Daniela Cardoso
Uma longa fila se formou desde as primeiras horas da manhã desta quarta-feira (10) na Defensoria Pública, localizada na Avenida Maria Quitéria em Feira de Santana. As pessoas foram em busca de atendimento e reclamaram da pouca quantidade de senhas distribuídas.
“O sistema caiu, já tem três dias que venho aqui tentando resolver. A gente liga e eles dizem que são 45 senhas, quando chega aqui só são 29 e desse jeito não tem como resolver. A gente chega cedo, arrisca a vida, fica em pé, sendo humilhados. Queremos uma solução. Cheguei às 6h e já disseram que não tinha mais senha. Teve gente que chegou aqui de madrugada e não conseguiu a senha”, relatou Alice Reis, moradora do bairro Sobradinho em entrevista ao Acorda Cidade.
Jacira Moreira veio de mais longe. Ela mora em Serra Preta, contou que saiu as 4h do município para chegar em Feira a tempo de pegar uma senha na Defensoria. Porém, ela conta que não conseguiu o atendimento. “Eles disseram que podia vir qualquer hora, só que a gente ficou aqui na fila e ninguém falou nada, só disseram que a senha acabou. Eu saí de Serra Preta às 4h da manhã, eu paguei 120 reais pra vir pra Feira pra conseguir chegar cedo. Quando cheguei aqui a senha acabou”, afirmou.
Jacson Rodrigues Félix chegou por volta das 5h30 e também não conseguiu a senha. Ele afirmou que já tinha mais de 60 pessoas aguardando na fila. “Um vigilante disse que só ia distribuir 26 senhas. Isso é um descaso com o povo, somos seres humanos. A defensoria é para defender nossos direitos”, reclamou.
A defensora pública Liliane do Amaral, que é coordenadora da 1ª Regional, em resposta ao Acorda Cidade, informou que assumiu a função há menos de 30 dias e que um problema no sistema gerou lentidão do atendimento nos últimos dois dias. Ela informou ainda que são geradas 45 senhas diárias e que o órgão ainda atende urgências e prioridades.
“Ontem tivemos um problema com nosso sistema e por isso nosso atendimento ficou um pouco lento. Para melhorar essa situação, destaquei uma servidora para auxiliar no atendimento as pessoas que estavam aguardando a triagem. Ao final do expediente conseguimos fechar em 37 senhas. Eu reduzi um pouco o atendimento para que essas pessoas não ficassem até mais tarde, até porque não temos estrutura para atender durante a noite, devido a segurança e questões administrativas. Hoje pela manhã me dirigi aos assistidos, expliquei mais uma vez a situação que já tinha sido esclarecida pelo pessoal da segurança e da recepção e não tivemos nenhum tipo de tumulto”, informou.
Liliane do Amaral reconheceu que a demanda da defensoria está crescendo a cada dia e que o número atual de senhas diárias é insuficiente. Ela destacou que está lutando para aumentar os atendimentos e pediu desculpas à população.
“Pedimos desculpas ao nosso público e estamos tratando de resolver esse problema no sistema. Estamos recebendo daqui pra segunda uma servidora que vai melhorar esse atendimento. A defensoria pública presta serviços direcionados ao público hipossuficiente e para ele dedicamos todo o respeito. Lutamos e conseguimos uma sede nova para que se abrigassem mais assistidos, temos um espaço bem maior. O fato de chegar cedo é uma necessidade que cada um identifica, pois não fazemos atendimento por telefone ainda, então é natural que as pessoas acordem cedo e venha para a defensoria para garantir a senha, mas estamos lutando para que esse sacrifício seja cada dia menor”, destacou.
A coordenadora ainda falou sobre a reclamação de Jacira Moreira, moradora do município de Serra Preta, que informou ao Acorda Cidade que gastou dinheiro com deslocamento até Feira de Santana e não havia conseguido pegar uma senha para o atendimento.
“Ela se dirigiu a coordenação, relatou que pagava o transporte toda vez que necessitava se locomover até Feira de Santana e nós identificamos essa prioridade, por ser um custo muito alto. Ela tem quatro filhos menores, está buscando a pensão alimentícia e entendemos a dificuldade dela e a atendemos a contento”, informou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade