Daniela Cardoso
Trabalhadores da Casa de Saúde Santana cruzaram os braços na manhã desta segunda-feira (6). Segundo eles, desde o mês de março que o salário não é pago para e não há nenhuma posição por parte da administração sobre os motivos do atraso e nem previsão para pagamento.
A funcionária Zenildes Azevedo informou que cerca de 12 cirurgias estavam previstas para serem realizadas nesta segunda. Porém com a paralisação dos funcionários, todos os atendimentos e serviços estão suspensos.
“Todos os atendimentos foram suspensos. Desde março que estamos sem receber o salário e sem nenhuma satisfação, estão a gente já não aguenta mais essa situação e paramos as atividades, pois não tem condições mais de ficar trabalhando sem uma resposta”, afirmou.
Márcia Cristina, que trabalha na recepção da unidade de saúde, afirmou que a situação está muito difícil, pois, segundo ela, os funcionários estão sem dinheiro para comprar o básico para sobreviver.
“Estou sem gás, sem ter como pagar a luz, o condomínio. Queremos uma satisfação, queremos nosso dinheiro. O salário aqui sempre atrasa e tem sempre uma desculpa, mas a gente não tem nada a ver. Eles estão contratando nossos funcionários, fazendo reforma, mas nosso salário não entra. Não temos culpa da situação e a única forma que temos para lutar pelos nossos direitos é essa. A gente pede desculpas a população que está aguardando atendimento, mas sobrevivemos do nosso salário e não estamos tendo isso”, disse.
Irene Miranda, que trabalha na Casa de Saúde Santana como cozinheira há sete anos, destacou que os funcionários já não querem uma satisfação e sim uma solução para o problema.
“Os cartões já estão todos bloqueados, tem gente que já cortou a água a luz e ninguém nos dá nenhuma satisfação. E a gente faz o que? A gente tem família, filhos. Mais que uma satisfação, queremos uma solução”, afirmou.
Pagamento deve ser realizado ainda nesta segunda
Ao Acorda Cidade, o diretor do Hospital Casa de Saúde Santana, Germano Correia, informou que o pagamento deve ser realizado ainda nesta segunda-feira. Ele explicou que como ocorre todos os meses, o dinheiro é depositado pela prefeitura. Porém no mês passado, segundo afirmou, ele recebeu o cheque no dia 30 já no final do dia, quando o banco já estava fechado, e no dia seguinte foi quarta-feira, 1º de maio, feriado.
“Na quinta fizemos o depósito do dinheiro e o banco informou que só estaria disponível 48h depois, ou seja, no sábado, que o banco não funciona. Então hoje é que estou indo ao banco para verificar se o cheque foi compensado e daí farei o pagamento. O Hospital, é praxe, recebermos o dinheiro da secretária municipal e fazemos a transferência imediata. Isso vem acontecendo desde o início da minha gestão. Também já informei que não tenho uma procuração que me dê o direito de resolver questões junto a banco, a receita federal e órgãos públicos. Toda vez que eu recebo o dinheiro, é imediato o pagamento. Esse dinheiro não dorme na minha conta e todos os funcionários sabem disso”, afirmou.
Para tentar resolver o problema, o diretor do hospital informou que moveu uma ação na vara cível contra os arrendatários. Porém, segundo ele, tem mais de um ano aguardando para a marcação de uma audiência.
“Segundo meu advogado, o juiz titular tinha sido transferido, a vara ficou um tempo sem titular, depois venho outro juiz, e aí venho o recesso de final de ano e essas coisas todas. Somos os maiores prejudicados e por isso movemos uma ação. Aqui não é um órgão filantrópico, não recebemos nenhum benefício e com a suspensão das cirurgias que estavam marcadas para hoje e que não ocorreram, ficamos prejudicados. Perdemos dinheiro e quem causou o problema não fui eu”, destacou.
Germano Correia afirmou ainda que as cirurgias que não foram realizadas nesta segunda, foram reservadas para acontecer na próxima segunda-feira (13). Segundo ele, os médicos estavam disponíveis hoje, mesmo com a paralisação dos funcionários, porém não tinha apoio de enfermagem para acolher os pacientes.
“O centro cirúrgico não funcionou. Apenas as consultas no ambulatório funcionaram mediante funcionários de outra empresa minha que se propuseram a vir me ajudar. Tivemos atendimentos agora pela manhã para mais de 200 pessoas”, informou.
O pagamento dos salários foi confirmado no final da tarde desta segunda e todos os atendimentos devem ser normalizados.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade