Daniela Cardoso
O Conselho Municipal de Transportes se reuniu na manhã desta quarta-feira (26) para avaliar os custos com o transporte público e apresentar os cálculos da nova tarifa de ônibus. A sugestão para o reajuste é de 3,38%. Desse modo, a passagem pelo cartão ViaFeira ficaria por R$ 3,60, enquanto a tarifa paga em dinheiro ficaria em R$ 3, 95. Os novos valores serão avaliados pelo prefeito Colbert Martins da Silva, que irá aprovar ou não.
Atualmente as passagens são R$ 3,48 com o cartão Viafeira e R$ 3,80 sem o cartão social. O preço da meia-passagem e da passagem dos distritos ainda não foi discutido. Já a tarifa social aos domingos e feriados será de R$ 1,91, isto é, metade da tarifa sem o cartão Viafeira. Segundo as empresas esse é o menor índice de reajuste desde 2013.
De acordo com o secretário municipal de Transportes e Trânsito e presidente do conselho municipal, Saulo Figueiredo, o novo valor apresentado foi baseado em um estudo através de uma forma paramétrica, que tem no contrato de concessão e é usada desde 2016.
“A fórmula leva em consideração o aumento com pessoal, o índice de inflação e a variação do preço do diesel para Feira de Santana. Não houve contestação por parte dos membros e a previsão de reajuste é de 3,38%, abaixo da inflação, a partir do mês de janeiro. A data será decidida pelo prefeito”, informou o secretário em entrevista ao Acorda Cidade.
Saulo informou ainda que, para 2019, a previsão é que as reuniões do conselho de transportes ocorram trimestralmente para tratar sobre diversos assuntos relacionados ao transporte em Feira de Santana.
José de Souza, vice-presidente do sindicato dos rodoviários de Feira de Santana, criticou o valor diferenciado da tarifa em dinheiro e no cartão. Segundo ele, os membros do conselho não têm poder de contestar, mesmo não concordando.
“Acho complicado essas duas tarifas. Acho um absurdo e acredito que a tarifa deveria ser padrão, única. Estamos com duas tarifas e acho que o prefeito deveria ter bom-senso e colocar tarifa única. Está na lei e não temos muito o que contestar. Os conselheiros só vêm para ouvir, o prefeito que define o que vai fazer”, disse.
O presidente da Casa do Estudante de Feira de Santana, Alessandro Falcão, também criticou o fato de os conselheiros não opinarem. Mas ele comemorou o fato do aumento da tarifa ter sido o melhor desde 2013. “O conselho quando foi mudado, a gente não tem mais opinião, as tarifas já vêm calculadas através de uma fórmula. Mas ficamos felizes, pois foi o menor reajuste desde 2013”, afirmou.
Claudinei Castanha, representante das empresas de ônibus, explicou como é feito o cálculo do reajuste desde o início do contrato com a prefeitura. “A tarifa inicial, quando as empresas ganharam a licitação, era R$ 2,85 e previa um reajuste anual sempre no mês de dezembro, através de uma fórmula. No primeiro reajuste, essa fórmula apontou um reajuste para R$ 3,18. Se pegar esse valor e atualizar até hoje vai chegar a R$ 3,75, que é o que está constando na nossa planilha. Na época de R$ 3,18, apesar de o prefeito ter reconhecido, decretou uma tarifa de R$ 3,10. Então essa diferença de 8 centavos, hoje está em 12. A prefeitura agora chegou a R$ 3,60, pois partiu dos cálculos em cima de R$ 3,10. Essa diferença está sendo discutida através de uma auditoria e entendemos que esse desequilíbrio terá que ser arcado pelo município”, afirmou.
Claudinei Castanha acrescentou que a única coisa que as empresas reivindicam é que atualmente cerca de 20% dos passageiros ainda pagam em dinheiro e consta em contrato que a tarifa em dinheiro pode ser de no mínimo 10% maior que no cartão. “10% em cima de R$ 3,60 vai chegar a R$ 3,96 e estamos pedindo que seja arredondado para R$ 4,00 por questão de troco. No último reajuste, a tarifa em dinheiro chegou a R$ 3,83 e nós aceitamos, por questão de troco, reduzir para R$ 3,80”, explicou.
Auditoria para verificar desequilíbrio financeiro
Devido ao desequilíbrio financeiro apontado pelas empresas de ônibus, a prefeitura de Feira de Santana está realizando uma auditoria. De acordo com o representante das empresas de ônibus, Claudinei Castanha, hoje, por exemplo, faltam cerca de 200 mil passageiros para chegar ao nível inicial que estava no contrato. Além disso, ele afirma que as empresas possuem acima de 20% dos passageiros com gratuidade.
“Do ponto de vista do contrato, temos que cumprir tudo que foi determinado pela prefeitura. Então as empresas operam dentro da normalidade contratual. A empresa entendendo que tem esse desequilíbrio, reivindicou. A prefeitura, para dirimir qualquer dúvida, contratou uma empresa para fazer a auditoria”, afirmou.
Com relação à operacionalização do BRT, Claudinei Castanha afirmou que contratualmente as empresas de ônibus terão que comprar os carros e operar o sistema, mas ele afirma que com a implantação do BRT vai ter que ser feita uma grande reformulação no sistema. “Vão ter linhas que serão extintas, outras criadas e outras diminuídas. Com isso teremos que buscar um equilíbrio”, disse.
Requalificação do centro comercial
O secretário municipal de planejamento, Carlos Brito, também participou da reunião. Ele falou sobre a requalificação do centro comercial e defendeu que quando se melhora a mobilidade, melhoram os engarrafamentos, que significa diminuição de custo.
“Se tem fluidez no tráfego, as empresas tem um custo menor, assim como o alternativo, e isso dá um melhor desempenho para que a gente tenha uma tarifa mais justa e sem reclamações. Hoje temos uma forma algébrica que nos diz qual vai ser o preço da tarifa e estamos com uma auditoria sendo realizada, com isso vamos ter o custo padrão e o custo real para saber se as empresas têm razão ou não para reclamar de prejuízos. A auditoria deve seguir até fevereiro e os relatórios finais devem ser apresentados em março. Vamos receber um relatório amplo que vai nos dar a radiografia do sistema de transporte em Feira de Santana”, afirmou.
Sales Barbosa
Carlos Brito informou ainda que existe a ideia para o calçadão da Rua Sales Barbosa de que tenha um piso em condições de ter fluxo de carros de serviço, como Samu, Bombeiros e carro da limpeza pública.
“Hoje se houver um problema no meio da Sales Barbosa, a ambulância do Samu não entra. Atualmente são 1.800 ambulantes cadastrados e o projeto tem o objetivo maior de melhorar o centro depois da relocação desses ambulantes. Os passeios estão degradados e precisamos melhorar”, afirmou.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.