Bárbara Maria
Em uma sala de aula da educação básica é possível encontrar alunos que aprendem qualquer assunto de forma bem rápida e outros que não conseguem acompanhar o ritmo dos colegas. No geral, todos correm o risco de tirar nota baixa uma vez ou outra. Mas, quando isso ocorre com frequência, pais e responsáveis devem ficar atentos. E caso o diagnóstico de dificuldade de aprendizagem seja confirmado, intervenções se tornam necessárias. Acompanhamento psicopedagógico, psicológicos e até uso de medicações controladas são alguns dos recursos possíveis. Mas há também tratamentos alternativos, como o Neurofeedback.
A técnica não é invasiva e permite treinar diretamente o cérebro, equilibrando o seu funcionamento e melhorando a capacidade de concentração, atenção, memória e, por consequência, a autoconfiança. O psicólogo especializado em Neurofeedback Yuri Wolff explica que as pessoas não têm capacidade para saber o que ocorre com o seu cérebro quando estão realizando alguma atividade. Com essa técnica – que observa as ondas cerebrais – é possível enxergar ao vivo o que está acontecendo com o cérebro ao realizar alguma ação. “Através do condicionamento operante, ocorre o processo de aprendizagem, que tem uma consequência direta no comportamento do indivíduo”.
Desenvolvido há mais de 50 anos, o Neurofeedback consiste, inicialmente, em analisar o funcionamento do cérebro. Afinal, o centro das atenções é o cérebro, órgão vital localizado dentro da caixa craniana, que comanda os pensamentos, memórias, humores, emoções e comportamentos, como um maestro de uma orquestra. A partir de uma avaliação fisiológica de Eletroencéfalografia (EEG) é que o profissional vai verificar as disfunções que podem ser trabalhadas. Segundo Wolff, o cérebro tem diversas áreas e cada uma delas é responsável por uma função no funcionamento do corpo. “Se um cliente precisa relaxar para fazer uma prova, existem lugares específicos do cérebro responsáveis para ajudar a estabilizar o seu humor e aquietar seu corpo”, exemplificou.
Conectado a um computador, o paciente tem suas ondas cerebrais medidas em tempo real com ajuda de eletrodos e equipamento de última geração. O processo não é invasivo e totalmente indolor porque não há corrente elétrica vindo do aparelho para o sujeito. Com crianças, o atendimento também é realizado de forma lúdica, ou seja, utilizando jogos, vídeos e brincadeiras. Desta forma, o treinamento cerebral é visto pela criança como um jogo, onde ela tem o objetivo de atingir pontos. “O paciente fica sentando em frente ao computador, coloco os eletrodos em lugares do cérebro que precisamos trabalhar e a pessoa terá acesso a um vídeo, música ou jogo. Em seguida, peço que ela siga os feedbacks positivos, caso o mesmo esteja atingindo a frequência necessária receberá respostas positivas em suas ações”, explicou.
Cada paciente precisará de um protocolo diferente dependendo da sua situação pessoal e necessidades. O Neurofeedback é muito útil no tratamento de depressão, enxaquecas, transtornos obsessivos compulsivos, insônia, memória e principalmente crianças com TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade. De acordo com a necessidade de cada caso, será definido um protocolo personalizado contendo o número de sessões a serem realizadas. Em geral, são necessárias, no mínimo, 20 sessões.
O treinamento cerebral acontece em sessões terapêuticas individuais. “Junto ao trabalho fisiológico, também criamos com o paciente alguns objetivos para que esse sujeito entenda o que está mudando na sua vida comportamental. Esses objetivos precisam ser alcançáveis, observáveis e alinhados com o trânsito biológico”, pontuou o psicólogo.
Segundo Yuri, profissionais de saúde, como médicos e psicólogos, podem se especializar no Neurofeedback, ferramenta que tem se tornando cada vez mais conhecida. “Existem muitas pessoas que vão ao médico em busca de solução de suas questões buscando remédios, mas também, vemos pessoas que não querem aderir a esse tipo de tratamento por conta dos efeitos colaterais. No Neurofeedback, a mudança vem do próprio sistema”, destaca. Em 2013, a Associação Americana de Pediatria passou a recomendar o Neurofeedback como primeira alternativa aos pacientes com Déficit de Atenção. Quem experimenta a técnica sente as vantagens do método ainda pouco conhecido no Brasil.