Comportamento

Por que algumas pessoas não gostam de celebrar o Natal? Psicóloga explica

Segundo a psicóloga Marina Queiroz, isso pode acontecer por diversos motivos e varia de pessoa para pessoa.

Laiane Cruz

A celebração do Natal é um momento bastante esperado e de muita alegria para grande parte das pessoas. A ceia natalina, em família ou na companhia de amigos próximos, a troca de presentes, e todos os símbolos que cercam a festa do nascimento de Jesus, fazem desse dia algo especial, capaz até de renovar os sonhos e as energias para o ano vindouro.

Mas, apesar de tantas coisas boas que o espírito do natal evoca na mente e no coração das pessoas, há também quem sinta aversão ao período natalino e o que era para ser um dia alegre torna-se um verdadeiro sofrimento.

Segundo a psicóloga Marina Queiroz, isso pode acontecer por diversos motivos e varia de pessoa para pessoa.

“De modo geral, as pessoas que têm alguma aversão ao Natal a tem por registro de memórias, alguma situação que elas vivenciaram em algum Natal passado, em algum momento de suas vidas. É muito comum que isso esteja relacionado a questões familiares, a depender da estrutura familiar da pessoa, o Natal pode ser muito feliz ou pode ser uma ocasião para reencontrar os parentes e brigar também. E existem pessoas que perderam parentes no Natal”, afirmou.

FRUSTRAÇÕES

Outra razão para essa aversão ao Natal seria ligada ao poder aquisitivo das pessoas. “As pessoas, às vezes, no Natal, percebem que elas não podem fazer as viagens que todo mundo pode, que não pode comprar a ceia que todo mundo pode, as roupas que outras pessoas podem e, com as mídias sociais, isso fica ainda mais intenso, porque as pessoas comparam suas vidas com a dos outros, e isso pode desengatilhar uma sensação de inferioridade também”, avaliou.

Situações como as citadas pela psicóloga podem ser reforçadas no Natal, uma vez que neste período fala-se muito em reflexão, e cada pessoa precisaria olhar para dentro de si.

“Se a pessoa já tem um sentimento de inferioridade e, quando chega na festa do Natal, ela começa a se comparar e percebe que de repente a família dela não é tão harmoniosa quanto a do vizinho, a árvore de natal dela não está cheia de presentes em baixo porque nesse ano não teve dinheiro para comprar; começa a se sentir mal e pensa: para que Natal? Porque nessa festa do Natal, na verdade, o que eu vejo é a minha própria tristeza, minha própria incapacidade e impotência. Então também tem muito a ver com os apelos comerciais, que são algo diferente da proposta original do Natal, que tem a ver com o nascimento de Jesus, com pensar em ser e não em ter. Só que a gente percebe que o Natal perdeu, infelizmente, muito dessa originalidade, de interiorização, de você pensar sobre o amor e sobre outras coisas. Está sendo muito mais do ter, do ostentar, de que no Natal todo mundo tem que ter uma roupa nova. Isso pode causar desconfortos e para algumas pessoas o impacto disso é muito grande”, salientou a psicóloga.

COMO SUPERAR?

Para a psicóloga Marina Queiroz, as pessoas que acham que o Natal é uma festa tão triste precisam, acima de tudo, tentar identificar as razões que fazem da festa um momento tão triste, a fim de encontrar um caminho para a cura emocional. Essa ajuda pode partir da busca por um profissional de psicologia ou outra coisa que a ajude a ressignificar a festa.

“Não só a psicologia pode ajudar nisso, ela pode buscar qualquer caminho que faça com que ela olhe para dentro de si, veja o que é que dói nela em relação ao Natal e consiga ressignificar isso. Por exemplo, suponhamos que a pessoa tem tristeza no Natal porque faleceu alguém muito querido. Ela pode conversar com qualquer pessoa que possa lhe ajudar de verdade, e ela pode ressignificar isso, de modo que ela entenda que aquela pessoa ficaria feliz se ela se alegrasse a cada Natal, por exemplo. Essa é uma forma de ressignificação, mas em cada situação a pessoa vai ter que entender qual é o seu motivo e assim ressignificar.”

QUAIS PROVEITOS?

Marina Queiroz destacou ainda que o Natal pode trazer muito amor e sentimentos bons dos quais nós precisamos nos nutrir, através, por exemplo, do contato com os familiares, desde que seja algo harmonioso, que nos faz bem mentalmente e pode amenizar a sensação de solidão.

“A pessoa pode, estando perto dos familiares, de pessoas queridas, se sentir mais alegre, e uma dose boa de alegria pode fortalecer, inclusive, para o novo ano que vai começar. Ele dá mais ânimo para isso também. Nessa festa a pessoa pode se nutrir de bons sentimentos, das boas vibrações e isso pode trazer um benefício mental e emocional com certeza”, ressaltou a psicóloga.

MENSAGEM

“Que as pessoas busquem o sentido do Natal e que elas pensem mais no ser do que no ter durante o Natal. Que elas aproveitem esse momento para interiorizar de verdade, para olhar para dentro e que elas tenham convicção: você não é o que você tem, você é muito mais do que isso, você não é as suas roupas, você não é a cor da sua pele, nem seu poder aquisitivo. Você é algo muito mais profundo e maior, então conecte-se com quem você é de verdade, e aí você vai encontrar o sentido do Cristo, do Natal, do amor de verdade e, isso sim é o que faz a diferença, isso sim, é o que de fato é importante”, declarou Marina Queiroz.
 

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