Feira de Santana

Em crise, taxistas discordam do uso da bandeira 2 no mês de dezembro; cobrança a mais é opcional

O uso da bandeira 2 pelos taxistas em dezembro funciona como um décimo terceiro.

Laiane Cruz

Com a categoria em crise, alguns taxistas de Feira de Santana não viram com bons olhos a liberação do uso da bandeira 2 durante o mês de dezembro. A solicitação da medida foi feita pelo Sindicato dos Taxistas (Sincaver) e autorizada pela prefeitura através de um decreto. Passou a valer desde o último sábado (1º) e vai até o dia 31 deste mês, como uma espécie de décimo terceiro para esses trabalhadores no final de ano.

Apesar da possibilidade de cobrar mais pelas corridas, o taxista Fábio Vacarezza avalia que o momento não é favorável para a categoria, que segundo ele, passa por dificuldades devido à concorrência com os aplicativos de transporte.

“Estamos concorrendo com os aplicativos e afugenta o passageiro essa notícia de que vai ter bandeira 2 no mês de dezembro. Estamos passando por várias dificuldades pra assumir os compromissos e isso não nos alegra em nada. Outra questão é que a classe não foi consultada sobre isso, o sindicato fez a solicitação por conta própria”, reclamou o taxista.

Ele afirmou que faz parte de um grupo de taxistas que também aderiram a um aplicativo e que boa parte deles é contra o uso da bandeira 2.

“Eu faço parte de um aplicativo da cidade que tem cerca de 300 taxistas associados. Conversamos com eles e praticamente um terço dos profissionais, só nesse aplicativo, é contra a liberação de bandeira 2 no mês de dezembro, haja vista que no aplicativo a gente trabalha com desconto de 40% na bandeira 1”, disse.

Fábio Vacarezza alegou ainda que apesar do aumento no preço dos combustíveis e outros reajustes, foi preciso diminuir o lucro para que a população pudesse continuar utilizando o serviço de táxi. “Nós estamos nos adaptando à nova realidade, que são os aplicativos.”

O taxista Ailton Gonçalvez, que há oito anos atua na área, também concorda em não utilizar a bandeira 2 no mês de dezembro. E o colega Manoel Messias, que há 10 anos dirige táxi, avalia que essa situação está acontecendo porque a praça está defasada.

“A gente quase já não utiliza o taxímetro. O passageiro quando vem já pergunta quanto é o preço para tal local e não tem como a gente trabalhar com a bandeira 2 se a gente não está nem trabalhando com o taxímetro na bandeira 1. Isso só vai colocar os passageiros pra correr para os aplicativos.”

Opcional

O presidente do Sincaver, Liomar Ferreira, destacou, em entrevista ao Acorda Cidade, que respeita a opinião dos colegas de profissão, mas acredita que eles não estão avaliando bem o valor do seu trabalho.

“Eu respeito a opinião das pessoas, mas eu imagino que elas não devem estar fazendo conta daquilo que precisa ser a remuneração do trabalho de cada um. Acho que taxista, como prestador de serviço, tem que ter uma tarifa que remunere o trabalho e a manutenção do veículo, pois a sociedade cobra”, disse.

Além disso, segundo o sindicalista, o uso da bandeira 2 em dezembro é opcional. Nenhum taxista é obrigado a utilizá-la caso não queira.

“Nós podemos ter uma parcela dos taxistas que possam se dizer contrários à utilização da bandeira 2 nesse período. O uso da bandeira 2 autorizado não obriga nenhum taxista a utilizar. Ele está habilitado a fazer o uso, mas se entender que pode negociar com o cliente de que não é bom pra essa relação, pode fazer uso da bandeira 1 normal”, explicou.

Liomar Ferreira lembrou ainda que, após o dia 31 de dezembro, os taxistas deverão voltar a utilizar a bandeira 2 somente nos dias previstos em decreto, que são de segunda a sexta a partir das 20h até as 6h do dia seguinte, e aos domingos e feriados.


Com informações e fotos do repórter Paulo José do Acorda Cidade.

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