Daniela Cardoso
De volta a Feira de Santana após uma viagem a Brasília, onde conversou sobre emendas parlamentares para a cidade, o prefeito Colbert Martins da Silva Filho, em entrevista ao Acorda Cidade nesta quinta-feira (1º), falou sobre os resultados das conversas que teve no Distrito Federal, fez uma avaliação sobre as eleições 2018 e as expectativas para a gestão do presidente eleito Jair Bolsonaro. Ele também falou sobre sua postura no MDB e a necessidade de mudança no partido.
Permanência no MDB
Ao Acorda Cidade, Colbert afirmou que pretende permanecer no MDB, mas que deseja a mudança do partido. Segundo ele, as urnas disseram muito este ano, e a população está desejando uma mudança nos partidos e nos políticos brasileiros. Ele afirmou que, caso o MDB não mude, quem vai mudar é ele.
“Espero que o partido mude, se não quem muda sou eu. Mas acredito muito na perspectiva de mudança, as urnas disseram muito. Tem que começar tudo de novo. Espero mudança de rumo, mudança de discurso, de pessoas, tem que mudar pra valer. Temos que ter a humildade de saber que é preciso fazer isso. O partido encolheu porque perdemos o rumo. As pessoas à frente do nosso partido precisam ser renovadas, devemos perseguir isso. Se Lúcio Vieira Lima continuar na liderança do partido, vou avaliar se vou continuar ou não. É preciso ter rumo. Qual o discurso do MDB nessa eleição? Não tivemos. Temos que ter lado e precisamos nos renovar”, destacou.
Questionado se foi convidado pela deputada federal eleita Dayane Pimentel para integrar o PSL, assim como ocorreu com o ex-prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo de Carvalho, Colbert Martins disse que o convite não aconteceu. “Conversei com a Dayane, mas não fui convidado para ir para o PSL. A aproximação é muito bem-vinda e não há dificuldade em conversar”, disse.
Colbert afirmou ainda que não está analisando necessariamente uma mudança de partido, já que, segundo ele, os partidos estão em cheque no Brasil. “Bolsonaro foi eleito não por ser novo, ele tem 28 anos na política, ele interpretou um sentimento, uma ideia, uma linha. Então eu espero que se tiver que mudar, vou mudar sim nessa nova formatação política do momento”.
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Eleição de Bolsonaro
Com relação à eleição de Jair Bolsonaro, o prefeito de Feira de Santana considera que foi uma decisão do povo e voltou a falar do desejo de mudança. “As pessoas querem a mudança de rumo. O que posso esperar é que ele seja um bom presidente. Eu votei contra o PT. Era necessário a mudança e eu não tinha outra alternativa a não ser votar em Bolsonaro. Acho que o Brasil precisa ter fé em fazer mudança. O povo quer isso”, destacou.
Investimentos na zona rural
Após críticas do vereador Zé Curuca, do Democratas, na Câmara Municipal de Feira de Santana, onde afirmou que a prefeitura abandonou os distritos da cidade e por isso perdeu na zona rural nas últimas eleições, Colbert afirmou que se surpreendeu, especialmente porque o distrito de Humildes, que Zé Curuca representa, teria recebido “diversos investimentos”.
“Os investimentos aconteceram e se nós não soubemos traduzir esses investimentos com a população está na hora da gente corrigir nosso rumo. Respeito a opinião do vereador, mas ele também tem uma responsabilidade, pois a maioria dos cargos no distrito são dele. Em alguns distritos pessoas apoiadas por vereadores tiveram muito mais votos que o próprio Zé Ronaldo. Não sei exatamente o que aconteceu, mas vou procurar saber. É obrigação nossa saber que as urnas deram o recado e estou avaliando ainda por que perdemos”, afirmou.
Vereadores insatisfeitos
Também na Câmara Municipal, o vereador Zé Filé (PROS) fez críticas ao relacionamento do prefeito Colbert Martins com os vereadores. Ele citou que há uma dificuldade em conversar com o prefeito e pediu que Colbert ‘abra os olhos’, “pois ano que vem seus vereadores vão mudar de lado”. Colbert respondeu que não há dificuldades com os vereadores e que o discurso de Zé Filé faz parte da oposição.
“Não há dificuldade no relacionamento com a Câmara, atendo a todos que me procuram. O que tenho é um nível de quantidade de pessoas que eu possa conversar no meu gabinete. Eu resolvo os problemas e atendo todas as pessoas. É uma questão de trabalho e não adianta ir todos de uma vez. Ele está na oposição e é função dele fazer esse tipo de avaliação. Espero que ele erre nessa previsão no ano que vem”, disse.
Asfaltamento em ruas da cidade
O prefeito Colbert Martins também falou sobre o asfaltamento em ruas da cidade. Ele informou que já conseguiu os recursos, mas que a empresa entrou com uma contestação e os trâmites legais estão atrasando. “O balaio legal que envolve tudo faz as coisas demorarem mais do que a gente gostaria. Não começamos ainda, pois estamos tentando nos desvencilhar dessas amarras legais”.
Visita a Brasília e emendas parlamentares
De acordo com Colbert, a visita a Brasília foi muito produtiva com muitos contatos com bancadas e com comissões. Ele afirmou que são vários tipos de emendas, mas preferiu não adiantar todos os contatos feitos. Ele disse que vai esperar os resultados, já que hoje é o último prazo para a solicitação e pode ocorrer alguma mudança.
“As ofertas maiores são nas áreas de segurança pública, saúde e infraestrutura urbana e na zona rural. Emendas de bancada foram aprovadas, são seis temas e nas divisões poderemos participar delas. O deputado Irmão Lázaro, por exemplo, me garantiu investimentos para Feira de Santana. Estive no Ministério dos Esportes, com um projeto de pequenas arenas, e também na área de saúde para prevenção de doenças em pessoas com deficiência, mas prefiro não adiantar”, disse.
O prefeito Colbert ainda afirmou que Brasília mede a quantidade de recursos que manda para as cidades, de acordo com sua representação parlamentar. Ele alertou que Feira de Santana precisa aumentar sua representatividade. “No ano que vem são dois deputados federais que representam a cidade, Dayane Pimentel e Zé Neto e é preciso que tenhamos o tamanho de Feira de Santana representada no congresso federal”.
Colbert acrescentou ainda que já conversou previamente com os dois representantes da cidade e que tem boa relação com eles. “Ambos só vão ter a possibilidade de fazer emendas parlamentares no final do ano que vem. Tenho uma relação institucional respeitosa e vou estar sempre conversando com os dois”.