Saúde

Mitos e verdades sobre o câncer de pele; conheça os principais cuidados

O principal fator de risco é a exposição aos raios solares, mas há também causas genéticas hereditárias e não hereditárias

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O câncer de pele é o mais comum entre os brasileiros. São esperados para 2019 cerca de 180 mil novos casos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). O principal fator de risco é a exposição aos raios solares, mas há também causas genéticas hereditárias e não hereditárias que não necessariamente têm o sol como protagonista. Quando o assunto é prevenir a doença, há dúvidas sobre o que é mais eficaz e o que de fato é nocivo ou seguro para a saúde da pele. Com base nisso, o cirurgião oncológico e head do Centro de Referência de Pele do A.C.Camargo Cancer Center, João Duprat Neto, explica treze mitos e verdades relacionados ao tema câncer de pele.

1) É preciso se proteger dos raios solares em dias nublados?

Verdade. A emissão de raios ultravioletas independe de o céu estar ou não ensolarado. No caso de dias nublados, de nuvens claras e baixas, a insolação é menor – em torno de 40% – mas ainda assim é preciso se cuidar, principalmente em períodos maiores de exposição ao sol. Para se proteger, acessórios como óculos de sol e chapéu são úteis, além do filtro solar. Essas recomendações valem para todas as pessoas, principalmente para quem tem a pele muito clara (loiros e ruivos) e para aqueles que já foram diagnosticados com câncer de pele anteriormente.

2) O protetor solar é realmente importante na proteção da pele?

Verdade. O filtro solar é um dos principais modos de proteger a pele da emissão de raios ultravioletas (UVs), tornando-o um importante fator de prevenção do câncer de pele. Porém, seu uso deve ser feito corretamente: a aplicação deve ocorrer cerca de meia hora antes da exposição ao sol, para garantir melhor absorção na pele e deve ser reaplicado em cada duas ou três horas ou após se molhar. Décadas atrás, no entanto, a maioria dos filtros solares protegia somente da incidência de raios UVB, pois se acreditava que os raios UVA apenas bronzeavam a pele, sem causar danos. Posteriormente foi descoberta a relação do câncer de pele com a emissão de raios UVA e, atualmente, a maioria dos filtros solares garante proteção para ambos os tipos de raios.

3) Depilação a laser pode ser um fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pele?

Mito. O laser pode ser importante tanto na parte estética quanto na médica. Pode ser utilizado, por exemplo, na fototerapia, método terapêutico empregado quando há muitas lesões no paciente. No entanto, são técnicas distintas e que não devem ser utilizadas no tratamento de lesões cancerígenas.

4) Queimadura pode evoluir para câncer de pele?

Verdade. Esse tipo de dano na pele é comum e grandes queimaduras podem causar câncer. Nestes casos exige uma constante avaliação médica – principalmente em pacientes que apresentam uma ferida que demora a cicatrizar. Isso pode resultar em um tumor de pele até 30 ou 40 anos depois da lesão. Por isso, é recomendado o acompanhamento regular por um especialista.

5) O uso de creme bronzeador aumenta o risco de câncer de pele?

Verdade. Até mesmo os cremes bronzeadores mais modernos têm baixo fator de proteção. Quanto maior é exposição ao UVB, maior é o risco de câncer de pele do tipo basocelular, enquanto o UVA é mais relacionado com o surgimento de melanoma. Além disso, o bronzeador costuma ser usado sobre o protetor solar, impedindo que os raios solares sejam filtrados.

6) Existem formas seguras de bronzeamento artificial?

Mito. Toda a prática de bronzeamento artificial é nociva para a saúde, aumentando o risco de câncer de pele. É, inclusive, uma prática proibida no Brasil. Nesse procedimento se utiliza lâmpadas de UVA, que não causam queimaduras, mas elevam o risco de ocorrência de melanoma. Outro fator complicador é que o bronzeamento artificial é mais utilizado por pessoas que estão em grupos de risco para desenvolvimento de câncer de pele como os descendentes europeus do norte: alemães, ingleses, franceses, nórdicos e italianos do norte, por exemplo.

7) Todo câncer de pele é relacionado ao sol?

Mito. Embora a exposição sem proteção aos raios solares seja a principal causa de câncer de pele, há casos em que o componente genético é o principal desencadeador da doença. Geralmente, os casos motivados por um dano genético (não hereditário), ocorrem ao acaso, podendo acometer os afrodescendentes, por exemplo, em locais como a palma da mão, planta do pé e abaixo das unhas.

8) Câncer de pele do tipo não melanoma pode evoluir para melanoma?

Mito. São lesões distintas, que surgem em estruturas diferentes do corpo. Os três principais tipos de câncer de pele são: Carcinoma basocelular – é o mais prevalente, encontra-se na epiderme (camada superior da pele) e tem aparência de feridas ou lesões avermelhadas. Neste caso, podem ter sangramentos com pequenos "raspões". Carcinoma espinocelular – surge em células escamosas e também se manifesta como feridas. Na fase inicial possui lesão avermelhada semelhante a um eczema. Melanoma – é o tipo mais raro e também mais agressivo. Geralmente, tem aparência semelhante à de uma pinta, com alterações no formato, tamanho ou cor.

9) Quanto maior for a exposição ao sol, maior é a absorção de vitamina D e melhor é para os ossos?

Mito. Apenas dez minutos de exposição ao sol em horários de raios UVB mais intensos, como por volta de meio-dia, já são suficientes para uma melhor saúde dos ossos. Não é adequado pensar que quanto mais vitamina D o organismo tiver, é melhor. Pelo contrário, pois quando há excesso desse hormônio pode haver graves efeitos colaterais como insuficiência e cálculo renal, perda de apetite e irritabilidade. Outro alerta é o fato de que a vitamina D é produzida com maior intensidade ao se tomar sol das 11 às 13 horas, que é justamente o período no qual os danos à pele são mais intensos, aumentando o risco de câncer.

10) Há relação do câncer de pele com a hereditariedade?

Verdade. Entre 5% a 10% dos casos de melanoma são relacionados com alterações genéticas herdadas ao nascimento (hereditárias), sendo a mais frequente delas a mutação no gene CDKN2A. A ocorrência de casos de melanoma na família ou ter uma pessoa na família com mais de um diagnóstico pessoal de melanoma, pode indicar o encaminhamento ao serviço de oncogenética para acompanhamento com profissionais especializados, que inclui a realização de teste genético e mapeamento das pintas e demais sinais na pele por meio de dermatoscopia e outras tecnologias.

11) Há risco do tumor de pele se espalhar para outros órgãos?

Verdade: Os tumores de pele do tipo basocelular não causam metástase e essa é uma condição rara entre os tumores do tipo espinocelular. Por sua vez, o melanoma tem alto potencial de causar metástase. Para prevenir que o melanoma se espalhe é fundamental ser feito o diagnóstico precoce da lesão.

12) Por não haver o risco de metástase, alguns tumores basocelulares não precisam ser retirados?

Mito: Embora não se espalhem para outros órgãos, os tumores basocelulares podem ser agressivos no local da lesão, podendo causar danos estéticos irreparáveis.

13) Há relação entre infecção pelo vírus HPV e câncer de pele?

Verdade. O vírus HPV pode causar tumores na pele em regiões próximas aos genitais. São tumores de pele, principalmente, dos tipos espinocelular e basocelular escamoso. A vacinação contra o vírus HPV, disponível no Brasil nas redes pública e particular para meninos e meninas, atua também na prevenção do câncer de colo do útero, pênis, reto e tumores na região da cabeça e pescoço como orofaringe (garganta).

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