Acorda Cidade
O início de 2019 começou com muitas perdas em todo o país. A nível nacional, a comoção se deu com as tragédias de Brumadinho, o incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo e a morte do jornalista Ricardo Boechat. Essas situações trazem à tona o luto que permeia os momentos de tristeza e separação.
Um estado psíquico extremamente doloroso, associado à morte e às perdas. Esta é a mais completa tradução do que é o luto.
No entanto, por mais difícil que ele seja, é necessário vivê-lo para que não se torne uma doença. “É imprescindível passar por todas as fases do luto para o seu enfrentamento. Caso contrário, podem ser provocadas doenças como depressão e transtorno de ansiedade”, explica a psicóloga do Sistema de Saúde Hapvida, Danielle Azevedo.
Segundo Danielle, muitos entes queridos guardam as roupas, fantasiam que a pessoa ainda continua por perto ou chegam até a colocar o prato na mesa como forma de simbolizar que o indivíduo ainda está ali. “É como se essa pessoa não tivesse um descanso emocional”, pondera Danielle. Com essas posturas, são gerados outros tipos de reações psicossomáticas e comportamentais, como bloqueio de relacionamento e dificuldade de sociabilidade.
Fases
De acordo com a especialista, a vivência do luto se dá em cinco etapas. A primeira pode ser reconhecida com base em reações e frases que demonstrem estar bem e não precisar de ajuda. Em um segundo momento aparece a negação. A terceira fase é a da barganha, quando as pessoas querem fazer uma negociação. Nesse caso tem pessoas que recorrem à espiritualidade e religiões para tentar amenizar a saudade e também a dificuldade de lidar com a perda.
Mais à frente aparece a fase depressiva em que a pessoa se nega a sair de casa e acredita que a dor não vai passar. Esse é o momento em que a pessoa está se despedindo do luto e começa a entender que é um sofrimento, mas que ela precisa sair do fundo do poço. E, a última fase é a mais importante e demorada. É o momento da aceitação que pode ser bastante prolongado para algumas pessoas.
Aceitação
Independente do grau de sofrimento, Danielle afirma que aceitar o luto sempre é o melhor caminho. “Quando as pessoas o negam, elas escondem o seu sofrimento e fazem com que aquilo fique muito mais aparente. É como se a dor fosse muito mais ampla, mais intensa”. A profissional destaca ainda a necessidade das pessoas se permitirem a viver, mesmo em meio ao momento difícil. “É importante que as pessoas aceitem, sofram, chorem e revivam essas experiências porque vai chegar um momento que a saudade não vai doer mais, vai ser leve”, calcula.
E, se achar que não vai conseguir superar, buscar ajuda também colabora com o enfrentamento do processo do luto. “O mais importante é que a iniciativa parta da pessoa que está vivenciando o luto. Dependendo da situação, a ajuda psicológica é fundamental. Muita gente deixa de se alimentar, de trabalhar e aí interfere na vida psíquica e nesse ponto, a ajuda é essencial”, finaliza a especialista.