Polícia

R$ 364 mil encontrados com taxista eram fruto de 15 anos de trabalho, diz advogado

Para advogado Walter Fernandes, foi um exagero da polícia atribuir o dinheiro encontrado no veículo como fruto de lavagem de dinheiro.

Laiane Cruz

O advogado Walter Fernandes Júnior, que foi constituído pelo taxista Francisco Pinto da Cruz, preso na última quarta-feira (5), com R$ 364,447 dentro do veículo, no bairro Tomba, na área do Centro Industrial do Subaé (CIS), informou em entrevista ao Acorda Cidade que o seu cliente jamais se envolveu em qualquer tipo de crime, e a quantia, apontada pela polícia como fruto de lavagem de dinheiro, era proveniente de um acúmulo de 15 anos de trabalho do acusado.

No momento da abordagem, o taxista estava acompanhado de outra pessoa identificada Ronaldo Vitorino da Silva, 40 anos. Eles não explicaram a origem do dinheiro e informaram que teriam que depositá-lo, no entanto não informaram o titular da conta.

“Francisco é um homem multitarefas. Trabalha como taxista, faz caixa com outras pessoas, seja por mês ou por semana e, às vezes, recolhe uma quantia considerável de dinheiro. Além dessas atividades, ele também trabalha com corretagem de imóveis e, assim como muitos corretores, com a venda de um terreno, pode ganhar até trezentos, quatrocentos mil reais. Francisco trabalha com isto, com vendas de carro, compra e vende carro de leilões, então este dinheiro é o acúmulo que ele vinha juntando ao longo da vida, assim como ele declarou na delegacia. Foi fruto de um trabalho de quinze anos”, justificou o advogado.

Para Walter Fernandes, foi um exagero da polícia atribuir o dinheiro encontrado no veículo como fruto de lavagem de dinheiro, uma vez que para existir esse tipo de crime deve haver um fato punível, elencado na lei, como um ato de terrorismo ou tráfico de drogas, por exemplo.

“Não tem qualquer indício deste trabalhador ter praticado qualquer destes crimes, e o delegado o flagranteou no artigo primeiro, inciso segundo, que fez menção que ele estaria envolvido no tráfico de drogas, sem que ele tenha cometido alguma contravenção na vida, que dirá um crime.”

Segundo o advogado, o cliente levava a quantia no carro, pois iria viajar para outra cidade a fim de passar os festejos natalinos e foi aconselhado por amigos a guardar o dinheiro em um banco. Após o flagrante, o dinheiro foi depositado, através de um DAI, no Banco do Brasil e o suposto crime vai tramitar na Justiça Federal e dependerá do entendimento do juiz.

“Enquanto advogado, eu posso dar a minha opinião, eu entendo que este dinheiro será restituído, porque é um dinheiro lícito. Não há nenhum indício que ele tenha praticado algum crime. O mero flagrante com a quantia, em tese, considerável não dá a entender que ele praticou lavagem de dinheiro”, reiterou.

O advogado alegou ainda que Francisco ficou apreensivo durante a abordagem. “Eles estavam em uma diligência, perseguindo um mototaxista que tinha indício que estava praticando ilícito, e no momento da abordagem, Francisco ficou nervoso, então foi feita a revista, que não foi autorizada, e foi quando encontrou esse dinheiro na mochila dele, que só trouxe prejuízo na vida deste rapaz.”

O taxista participou ontem (6) de uma audiência de custódia, porém não foi liberado, e o caso foi remetido para a Vara Especializada de Combate à Lavagem de Dinheiro, em Salvador.

 

Com informações e fotos do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade.

 

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