Laiane Cruz
Quarenta e oito mil alunos estão matriculados na rede municipal de ensino em Feira de Santana. O começo do ano letivo, porém, na segunda-feira (11), deixou muitos pais insatisfeitos e entristecidos com a situação de algumas escolas, que deveriam estar com tudo pronto para receber seus filhos.
De acordo com muitos pais, muitas unidades de ensino estão sem carteiras e cadeiras, professores, e sem merenda escolar. Além disso, muitas ainda apresentam problemas na estrutura física dos prédios.
Na escola Janete Medeiros Gomes, no bairro Campo Limpo, uma mãe de aluno reclamou, através do Whatsapp do Acorda Cidade, que há muitas turmas sem professores, e os estudantes tiveram que retornar para casa, sem previsão de quando começarão a estudar. A situação é a mesma para os alunos do 4º ano da escola Luciano Ribeiro Santos e em algumas escolas no bairro Subaé, onde também falta merenda escolar. Já na escola Ernestina Carneiro, as crianças estão tendo que dividir assentos, pois não há mobiliário para todos.
Foto enviada por uma mãe de aluno via WhatsApp
Em nota, a APLB – Sindicato dos professores informou que está recebendo denúncias de pais, alunos e professores por meio de ligações e mensagens com vídeos e fotos. De acordo com a entidade, diversas escolas estão sem os itens básicos para dar início às aulas. Confira a nota na íntegra:
“Nesta segunda-feira, 11, seria o primeiro dia de aula da Rede Municipal, porém em diversas Escolas a falta de estrutura, de materiais de limpeza, a falta de merenda, carteiras e condições necessárias para as aulas, interromperam o início do ano letivo, o que foi constatado por toda a comunidade escolar e a imprensa feirense.
Estamos disponibilizando um Disque Denúncia para que os Trabalhadores em Educação e toda a comunidade escolar, pais e estudantes, possam denunciar através de ligações, fotos e vídeos as condições precárias de Escolas Públicas de Feira de Santana. Convocamos toda a categoria para a luta!”
O que diz o município
Em entrevista ao Acorda Cidade, na manhã desta terça-feira (12), a secretária de Educação do município, Jayana Ribeiro, justificou os problemas encontrados nas escolas da cidade no início do ano letivo.
De acordo com ela, no final do ano passado, entre novembro e dezembro, foram encaminhadas as licitações para aquisição de vários itens para a rede, porém alguns procedimentos foram alterados e algumas licitações tiveram problemas. “Houve o disparo das licitações e algumas empresas questionaram”, afirmou.
Em relação à falta de merenda escolar, Jayana informou que há em estoque no almoxarifado, mas as empresas entregaram na semana passada. “Nós já começamos a distribuição, e no mais tardar até esta quinta-feira, a gente fecha em 100% da rede. Muitas escolas também já tinham estoque do ano passado de alguns itens nas suas despensas. O que acontece é que a agricultura familiar, que são os temperos, estamos agilizando o processo, mas os itens como feijão, arroz, açúcar, cereais, achocolatado, esses itens já iniciamos a distribuição e estamos com um mutirão fazendo as entregas”, disse.
Sobre a quantidade insuficiente de carteiras e cadeiras, a secretária declarou que ocorre apenas em algumas unidades. Um dos motivos seria o aumento no número de alunos matriculados, e uma licitação já está em andamento para solucionar o problema.
“Com relação às carteiras, realmente há um problema, porque aumentamos o número de alunos na rede, a matrícula encerrou tem duas semanas, aproximadamente, e a gente preparou as licitações, mas elas ainda não tiveram fechamento e nós fizemos remanejamentos internos. Algumas que nós tínhamos de reserva nós já distribuímos. O que acontece é que de um ano para o outro há quebra, deterioração do tempo, então em alguns casos faltam 30 cadeiras, 20 carteiras, e a gente já está com esse levantamento. Vou ao almoxarifado para vermos um plano B, até sair a licitação”, destacou.
Falta de professores
A secretária de Educação, Jayana Ribeiro, falou ainda sobre a falta de professores em algumas escolas. Segundo a gestora, foram convocados 254 professores, entre pedagogos e de outras áreas, aprovados no último concurso, no entanto, a maior parte não teve condições de assumir o cargo.
“Só podemos dar posse a 51, até o momento, porque dos 254, muitos professores que foram aprovados não tinham ainda diploma, não estavam formados, e outros só tinham disponibilidade de trabalhar à noite, porque tinham outra atividade durante o dia. E nós não temos vaga à noite, porque são poucas escolas no noturno. Então realmente a gente está com esse problema”, reconheceu.
Para amenizar a situação, Jayana Ribeiro disse que propôs aos novos professores e àqueles que já fazem parte da rede, com apenas 20 horas, o aumento da carga horária.
“O que a gente fez foi chamar esses novos professores, e ofertamos a eles mais 20 horas extras, pra quem tivesse disponibilidade. Nós fizemos a convocação em dezembro, mas tivemos um problema no edital, no quantitativo da convocação. Tivemos que acionar a empresa que realizou o concurso, inclusive algumas pessoas entraram no Ministério Público, que acompanhou todo o concurso, e teve que ser anulada essa primeira convocação e fizemos uma nova convocação”, justificou.