A menos de duas semanas da posse, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, afirmou ontem (18) que todas as imagens e obras que fazem alusão à religião católica e às de matriz africana serão mantidas nos palácios do Planalto e Alvorada como estão atualmente. Segundo a Agência Brasil, ele fez a afirmação em dois momentos distintos ao longo do dia: de manhã e à noite. Bolsonaro disse que é católico e a mulher, Michelle, evangélica, mas ressaltou que o fato de terem credos distintos não causa divergência entre ambos. Ele disse que tem em casa uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, que ganhou ao visitar a cidade de mesmo nome no interior de São Paulo, e que Michelle não se incomoda. “Mentira [que a mulher dele vá retirar imagens sacras dos palácios]. Aqui em casa tem uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, que eu ganhei quando estive lá, e minha esposa não falou nada. Eu sou catóilico e ela é evangélica. E ela não falou nada”, disse Bolsonaro em "um vivo" que fez pelas redes sociais e que durou pouco mais de 10 minutos. “Nós nos respeitamos.”
A reação ocorre um dia depois de o jornal Folha de S.Paulo publicar matéria informando sobre a possível intenção da futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro, de retirar obras de arte e imagens com simbologia católica da residência oficial. A reportagem informa que, por ser evangélica, Michelle teria mencionado intenção de retirar um par de tocheiros com imagem de anjos barrocos, na biblioteca, e quatro estátuas de santos nas salas de música e de estado. “Não por acaso, criam narrativas para nos desgastar a todo custo”, lamentou Bolsonaro na rede social. Mais cedo, pelo Twitter, o presidente eleito disse ter sido surpreendido com a notícia que sua esposa retiraria imagens católicas da futura residência oficial por causa de sua religião. "Ela é evangélica e eu, católico, ambos temos objetos que lembram nossa fé em nossa casa”, escreveu Bolsonaro.
Hábitos
Neste período de transição de governo, sempre que estão em Brasília, Bolsonaro e Michelle têm usado a residência oficial da Granja do Torto. Ainda não há uma decisão oficial sobre qual será a escolha da família após a posse, no dia 1º de janeiro de 2019. No fim do mês, o presidente eleito deve se mudar para a capital federal definitivamente para cumprir os próximos quatro anos de mandato. Bolsonaro volta à cidade nesta quarta-feira (19) para a primeira reunião ministerial com sua equipe completa. Os 22 ministros indicados por ele deverão estar presentes à reunião na Granja do Torto.