Rachel Pinto
Com a determinação legal de que as escolas estaduais deixem de oferecer o ensino fundamental e ocorra o encerramento gradativo das séries iniciais nas escolas da rede e assim elas passem a ser municipalizadas, várias escolas de Feira de Santana que passarão por esse processo, através de professores, alunos e pais demonstraram que são contra o encerramento das atividades.
Nesta semana foram registradas várias manifestações e protestos contra o que determina a lei federal. Na manhã desta quarta-feira (7), foi a vez da Escola Estadual Ernestina Carneiro, localizada no bairro Rua Nova. Alunos e professores se mobilizaram para mostrar que estão lutando contra a municipalização.
A aluna Bianca Oliveira, que estuda há dois anos na unidade escolar, considera o encerramento das atividades uma falta de consideração tanto com os estudantes como com os funcionários. Para ela, essa decisão vai prejudicar muito os alunos do turno noturno.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
“Vai ser muito desgastante. Pessoas que trabalham o dia todo, por exemplo, e estudam à noite terão que procurar outro lugar para estudar. Talvez até outro bairro”, disse.
O professor Eduardo Lobo comentou que a informação da municipalização chegou até a escola há duas semanas. Ele declarou que todos foram pegos de surpresa e essa mudança pode implicar na suspensão de projetos estruturantes que são desenvolvidos pela escola.
“Essa municipalização acarreta muita coisa. Não só o fim do vínculo de alguns professores que têm vinculo temporário, como também o fim de vários projetos estruturantes com vínculos diretamente ligados ao estado. O município não vai arcar com isso”, frisou.
Kelly Cristina Matos, que é vice-diretora da Escola Estadual Ernestina Carneiro, declarou que sabe das dificuldades enfrentadas com a educação do município e acredita que a municipalização não terá condições de atender as demandas dos alunos. Ela frisou que todos os professores estão preocupados com essa situação, principalmente porque a escola tem 52 anos de existência, faz um trabalho de excelência, que se reflete inclusive na aprovação de alunos em processos seletivos como o do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA).
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
“Temos todo um trabalho e não podemos aceitar de braços cruzados que os funcionários tenham que deixar a escola. Existem muitas informações distorcidas e o que nós sabemos é que a rede municipal optou por escolher as escolas com melhor estrutura e a nossa escola foi escolhida. Nos três turnos temos quase 700 alunos e sabemos que a rede municipal não tem condições de atendê-los. Por isso estamos na luta para que a nossa escola não seja municipalizada”, concluiu.
Câmara de Vereadores
Nesta quarta-feira (7), o assunto da municipalização voltou a repercurtir na Câmara Municipal de Vereadores e o vereador Luiz Augusto (Lulinha) do DEM chamou a atenção para que o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (APLB) e o deputado estadual José Neto (PT) se posicionem sobre o assunto.
“O município já respondeu que não terá condições de agregar todos esses alunos onde o governo do estado promoveu o fechamento das escolas. São 16 escolas fechando e temos a informação que mais uma também fechará. A APLB não pode se calar. Se fosse o município que tivesse fechado já tinham acontecido manifestações”, afirmou.
Para Lulinha, o fechamento das escolas estaduais pelo governo do estado é uma espécie de retaliação do governo do estado por ter perdido em Feira de Santana para o governo do estado para o ex-prefeito José Ronaldo de Carvalho.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.