Entrevista

Gerentes da Embasa esclarecem sobre problemas no abastecimento de Feira e região

O Acorda Cidade entrevistou o gerente regional da Embasa, Euvaldo Neto, e a gerente local da empresa, Thaís Dias.

Laiane Cruz

Com o período do verão, aumenta também o consumo de água por parte da população. Com isso, logo surgem os problemas de abastecimento de água em alguns bairros de Feira de Santana e distritos da zona rural. Para falar sobre esse e outros assuntos, o Acorda Cidade entrevistou o gerente regional da Embasa, Euvaldo Neto, e a gerente local da empresa, Thaís Dias. Juntos eles esclareceram sobre o funcionamento dos sistemas de pressão da água, investimentos feitos ao longo dos últimos anos para melhorar o serviço da rede e uma nova licitação para contratação de empresa para recuperação do piso da cidade, após a conclusão de obras.

Acorda Cidade – Como funciona o organograma da Embasa. A unidade regional interfere na local?

Euvaldo Neto – A unidade regional é responsável por 44 municípios na região de Feira de Santana. Dentro da unidade, existe o escritório local que cuida do sistema integrado da cidade e dos municípios circunvizinhos. Pegamos desde Queimadas até o recôncavo, como Amélia Rodrigues, Coração de Maria, a parte do Sisal, como Serrinha, Conceição do Coité, Araci. Cada região tem o seu gerente local. Ao todo são 23 escritórios locais, alguns escritórios gerenciam as cidades menores.

Acorda Cidade – Por que em Feira de Santana está faltando água? 

Euvaldo Neto – As ocorrências são características do verão, as temperaturas começaram a aumentar desde outubro, e a partir daí começamos a entrar em um regime que se agravou agora em janeiro. As pessoas consomem mais água, e aumentou em torno de 30% de consumo. Com esse aumento durante o dia temos quedas de pressão nas redes de abastecimento, e os pontos mais distantes e mais altos que não têm uma reservação para o período das baixas pressões terminam com desabastecimento, principalmente após o crescimento da cidade, com o Minha Casa, Minha Vida. A gente constatou que na época das construções, boa parte dos empreendimentos tinham reservatórios pequenos, de apenas 500 litros, e no período de baixas pressões a reserva de água acaba sendo insuficiente. Além do mais, uma boa parte de Feira de Santana, principalmente do centro da cidade, dentro do Anel de Contorno não tem reservação e em determinada hora do dia acaba ficando sem água. 

Nós tivemos um período de queda de energia no nosso sistema, muitas vezes não percebido pela população, e quando cai a energia são precisamente cinco horas para que volte a funcionar a estação. Quem mora em regiões mais distantes, principalmente na região norte, como nos municípios de Tanquinho, Santa Bárbara, Tiquaruçu, é sempre mais atingido. A duplicação da BR 116 norte também foi uma interferência, e como é uma obra de grande porte muitas coisas quebram e nós precisamos de tempo para consertos.

Acorda Cidade – Quais são hoje os maiores problemas da Embasa em Feira de Santana?

Thaís Dias – Essa época do ano, com o aumento das temperaturas, a tendência dos consumidores é que aumentem o consumo por água, dessa forma, nós temos um regime de pressões diferentes no nosso sistema. Para reequilibrar essa pressões nós utilizamos de equipes que fazem o monitoramento e fazem ajustes de curto prazo para restabelecer essas pressões do sistema. É importante que as pessoas possuam reservatórios em casa, porque o nosso sistema foi dimensionado considerando que as pessoas possuem reservatórios para absorver essa variação de pressão que acontece ao longo do tempo, para que nos momentos em que as pressões da rede estejam baixas elas possam usar a água armazenada. Então a gente tem um sistema informatizado que absorve as reclamações de falta d’água, através do 0800-055-5195, da loja de atendimento e também do nosso whatsapp, que é o 99978-2302. Esse sistema registra todas as reclamações de falta de água, e nós fazemos o mapeamento e monitoramento para enviar a equipe para fazer os pequenos ajustes operacionais para equilibrar as pressões e minimizar os problemas de abastecimento.

Acorda Cidade – De onde chegam mais reclamações?

Thaís Dias – No centro urbano nós temos problemas nas partes altas da cidade e distantes por serem difíceis de ocorrer o abastecimento. O centro da cidade, por ser uma área plana e bem adensada, normalmente é uma área bem abastecida, e caso haja algum problema pontual, o centro é um local onde a gente consegue recuperar de forma mais rápida pela proximidade e adensamento das casas.

Acorda Cidade – Na localidade de Viração, em Santo Estevão, Caraíbas, em Anguera, e Bonfim de Feira estão sem água. É outra adutora?

Euvaldo Neto – Sim, é outra adutora. Tanto Santo Estêvão, Anguera como Bonfim de Feira são abastecidas pelo sistema integrado de Santo Estêvão que pega esses municípios. Ao longo do mês de dezembro e janeiro, tivemos problemas também pela falta de energia no horário de ponta, que é o horário de pico da Coelba, entre seis e nove horas da noite e é o horário que a população está consumindo energia, e o sistema para se defender acaba desabando. Bonfim de Feira, e demais localidades, que ficam na ponta do sistema, acabam sendo atingidas. 30 dias é um longo tempo para ficar sem água, por esse motivo nós pedimos que nos procurem para que nós possamos ajudar de alguma forma, seja até mesmo com carro-pipa e assim agir rápido na solução do problema.

Acorda Cidade – A Coelba pode melhorar o fornecimento de energia nessas estações?

Euvaldo Neto – Nós entramos sempre em contato com a Coelba, inclusive foi feita uma campanha, em que botamos medidores de energia nesse horário para constatar que o problema está acontecendo, principalmente em Santo Estêvão, e agora a Coelba está fazendo uma análise geral da rede dela para saber onde pode melhorar o surto de energia em um determinado horário.

Acorda Cidade – Mesmo com os investimentos feitos pela Embasa, por que ainda há tantas reclamações?

Euvaldo Neto – A gente não consegue chegar a pressões ideais em alguns horários do dia. A gente pede que a população utilize os meios de comunicação da Embasa. Se nós voltarmos há três ou quatro anos, temos uma situação muito pior no abastecimento. A gente vem investindo muito na questão do abastecimento em Feira, na melhoria do sistema. Somente na adutora principal já gastamos mais de 3 milhões de reais nos últimos dois anos. Mas de lá para cá, a gente tem seis meses com a adutora funcionando.

No ano de 2016 foram investidos mais de 42 milhões na região norte, pois era uma região muito problemática, na região atrás do Feira VI, Pampalona. E com esses investimentos conseguimos melhorar. Investimos também no centro-leste, na região da Artêmia Pires, que já foi finalizada e ainda estamos na fase de testes. Uma área que teve um crescimento muito grande nos últimos anos em Feira. Estamos também na fase da primeira etapa da ampliação do sistema de Feira, e já foi licitado o centro de reservação do Tomba, onde serão construídos reservatórios grandes, na área do CIS. E a gente espera o que o governador vem falando ao longo dos anos de irá fazer uma obra de 320 milhões de reais para ampliação de todo o sistema de água de Feira de Santana, desde Conceição da Feira até a chegada no Tomba, priorizando a captação, tratamento e distribuição, que é a nova adutora. Já foi licitado, e o governo dividiu em duas etapas.

Acorda Cidade – O reservatório do Campo Limpo foi feito para resolver a demanda de alguns povoados?

Euvaldo Neto – Em 2016 nós inauguramos esse reservatório. Investimos mais de R$ 54 milhões no Campo Limpo, para reforçar a demanda de alguns bairros e não para os distritos. Da comunidade rural, no ano de 2017 e 2018 a gente dividiu a obra em duas etapas. A primeira etapa foi uma duplicação de uma adutora entre a Cidade Nova, onde tem uma central de bombeamento, até o trevo, que está em andamento. A gente já fez a primeira etapa e a gente conseguiu melhorar o abastecimento, embora ainda tenha algumas reclamações em alguns pontos da zona rural. A segunda etapa é a continuação dessa obra, que é a duplicação entre esse trevo até Santanópolis, e isso vai melhorar vários povoados naquela região. E também estamos duplicando dessa estação de bombeamento em Santanópolis até Santa Bárbara. Está em andamento.

Acorda Cidade – Por que os hidrômetros continuam rodando e contando mesmo com as torneiras e o registro fechados?

Euvaldo Neto – Estamos com um programa de investimentos para 2019 de distribuição de hidrômetros, porque todos os equipamentos têm vida útil. A gente fez um levantamento e verificou que em nossa regional, em Feira, tem hidrômetros de mais de 20 anos, e podem gerar um desconforto para os clientes, tanto contando a mais como a menos. Com esse programa, conseguimos um recurso e estamos fortalecendo essa distribuição dos hidrômetros. O objetivo é medir realmente o que está sendo usado.

Acorda Cidade – Por que a Embasa deixa buracos nas obras da cidade?

Euvaldo Neto – Isso é um desafio da gestão para o ano de 2019. Há uma cobrança quase diária do município e a gente sabe da dificuldade da pavimentação da cidade e tem a questão do asfalto a quente, que quando a gente abre um buraco, não consegue executar no mesmo momento, porque a usina de Feira de Santana precisa de um tempo para produzir e a gente tem que juntar várias intervenções, e quando a gente chega a determinado voluma, entra com a pavimentação. Já tivemos várias reuniões com o secretário Pinheiro, atrás de uma solução viável. Estamos fazendo uma licitação exclusiva, porque era em conjunto, e a mesma empresa que fazia o vazamento, fazia a pavimentação. A partir desse ano, resolvemos fazer uma licitação exclusiva para pavimentação e a empresa vai focar e vamos cobrar pela qualidade.

Acorda Cidade – A taxa do valor da rede de esgoto vai baixar?

Euvaldo Neto – Na questão do esgoto, a gente já investiu aqui em Feira quase R$ 200 milhões. Saímos de um patamar de 28% para 60%, ou seja, o volume de investimento é muito alto quando se fala em esgotamento sanitário, e o retorno é imediato. Para cada 1 real investido em saneamento, se economizam quatro na saúde. Então essas taxas que a Embasa utiliza é verificada pela agência reguladora, que é a Agersa, e estipulou em 80%, justamente para cobrir o investimento no esgoto e o custo da operação, que não é barato. Temos que ter vários equipamentos grandes, com bombas potentes. Para tratar um litro de água servida, o consumidor paga um centavo. Então é um valor ainda pequeno pelos custos. 

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