Daniela Cardoso e Ney Silva
Durante encontro realizado no domingo (31), denominado ‘Rainhas de Dandara’, um grupo de mulheres negras discutiu temas relacionados a vida delas, como feminicídio, intolerância religiosa, discriminação racial, entre outros. O evento foi realizado no palco do Mercado de Arte Popular (MAP), organizado pela cabeleireira Andrea Black. O evento teve a participação das professoras Juciara Alves dos Santos e Andrea Araujo, além da advogada Mônica e da presidente do Conselho Municipal das Comunidades Negras e Indígenas, Lurdes Santana.
Andrea Black explica por que decidiu fazer o evento no último dia do mês de março. “A intenção foi fechar o mês de março, que é o mês das mulheres. Sabemos que quem sofre mais são as mulheres negras. Sei que as brancas sofrem, mas não igual as mulheres negras. Queremos gritar que o feminicídio está aumentando, o preconceito só aumenta, o mercado de trabalho não quer a mulher negra, principalmente agora que ela decidiu usar o cabelo Black. As empresas dizem que não se enquadra no perfil. Então nosso encontro é para debater essas questões”, afirmou.
Segundo a cabeleireira, a mulher negra também sofre preconceito no mercado de trabalho devido a questões religiosas. “Tem muitas mulheres que são do candomblé, mas não falam por medo, pois infelizmente elas vão sofrer com o preconceito nas empresas em que trabalham. A primeira coisa que o patrão, se for de outra religião, vai fazer é mandar ela embora.”
Na opinião da professora e também psicóloga Juciara Alves dos Santos, uma das palestrantes do encontro, a discriminação racial em Feira de Santana é visível, principalmente devido a falta de políticas públicas. “A gente pode perceber pelos dados. Se for fazer uma pesquisa, os jovens que têm sido mortos, 90% são negros, de periferia, não concluíram o ensino fundamental e não tinham perspectiva de trabalho. A gente percebe que faltam políticas públicas nas periferias de Feira. Os setores do governo não dialogam. A partir do momento em que começarem a dialogar e desenvolver projetos que agreguem essa população, as coisas podem melhorar”, avaliou.
Outro setor que, na opinião da professora precisa melhorar, é a educação. “A educação precisa ser vista com carinho. O ensino integral aqui em Feira de Santana é uma realidade que está muito distante e é necessário nas séries iniciais ter um acolhimento na educação, ter o horário integral na escola, isso é fundamental para que essas crianças que ficam desassistidas em um turno, possam ter a formação e o acompanhamento necessários para que tenham uma base”, defendeu.