Ney Silva e Laiane Cruz
A morte do industriário Edilberto Lopes Batista, de 51 anos, ocorrida na manhã de quarta-feira (13), após realizar um exame de endoscopia digestiva alta, na clínica Idad – Instituto de Doenças do Aparelho Digestivo, será investigada pela 2ª Delegacia de Polícia Civil de Feira de Santana.
A filha de Edilberto, Nayla Rocha Batista, informou ao Acorda Cidade que acompanhou o pai no procedimento, mas que não entrou na sala onde estava sendo atendido e minutos depois observou uma movimentação intensa de médicos no local. Ao questionar se algo havia acontecido ao pai, inicialmente disseram que não.
“De repente, chegou uma equipe do Samu e entrou na sala onde estava meu pai e mais uma vez eu questionei, me disseram que não e não deixaram eu entrar, mas eu entrei assim mesmo. Chegando dentro da sala, o médico me segurou e disse que ele tinha sofrido um edema de glote e depois teve uma parada cardiorrespiratória, mas já estava melhorando, e que há vinte minutos estava fazendo uma massagem cardíaca. Mas, na verdade, ele já estava em óbito”, afirmou Nayla.
Ainda de acordo com a filha, que faz o curso técnico de enfermagem, alguém a informou que não havia mais nada a fazer, pois o pai já tinha falecido. “Aí eu consegui ver meu pai e estava todo cianótico (azulado) e entubado, bem roxo e uma das mãos estava sangrando, com os dedos inchados e a barriga redonda. Aí tive certeza que meu pai já estava morto há algum tempo”, informou a estudante.
A filha disse que alguém do Samu informou que o pai deveria ser retirado dali com urgência ou para casa ou para um centro de velório. O corpo foi colocado em uma cadeira de rodas, levado até a viatura do Samu e conduzido para a residência dele, no bairro Brasília.
“Ele foi colocado numa maca forrada, já morto, e disseram que eu teria que acompanhá-lo na viatura, pois o corpo não poderia ir só. Fui com eles até a casa de meu pai e chegando lá retiraram a maca com o corpo e eu pedi pra que eles o colocassem na cama e alguém da equipe pediu que eu fosse buscar o laudo dentro de meia hora no prédio do Samu. Fui buscar e estava como se a morte não tivesse causa.”
O corpo permaneceu em casa até por volta das 17h e a família inconformada com a situação acionou o Departamento de Polícia Técnica (DPT), que removeu o corpo para a necropsia, anulando a guia inicial de óbito dada pelo Samu, a qual dizia que morte foi por causa indeterminada. O laudo pericial do DPT deve sair em até 45 dias.
Na tarde desta quinta-feira (14), a direção do Idad encaminhou para a imprensa uma nota de esclarecimento sobre o fato. No documento, a clínica confirma que o paciente Edilberto Lopes Batista foi atendido, submeteu-se a uma endoscopia digestiva alta, que foi realizada e concluída sem intercorrências. E só depois, o paciente apresentou um quadro súbito e atípico de parada cardiorrespiratória sem causa aparente.
Ainda de acordo com a clínica, foram implementadas medidas de ressuscitação cardiopulmonar, de imediato, e paralelamente o fato foi comunicado ao Samu, que ao chegar na clínica realizou atendimento de urgência, sem êxito.
A produção do Acorda Cidade tentou contato com a direção do Samu várias vezes, mas não obteve resposta.
Investigação
A delegada Bianca Torres, titular da 2ª Delegacia, informou que foi procurada na tarde desta quinta-feira (14) por um advogado, acompanhado de parentes da vítima, que registraram uma ocorrência.
Segundo ela, foi aberto um procedimento investigativo. “Já oficiei a clínica para ouvir o médico responsável pelo exame, o Samu, para saber qual a equipe que estava de plantão no dia do fato, pedi para ver as imagens das câmeras de segurança do local e vou aguardar o laudo de necropsia do DPT”, disse a delegada.
Questionada sobre o procedimento do Samu, que levou o paciente morto da clínica até a residência dele, ela informou que isso não é normal e todas as pessoas que estavam trabalhando naquele plantão serão ouvidas para esclarecerem o que realmente aconteceu. “Eu vou investigar o caso como uma morte a esclarecer”, disse Bianca Torres.