproximadamente 90 a 95 postos de gasolina. Na Bahia, nós somos acima de 3 mil e o sindicato hoje representa os anseios e está em defesa desse revendedor”, afirmou.
O jornalista William Waack disse em sua palestra que está preocupado com os dados gerais da atividade econômica brasileira. Para ele, o cenário está muito aquém do que as pessoas estavam querendo que acontecesse.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Não é para ficar pintando o diabo na rede, mas a expectativa no começo do ano que muita gente tinha que a economia demonstrasse um dinamismo maior. E não está se realizando. Não é nenhuma questão de interpretação minha, os números são convincentes. O crescimento do PIB, passa não apenas pela Reforma da Previdência. Ela é essencial por causa do gasto público, ou seja, da diferença entre o que se arrecada e que se gasta. É necessário tratar dessa questão por mais dolorosa que ela seja, ela é necessária. Porém não é suficiente. O país precisa realmente de um choque de produtividade e competitividade que vai muito além dessa reforma. Se não se começar por ela, vai ficar muito difícil pensar na possibilidade de partir para outras reformas”, opinou.
William Waack também afirmou que está otimista que o cenário econômico brasileiro passe por transformações. Ele salientou que os brasileiros esperam que o presidente Jair Bolsonaro cumpra boa parte das promessas que fez, como por exemplo, destravar a economia e restabelecer uma relação de prosperidade nos diversos aspectos.
“É um governo que está tendo severas dificuldades criadas por ele mesmo. Diante do engajamento político das pessoas, vejo perspectiva de melhoramento porque elas têm nas mãos tudo para conseguir o que elas querem. Eu acho que para melhorar tem que cobrar, pressionar e insistir. Todos nós temos uma esperança que os nossos filhos vivam em um país melhor”, finalizou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade