Feira de Santana

Animais que vivem na Uefs, vítimas do abandono pedem 'socorro' e ajuda da população

Nos últimos dias, a situação tem se agravado ainda mais com o aumento da população desses animais domésticos no campus e também a escassez em alimento.

Rachel Pinto 

Quem vai ao campus da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) é recepcionado por uma bela paisagem de diversas árvores e palmeiras e também dos muitos animais que por lá vivem. Saguis, pássaros e muitos cães e gatos podem ser vistos a todo momento na Uefs. Eles ocupam os módulos da instituição e a tem como morada. Os saguis e pássaros são animais silvestres e independentes e se alimentam de frutas e insetos. Já os cães e gatos, estes dependem exclusivamente da ajuda e da boa vontade humana.

Foto: Divulgação

A alimentação e alguns cuidados ficam por conta de estudantes, voluntários, grupos de proteção animal e também da universidade. No entanto, nos últimos dias, a situação tem se agravado ainda mais com o aumento da população desses animais domésticos no campus e também a escassez em alimento. Muitos estão fracos, debilitados e pedindo socorro a população.

Foto: Divulgação

A castração é uma alternativa e muitos animais já passaram pelo procedimento. Mas, diariamente chegam novos e a necessidade de evitar a reprodução é latente.Além disso, a adoção responsável é o melhor caminho e muitos estudantes se engajam nessa causa. Campanhas são realizadas constantemente com o objetivo de encontrar lares para os animais e também conscientizar a comunidade que abandono e maus tratos de animais é crime e que a Uefs não tem condições de comportar mais animais no contexto atual.

Segundo uma estudante da Uefs que não quis ser identificada, a instituição possui um gatil que assiste os gatos que vivem no campus e há a atuação de uma veterinária. Ela informou que os gatos ficam neste local para serem castrados e encaminhados para adoção, mas infelizmente o gatil não tem todas as condições necessárias para abrigar os animais. Já os cachorros, ficam espalhados pelo campus sob os cuidados dos alunos e voluntários.

Foto: Divulgação

A estudante informou em entrevista ao Acorda Cidade que o objetivo não é retirar os animais do campus, mas somar esforços para lhes oferecer alimentação, cuidados e mais qualidade de vida.

Foto: Divulgação

“Precisamos de mais apoio da Universidade para cuidar desses animais e também da comunidade para que seja sensível a causa. Nos ajude com as doações e não abandone mais animais no campus. Nós do grupo de voluntários fazemos campanhas de adoção, castração e conscientização sobre o abandono e suas consequências. Porém está cada vez mais difícil atuar nessas condições”, lamentou.

Bob, o cachorro mais famoso e antigo da Uefs

A ajuda dos voluntários, ajudou a salvar a vida de Bob, um cãozinho sem raça definida que de acordo com os alunos é o mais antigo da instituição e o xodó de todos. Bob passou por dias difíceis, teve câncer, fez quimioterapia e está hoje já está distribuindo simpatia por todo o campus.

Foto: Divulgação

Mas, a vida de Bob e de centenas de cães pode não continuar a ser tão boa e cheia de cuidados se a ajuda não chegar a tempo. Os animais pedem ‘socorro’ e lutam a cada minuto pela sobrevivência.

Uefs esclarece situação envolvendo animais no campus


Acerca do fato divulgado sobre animais abandonados no campus da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), a Administração Central da Instituição informa que:

– Esta situação é produto da prática de abandono de animais por seus donos, e a Uefs é alvo disso há mais de uma década;

– A Instituição criou uma estratégia, desde 2009, para responder ao problema, realizando o controle da população com sucesso, através de castração, e encaminhamento de animais para adoção. Em um dado momento havia 140 gatos no campus, verificação feita por meio um senso populacional; e as medidas adotadas chegaram a reduzir a população de gatos a cerca de 40, mesmo com o abandono sendo ininterrupto;

– Em dezembro de 2018 foi feito o monitoramento das populações desses animais pela Prefeitura do Campus. Os números populacionais estavam baixos. Mas foi constatado que durante o período de férias, em janeiro, houve um aumento enorme dos casos de abandono, possivelmente devido à flutuação da população no Conjunto Feira VI. Esse abandono pode ser exemplificado por fatos cruéis, como animais doentes, em estado terminal ou quase, sendo jogados por cima do muro da Universidade. Foram encontradas ninhadas inteiras de filhotes de gatos e cães no campus;

– A Uefs contava com uma veterinária para acompanhar as populações e realizar os procedimentos de cuidados à saúde dos animais, bem como as castrações e doações. A servidora era cedida à Instituição por outro órgão do Estado da Bahia; todavia, o órgão de origem solicitou seu regresso no fim do ano passado, o que dificultou no início desse ano o atendimento e cuidado aos animais.

– Quanto à oferta de alimento/ração para os animais, a Uefs adquire esses insumos após assinar um Termo de Ajuste de Conduta com a Procuradoria do Meio Ambiente, do Ministério Público do Estado da Bahia, que recomendou à Instituição exercer a guarda responsável dos animais, mesmo não sendo culpa da Universidade que esses animais sejam cruelmente abandonados em suas dependências. A ração é adquirida em quantidades planejadas com base no histórico mensal de dispensação para que não haja falta do insumo. Todavia, com o aumento extraordinário do abandono nos últimos meses, a quantidade adquirida está sendo consumida mais rápido do que o previsto e pode haver problemas temporários de dispensação, pois o redimensionamento da quantidade não é simples diante da burocracia de compras e contratos, típica da administração pública;

– Por fim, a Uefs enfrenta o problema dentro dos recursos que dispõe, e envida esforços para enfrentar as consequências da guarda irresponsável de pessoas que não têm atitude digna para com os animais que deveriam cuidar com amor e vínculo responsável.

Em busca de solução para o caso em questão, a Administração Central da Uefs manterá contato com agentes públicos responsáveis pela causa e continuará realizando ações de controle da população animal no campus, como campanhas de adoção e castrações.
 

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