Saúde

Acesso é o principal entrave para cuidar da saúde mental, revela pesquisa

66% dos brasileiros já receberam um diagnóstico de transtorno mental. A maioria não tem acesso à psicoterapia e ao psiquiatra.

Acorda Cidade

Você cuida da sua saúde mental como cuida da sua saúde física? A maioria dos brasileiros afirma que não! E os principais motivos para não ir a um psicólogo ou a um psiquiatra, por exemplo, são os valores e dificuldades de acesso para agendar ou conseguir consultas com estes especialistas.

Estas foram as principais descobertas da pesquisa “Como anda a saúde mental dos brasileiros”, realizada pela psicóloga e neuropsicóloga Thaís Quaranta, entre os meses de dezembro de 2018 e início de janeiro de 2019. A pesquisa foi feita por meio de um formulário online, com 941 pessoas, de todas as regiões do Brasil. Veja a pesquisa completa aqui.

Um dado chamou a atenção: 66% dos entrevistados já receberam um diagnóstico de algum transtorno mental. No ranking dos cinco principais transtornos estão: ansiedade 77%; 50% depressão, 42% estresse; 19% síndrome do pânico e 9% transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Isolamento é principal válvula de escape
A pesquisa revelou quais são as principais válvulas de escape dos brasileiros para lidar com a saúde mental. E se você pensa que uma delas é frequentar um psicólogo, está enganado!

No ranking das cinco principais estratégias para lidar com as emoções estão: isolamento com 59% das respostas; comer além da conta com 57%; dormir além do normal com 55%; usar a internet/redes sociais com 40%; e assistir maratonas de filmes e séries com 40%.

7 em cada 10 brasileiros estão insatisfeitos com a vida
E quando o assunto é saúde mental, é essencial entender como anda o nível de satisfação com a vida. A pesquisa revelou que 7 em cada 10 brasileiros se consideram insatisfeitos ou infelizes em relação a algum aspecto, como finanças e trabalho.

Apenas 18% da amostra afirma ser totalmente feliz e satisfeita com a vida. No ranking dos cinco principais motivos para a infelicidade/insatisfação estão: vida financeira (58%); trabalho (57%); aparência (46%); vida amorosa (40%), empatada com a saúde mental (40%).

9 em cada 10 brasileiros fariam psicoterapia
Segundo a neuropsicóloga que coordenou a pesquisa, os dados levantados são importantes para derrubar alguns mitos criados em torno dos cuidados com a saúde menta.

“As entrevistas revelaram que os motivos que impedem as pessoas de buscarem ajuda para seus problemas emocionais não estão ligados aos tabus ou ao preconceito em relação à saúde mental. O que realmente se torna uma barreira é a acesso a estes serviços”, comenta Thaís.

“Há alguns anos era comum pensar que ir ao psicólogo ou ao psiquiatra era algo reservado apenas para pessoas com problemas mentais mais graves. Porém, na nossa pesquisa, apenas 2% dos entrevistados fizeram essa afirmação, enquanto que 91% afirmaram que iriam nestes especialistas, caso pudessem ou precisassem”, ressalta Thaís.

Por fim, outro dado que chamou a atenção foi que embora 66% da amostra tenha recebido um diagnóstico de algum transtorno mental, apenas 15% faz psicoterapia.

“Isto comprova que o acesso, principalmente à psicoterapia, precisa melhorar. O tratamento para os transtornos mentais é multidisciplinar e nem sempre os medicamentos usados de forma isolada são suficientes para melhorar os sintomas e a qualidade de vida do paciente. As terapias complementares, como a psicoterapia, são tão importantes quanto o tratamento medicamentoso”, finaliza Thaís.

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