Ney Silva
A depressão é caracterizada pela perda ou diminuição de interesse e prazer pela vida, gerando angústia e prostração, algumas vezes sem motivo evidente. Esse transtorno psiquiátrico atinge pessoas em qualquer idade, embora seja mais frequente em mulheres e exige avaliação e tratamento com um profissional. O desânimo sem fim é fruto de desequilíbrios na bioquímica cerebral com a diminuição na oferta de neurotransmissores como a serotonina, ligada a sensação de bem-estar.
Atuando a quase 60 anos como médico em Feira de Santana, o Dr. João Carlos Cavalcante, que é psiquiatra, diz que os casos de depressão vêm crescendo e cada vez precocemente. Segundo ele, os problemas sociais que vivemos, como depressão, fome, violência e problemas familiares, podem contribuir para o surgimento da doença.
“A quantidade de manifestações somáticas do desempregado pode fazer com que a depressão ocorra em um índice bem maior. A questão da segurança, também vejo aqui no consultório com frequência, pessoas que foram assaltadas e não conseguem mais sair de casa. Isso tira a estabilidade de qualquer um de nós. As pessoas vivem com medo e a insegurança já nos impõe um estresse que pode ser o gatilho de muitas outras coisas. Nesse tempo atual, onde o estresse, as exigências, o homem está sendo mais exigido do ponto de vista físico e mental, lógico que a doença está mais frequente a depressão”, afirmou.
Os sinais, segundo o médico, aparecem quando detectamos nas pessoas do convívio familiar ou as pessoas que trabalham conosco tristeza, irritabilidade, o não cumprimento das tarefas com a eficácia que fazia antes. Também é possível notar alteração de apetite e de sono. O psiquiatra destaca que essas são as manifestações que podemos observar e que pode nos trazer um indicativo de um começo de depressão.
O Dr. João Carlos Cavalcante disse ainda que uma pessoa que está com depressão deve ser atendida por uma equipe multiprofissional. Ele destaca que todos os profissionais devem estar presentes no tratamento do ser humano na sua integridade.
“O psiquiatra tem sua participação, no momento em que precisamos usar do arsenal terapêutico, da psicofarmacologia para tratar a depressão. Os psicólogos, terapias ocupacionais e também a busca do viver melhor, com qualidade. É importante buscar o bem-estar, o lazer, a espiritualidade. É olhar o ser humano como um todo”, destacou, acrescentando a importância da prevenção no combate a essa doença.
“Temos que fazer a medicina preventiva, que também tem cultivo do bem-estar físico e mental, o lazer, o viver com os amigos, a paz com a família. Isso faz com que nós nos blindemos dessa situação que pode acontecer com qualquer um de nós. Depressão não é prêmio só pra quem está com dificuldade financeira, quem teve perda familiar, depressão aparece até para quem está em azul”, destacou.
Segundo o médico os remédios produzidos atualmente são mais eficientes do que os eram fabricados em décadas passadas, trazendo resultados mais rápidos, eficientes e mais duradouros.
“Antes tínhamos limitação na variedade de medicações como antidepressivos. Hoje temos uma prateleira cheia de opções, com melhores resultados”, afirmou.